Teoria da escola enquanto aparelho ideológico do Estado.

Por Gilson Lopes da Silva Junior | 24/01/2014 | Educação

1.Teoria da escola enquanto aparelho ideológico do Estado.

O desígnio do educandário é a aprendizagem dos educandos. Neste significado, todos os abrangidos com ela, pais e sociedade em geral, carecem unir valores no sentido de que o educando possa arquitetar o seu conhecimento da forma mais harmônica plausível.

De tal modo é que Estado, educandários, instituições universitárias, instituições religiosas, entre outras, até de modo recente, contrastavam em ultrapassar os limites de seus muros. A cultura desenvolvida em cada instituição impedia influências e intercâmbios horizontais ou transversais entre elas. Como implicação desse perfil institucional, o exemplar de gestão reduziu-se a um comando e controle sustentados no gerenciamento de aberturas normativas, ações, recursos e resultados, em que princípios como centralismo, autoridade e verticalidade dificultavam a adoção de concepções, formas de relações e de modelos alternativos. (LÜCK, 2000).

A sociedade moderna é composta por uma classe dominante, ricos e poderosos burgueses que dominam os capitais financeiros detentores da produção industrial, os abastados industriais manipulam o poder estatal, a grande maioria possui funções ou cargos administrativos políticos detendo e centralizando a máquina estatal conforme seus intereses. O domínio do Estado está relacionado com os grandes interesses da burguesia, o Estado impõe aparelhos ideológicos que servem para repremir, orientar, manipular e controlar as massas, sejam os ideológicos escolar, religioso, jurídico, familiar, político, sindical e da ciência. Encontramos uma segunda linha ideológica estatal para manipular e controlar as massas segundo o interesse burgues, a repressão que funciona no limite da violência facilitando o controle total ideológico da polítca de governo.

Segundo Althusser suas ideias são norteadas em redor do domínio estatal que a escola propões sobre as classes subalternas, a escola seria segundo Althusser o grande regulador e controlador das massas, o sistema de ensino seria responsável para preparar mão de obra para as indústrias, caracterizando a ideologia da alta burguesia que está no domínio econômico e político.

As classes subalternas são consideradas peças de reposição e mão de obra para as classes dominantes, o interesse das elites é manter a ordem e o controle total dos proletariados que são maciçamente meros trabalhadores que enriquecem os ricos industriais, o capitalismo se desenvolve em torno da miséria dos operários e excluídos, não é novidade a máquina estatal realizar manipulação de aparelhos ideológicos para nutrir totalmente sobre suas mãos a classe trabalhadora. Servir, obedecer, seguir, não questionar, aceitar são termos inerentes que as massas precisam conhecer e praticar para terem seus locais garantidos dentro do parametro social, os que não se encaixam nesse perfil, são considerados excluídos do sistema político e social.

A educação é um grande instrumento para reger essa sincronia, a riqueza do capitalismo deve ser gerida continuamente sem interrupções, o sistema pedagógico pode associarsse ao modelo de produção capitalista burguês e doutrinar as massas conforme interesses de poderosos industriais.

[...] papel de explorado (com ‘consciência profissional’, ‘moral’, ‘cívica’, ‘nacional’e apolítica ‘desenvolvida’); papel de agente de exploração (saber mandar e falar aos operários: as ‘relações humanas’), de agentes de repressão (saber mandar e ser obedecido ‘sem discussão’ ou saber manejar a demagogia da retórica dos dirigentes políticos), ou profissionais da ideologia (que saibam tratar as consciências com o respeito, isto é, com desprezo [...]) (ALTHUSSER, 1970, p. 65).

Segundo Althusser, o modo radical de impor determinados conhecimentos são agentes reguladores das massas, impondo sempre o respeito pelos valores da ética e da nação (conforme a visão dominante local), regras capitalistas são impostas no sistema pedagógico de ensino, valores de interesses nacionais também são mencionados como instrumentos de controle social que controlam as massas.

Lois Althusser associa a visão ideológica de Marx onde o teórico afirma que a escolar é uma “escrava” fiel do regime capitalista, o regime pedagógico é mascarado a favor das classes dominantes, retirando os resquícios indesejaveis que poderiam desenfrear o poder dominate da classe burguesa sobre as massas. A escola seria um intrumento visível para interesses da burguesia que controla o poder político estatal, por sua vez a política governamental tem como pilares importantes a classe dominante ocupando os principais cargos políticos e públicos que detem o poder de elaborar e executar leis favoráveis ao capitalismo.

A separação da força de trabalho dos meios de produção, separação que define o operário, impede-o radicalmente de tornar-se um capitalista porque o salário corresponde exatamente à produção da força de trabalho. Ele não tem materialmente nenhum meio de acumular o capital. Esta separação que o define é, por sua vez, a condição de sua reprodução enquanto operário. (ESTABLET in BASAGLIA, 1974, p. 112).

A idelogia do sistema capitalista cria “bons e maus sujeitos”, o regime impõe regras e pessoas consideradas de “bom carater” seguem o modelo sem efetuar questionários, sem reclamações, sem imposições, tudo é aceito assim os “bons sujeitos” obedecem a seus patrões, professores, líderes políticos, pais, os mais velhos, padres, pastores. Isso ocorre de forma natural para essas pessoas submissas ao regime capitalista. Enquanto os “sujeitos maus” são considerados péssimas pessoas e exemplos para a sociedade de forma geral, devem viver confinados e todos precisam ser reprimidos pelo aparelho repressor do Estado esses são consideradas exceções e anomalias, o sistema faz questão de apresentar um fim desagradável para esses pobres sujeitos que possuem rótulos dados pela classe dominante.

