Teologia inclusiva: seu espaço e suas limitações na interpretação das escrituras

Por Claudio José Bezerra de Aguiar | 15/08/2014 | Religião

Teologia inclusiva: seu espaço e suas limitações na interpretação das escrituras Inclusive theology: its space and its limitations in the interpretation of scripture Claudio José Bezerra de Aguiar Resumo No decorrer da história as pessoas correm de todos os lados em busca de liberdade. E a Bíblia se tornou um elemento de socorro e liberdade para pessoas sábias que souberam utilizar tirar proveito em prol da sociedade, na mesma atitude que outros a utilizaram para oprimir. Os teólogos(as) inclusivos usando da sabedoria visam conseguir apoio para uma liberdade sexual dentro das igrejas e é na bíblia que eles vão buscar seus fundamentos. Palavras chaves: Opressão, homossexualidade e Bíblia. Abstract Throughout history people rush from all sides in search of freedom. And the Bible has become an element of relief and freedom to wise people who knew how to use benefit to society, in the same attitude that used to oppress others. Theologians (the) wisdom of using inclusive aim to get support for sexual freedom within the church and in the Bible is that they will get your essentials. Key words: Oppression, homosexuality and the Bible. Introdução A história apresenta grupo de pessoas que foram oprimidas, desacreditadas e massacradas. Considerado que outros grupos na atualidade ainda passam pelos mesmos desafios. Devem-se observar as pessoas que enfrentaram tais dificuldades, e tentar compreender como lidaram com essa situação. A teologia busca conhecer Deus e seus atributos assim como sua relação com a humanidade. Através da religião varias pessoas conseguiram superar seus temores e assim encontrar um socorro para a opressão e descaso que enfrentaram em sua existência . Por isso a teologia (estudo de Deus) passou a ser um refúgio para o oprimido, onde a palavra de Deus era trazida para fora (traduzida, interpretada para uma linguagem popular) e levada ao povo como consolo como guia para suas condutas e consolo para suas almas. No entanto dentro da própria religião começam a surgirem grandes casos de despotismo. A igreja toma o controle da interpretação bíblica e tira da população o consolo esperado. O legalismo exacerbado, e interpretações incorretas trouxeram para teologia o problema de corrigir os abusos em nome de Deus que estavam aparecendo. Numa volta às escrituras surgiram teólogos(as), que na Bíblia acharam recurso para amenizar esses problemas. Decorrência do advento de varias teologias como teologia da libertação, teologia feminista, teologia negra, entre outras. A partir desse pensamento (Bíblia em prol do oprimido), surge a teologia inclusiva que busca encontrar respaldo bíblico para opressão, discriminação e falta de liberdade que homossexuais enfrentam na sociedade contemporânea. Alguns textos que comumente são usados para defesa da teologia inclusiva serão apresentados. Respectivamente será realizada uma análise dos textos para averiguação e uma resposta a teologia inclusiva. Teologia inclusiva Numa análise histórica é possível perceber vários grupos que enfrentaram o problema da discriminação, preconceito e violência. Mas, esses grupos decidiram que não eram dignos destes tratamentos e pautados nas escrituras (Bíblia) encontraram subsídios para lutarem em busca de seus direitos. Na atualidade é perceptível as suas conquistas de liberdade e igualdade perante a sociedade. A teologia negra foi um grupo que apresentou resultados relevantes. Iniciada por um grupo de cristãos negros nos Estados Unidos, no final da década de 60. Seu representante era o pastor Martin Luther King observou as escrituras com um novo olhar. E a partir das escrituras encontrou respaldo para defesa e libertação da raça negra diante da sociedade e da igreja. Sem sombra de dúvida enfrentou todos os desafios apresentados pela oposição. Mesmo assim dedicou sua vida em defesa desta causa, tornando-se um ícone na batalha que parecia invencível, diante de uma sociedade parcialmente branca que excluía