TERRA NATAL

Por Lourdes Neves Cúrcio | 08/07/2009 | Poesias

Que saudade de suas serras

Dos pés descalços na terra

Da água tão cristalina

Das cachoeiras e fontes

Das veredas e dos montes

Do luar que me fascina!

 

 

Cidade repleta de graça

Com a garotada na praça

No clube há sempre dança

O trenzinho faz a festa

Que saudade hoje me resta

Dos meus tempos de criança.

 

 

Terra de solo fecundo

De amores mais profundos

Onde eu vivia feliz

Com as coisas daquele rincão

O apito do trem na estação

Os sinos da Igreja Matriz.

 

Saudades da juventude

Dos anseios, da inquietude...

Das melodias da outrora

De minha família, meu lar

E do imenso pesar

Que senti ao ir embora.

 

 

O tempo não vai mais voltar

Por isso faz bem relembrar

Os dias da felicidade

E da imensa euforia

Que pude viver um dia

Na minha querida cidade.

 

O verde aqui tão escasso

Lá ocupa todo espaço

A preservar e envolver

A cidade interiorana

Acolhedora e humana

Que um dia me viu nascer.

 

O céu límpido e azulado

De nuvens brancas rendado

Num lindo e perfeito contraste

Não é como o céu cinzento

Que vejo a todo momento

Com fumaça em toda parte.

 

 

O ar é puro e cálido

O viver é mais seguro

Sem a sombra da impaciência

Que me deprime e apavora

Na vida que levo agora

Tão cercada de violência.

 

A mente na mais apaga

E a saudade ainda vaga

Mas de uma coisa hoje eu sei

Trago a nítida lembrança

Dos meus tempos de criança

Na terra que sempre amei.

 

Pudera eu lá viver

E à saudade não me ater

Reviver os bons momentos

Sentar-me no banco da praça

Ouvindo a banda que passa

Para meu deleite e contento.

 

Sentir o cheiro da mata

Rever as lindas cascatas

Pelos vales e campinas

Poder correr novamente

Apreciar o sol poente

E as belezas lá de Minas.

 

 

Ver coretos e capelas

Suas praças e vielas

Sentir o calor humano

Daquela gente hospitaleira

Da minha cidade mineira

Que um dia deixei por engano.

 

 

Quero apreciar o rochedo

Emaranhar-me no arvoredo

Dar vazão a minha ânsia

Cantar cantigas de roda

Que aqui já saíram de moda

Rever os amigos de infância.

 

 

Contemplarei o cenário

Ouvindo o som dos canários

Ficarei por conta disso

Apenas matando a saudade

Da vida na minha cidade

Sem dar trela aos compromissos.

 

Já me sinto em viagem

Descortinando a paisagem

Num fascínio sem igual,

Eis que surge altaneira

Minha cidade mineira

A minha terra natal!