 

 

1.1 Conforme os Interesses das Classes Dominantes.

 

As classes dominantes procuravam manter o poder dominador sobre o trabalho e o trabalhador, a família seria o embrião essencial para domínio e exploração no setor industrial. Necessariamente a alienação está aliada as concepções materialistas, o ser humano e especialmente a família (principalmente as pobres) necessitam da sua força de trabalho para que pudessem sobreviver no sistema hostil capitalista.

Segundo Marx o convívio do capitalismo perante a sociedade, tem proporcionado a humanidade a enorme desigualdade sociais, as instituições privadas enriquecem poucos e explora muitos, sistema que fortalece o capitalismo, as atividades sociais eram geridas por dominados e dominadores que norteam e ditam diretrizes para o regime capitalista.

As atividades sociais eram regidas sempre por doutrinas oriundas da produção industrial, as famílias também eram “vítimas” da esfera industrial, como o custo de vida é alto e os salários dos trabalhadores eram miseráveis, mulheres casadas e mães atribuiam seus tempo a produção industrial onde trabalhavam 15,16, 17 horas por dia sendo obrigada a complementar a renda familiar e o papel de mãe e educadora ficava em segundo plano, filhos cresciam sem orientações familiares de pais e mães, rapidamente quando os filhos atingiam idades razoáveis de 5, 6, 7, 8 anos de idade aproximadamente iriam para as industrias com rendimentos baixíssimos.

A orientação familiar não era a educacional, o ambiente familiar era esfacelado pelo desejo de riqueza capitalista, crianças cresciam sem frequentarem a escola e seus ensinamentos eram somente de que deveriam cedo ingressar nas indústrias para que pudessem ajudar financeiramente suas famílias.

Os salários dos operários eram pequenos, esses rendimentos possuiam o valor de comprar do alimento básico no século XIX na Europa, como por exemplo, a batata e o trigo (principais alimentos), as autoridades públicas também não se interessavam em mudanças e determinavam leis e punições para trabalhadores rebeldes a obediência do sistema capitalista. As massas não possuiam muitas escolhas, os cercamentos e o maquinário industrial esfacelou com o passar do tempo às atividades agricolas e artesanais dos camponeses, a sobrevivencia ficou nas mãos dos burgueses industrais detentores da produção e do trabalho, eles ditavam as regras econômicas e as regras trabalhistas do período.

A família das massas populares eram ditas “escravas” desse regime burguês, chefes de famílias (homens) não podiam prover o sustento as suas esposas e filhos, em contra partida mulheres e crianças trabalhavam com salários menores e acabavam sendo “escravos diretos” do sistema produtivo e da complementação da renda familiar, com essas medidas o capitalismo decompunha a família.

Com a divisão do trabalho, na qual estão dadas todas estas contradições, e a qual por sua vez assenta na divisão natural do trabalho na família e na separação da sociedade em famílias individuais e opostas umas às outras, está ao mesmo tempo dada também a repartição, e precisamente a repartiçãodesigual, tanto quantitativa como qualitativa, do trabalho e dos seus produtos, e portanto a propriedade, a qual já tem o seu embrião, a sua primeira forma, na família, onde a mulher e os filhos são os escravos do homem. A escravatura latente na família, se bem que ainda muito rudimentar, é a primeira propriedade, que de resto já aqui corresponde perfeitamente à definição dos modernos economistas, segundo a qual ela é o dispor de força de trabalho [Arbeitskraft] alheia. De resto, divisão do trabalho e propriedade privada são expressões idênticas — numa enuncia-se em relação à actividade o mesmo que na outra se enuncia relativamente ao produto da actividade.

http://www.marxists.org/portugues/marx/1845/ideologia-alema-oe/cap2.htm

Conhecendo essa sobre essa possível “escravidão”, a burguesia ditava regras para impor seu domínio sobre as massas desvalidas, as políticas estatais se entrelaçavam com os veles burgueses, porque autoridades públicas era ao mesmo tempo a burguesia industrial os interesses eram os mesmo para ambos e com isso a miséria se proliferava consideravelmente, desenfreadamente a ponto de por rédias curtas nas camadas socias desvalidas realizando normativas que os obrigavam cumprir para entrar no mercado de trabalho e permanecer nele. Ser pobre deveria ser um trabalhador obediente, principalmente um ser humano que achasse a mazelas do capitalismo normal, ainda que caísse sobre os seus ombros o peso exploratório capitalista burguês, embora existisse entre os desprovidos sociais miséria acompanhada com subnutrição, doenças, alcolismo, distúrbios mentais, crianças não assististidas por pais, crianças fora da escola, idosos sem o mínimo de assitência, cidades sem saneamento básico (causas geradores de outras doenças que proliferavam para cidades ricas e medianas), mulheres envolvidas em prostituição, crianças (especialmente meninas pobres) que praticavam prostituição infantil etc. Todos os males que recaíam sobre os desvalidos deveriam ser levados em conta, o pobre não possuia o direito de efetuar rebeliões ou até mesmo greve, as princípios legais regiam a favor da elite social industrial (camada social que enriquecia com a miséria dos descamisados), leis de mercado e legislação jurídicas em muitos casos estavam juntos, com o real propósito de dificultar rebeliões e ao mesmo tempo impor o domínio a classe proletariada.

http://www.marxists.org/portugues/marx/1845/ideologia-alema-oe/cap2.htm.

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de estado: Nota sobre os aparelhos ideológicos de estado. 3 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

Luck, H. Perspectivas da Gestão Escolar e Implicações quanto à formação de seus gestores. Em aberto, Brasília, 2000.