Teoria de Governo em Jean Bodin.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 20/10/2012 | PolíticaJean Bodin.
1530-1596.
Nasceu na França, filosofo e jurista, autor de um livro famoso, República, que representava a mentalidade do seu tempo, o que seria hoje um pensamento reacionário.
Ele defendeu a seguinte tese, referente ao poder político, o conceito de soberano ligado à realeza por natureza era eterno, essa determinação vinha exatamente de Deus.
O poder político era perpetuo e soberano, absoluto, a justificativa era divina. Isso porque o rei representava a imagem de Deus.
Bodin viveu em pleno iluminismo, período em que representou a mudança de uma forma de Estado a outro, a superação do Antigo Regime, a mudança do feudalismo em beneficência a burguesia nascente, os servos deixavam e ter uma função produtiva em seu lugar nascia o proletariado.
Ele até entendia o etimologia República no seu exato sentido clássico, aquilo que significa coisa pública, que vem exatamente do latim res=coisa.
Mas não aceitava a nova mentalidade nascente ou seja a superação de uma visão de mundo teocêntrica para o antropocentrismo.
Ele não admitia outra forma de governo se não fosse à monarquia, por ser a única forma que a autoridade representa de fato os interesses de Deus aqui na terra. Naturalmente que isso era uma ideologia do seu tempo histórico.
Se analisarmos a história, percebemos que o passado em relação ao futuro é sempre uma determinação ideológica. Nesse aspecto o presente também corresponde a essa análise.
Então para Bodin a forma única de governo admitida só seria possível racionalmente à monarquia, na qual a soberania teria que ser necessariamente absoluta, se concentrava naturalmente na figura do príncipe.
Qualquer outra forma de poder ou modelo de Estado era diabólico. Demo que significa povo, e povo que poderia significar satânico, cracia poder, isso significava para Bodin numa conceituação epistemológica, o conceito de democracia, o poder satânico, o que nascia com a burguesia, formulado pelos novos ideólogos, os filósofos iluministas.
Bodin foi um estudioso de Aristóteles e consequentemente de Tomás de Aquino, o mesmo modelo defendido por São Tomás, afirmava, com efeito, Jean Bodin, ser a monarquia o regime mais correto de acordo com o fundamento das coisas.
Seu fundamento era simplificado, sem teoria política formulada com consistência, dizia ele, no mundo é natural à família ter apenas um chefe, o pai. No céu existe apenas um sol, no universo existe um só Deus criador.
Ele nunca entendeu que nas sociedades existiram diversidades de deuses, que a ideologia de um Deus único foi fruto da concentração do poder. Fato exatamente do estabelecimento nobre nos Estados antigos.
Dessa forma argumentava ele em defesa da sua teoria do absolutismo, é mais que lógico e justo, que a soberania, força de coesão social do seu tempo, seja realizada naturalmente na monarquia, centralizada totalmente na pessoa de um princípio que é sagrado por Deus, questionar a soberania seria como ofender ao próprio Deus, isso era inadmissível politicamente.
Mas o pensamento de Bodin não era de tudo apenas reacionarismo, tinha algumas medições do mundo moderno nascente, como produto da filosofia iluminista.
Vejamos outras defesas da sua parte, a Monarquia não podia ser confundida, com um governo tirânico, se não era democrático não poderia ser totalmente absolutista. O monarca não tinha direito de desprezar as leis da natureza, abusar das pessoas livres ou até mesmo dos escravos.
Tinha que respeitar a propriedade privada, nas palavras dele mesmo, escreve não pode fazer uso dos bens das pessoas como se fossem da própria realeza.
O Estado, de certa forma não pertencia totalmente à nobreza, como se o rei fosse o próprio Estado, visão anterior de absolutismo.
Essa mudança era relativamente contraria ao absolutismo posteriormente que passou a fazer parte do conceito que denominamos de depostas esclarecidos.
Quanto as leis divinas e leis naturais todos os príncipes da terra estavam sujeitos, não está em seu poder transgredi-las, dentro dessas leis afirmava Bodin, destaca de modo particular o respeito que Estado sempre precisou de ter em relação ao direito a liberdade das pessoas.
Mas também, com certo espírito burguês, desenvolvido na sua teoria de Estado, formulou Bodin, a propriedade privada era sagrada, de um modo geral todas as formas de riquezas ou bens materiais.
Edjar Dias de Vasconcelos.