o negro do convívio social e não estavam dispostos a ceder em seus direitos. Porém, King abriu o caminho para a liberdade, e conquista de direitos que os negros tem na sociedade contemporânea . Outro grupo digno de nota é a teologia feminista. Num ambiente dominado pelo pensamento masculino cristão, a mulher não tem espaço nem direito na hierarquia da igreja. Uma circunstância que repercutiu no âmbito social, onde as mulheres não tinham nenhum espaço e atuação na vida pública. Doutro lado na esfera religiosa segue com a incidência das interpretações incoerente das escrituras, homens tratam as mulheres como seres inferiores, criados para serem sujeitas aos homens, com o direito de apenas ficarem caladas na igreja (Ef. 5.22, 1º Co. 14.33-35) . Ivoni Gebara, uma representante brasileira da teologia feminista, juntamente com outras que a antecederam olham as escrituras sagradas de uma maneira diferente e percebem várias passagens que resaltam a importância da mulher, e seu valor dentro do contexto religioso e social. A luta de anos das teólogas feministas resultou na abertura que conseguiram em muitas instituições religiosas. Essa conquista religiosa se transferiu para o âmbito social, e grande favorecimento em igualdade e liberdade pode ser notado no contexto atual . A teologia da libertação é outro segmento que parte na busca de liberdade, e a favor dos direitos das pessoas. Esta teologia é particularmente brasileira. Nascida na década de sessenta dentro da igreja católica é defendida por Leonardo Boff. Sua critica é feita a partir de uma análise da realidade social, muitas pessoas passando necessidade enquanto outros gozam de uma vida de fartura . Apoiado por princípios bíblicos e socialistas, Boff tenta resgatar a dignidade e os direitos dos pobres. Sua análise e teorias vão de encontro com os princípios da igreja. Sendo criticado e por não ter apoio que esperava, sua teologia na atualidade não tem muita influência, mesmo que algumas de suas ideias sejam pregadas por algumas igrejas . Na atualidade um grupo de pessoas tem estado à esquerda da sociedade, principalmente no âmbito religioso. As igrejas que eram para os acolherem, simplesmente fecham os olhos, criticam, e os laçam no inferno sem ao menos os conhecerem. Neste contexto surge a necessidade de uma teologia inclusiva. Pautada nos ensinamentos de Jesus não condena a mulher pega em adultério(João 8.4), nem a pecadora que lhe lava os pés com suas lágrimas(Lc. 7.44). Que vem tirar o fardo pesado de sobre as pessoas(Mt 11.18). Um Deus que não se afasta das pessoas, mas come com os pecadores(Lc. 15.2) . A teologia inclusiva concorda em vários aspectos com as demais teologias, como trindade, nascimento virginal de Jesus, morte e ressurreição de Jesus. Porém sua maior divergência com outras teologias se encontra no aspecto da sexualidade . A teologia defendida pelos inclusivos é também conhecida por “teologia gay”, mas eles não consideram suas igrejas como igrejas gays, pois esta afirmação pode denotar um ar de discriminação, e isto não condiz com o pensamento inclusivo. Com a concentração voltada para discriminação e preconceito sofrido pelos homossexuais igrejas inclusivas lutam para trazer a dignidade, respeito e os direitos que essas pessoas não tem. A teologia inclusiva abraça a causa homossexual, admite que eles sejam filhos de Deus, e que podem servir para propagação do Reino de Deus às pessoas necessitadas, desprezadas e oprimidas por uma religião falsa, pregadora de um “deus” que exclui as pessoas por causa de suas falhas. Na busca de uma fé autêntica surgem as igrejas inclusivas que admitem pastores, presbíteros, diáconos e membros que são homossexuais . Batalhando como negros e feministas por seu lugar e espaço na sociedade e na igreja a partir de uma releitura da bíblia. Panorama histórico Meados de 1960 a civilização oriental estava preste a enfrentar uma mudança radical nos seus usos e costumes, os imperativos bíblicos referentes a atividades sexual perdem seus propósitos na vida de muitos cristãos . Nos Estados Unidos permeava um inflamável desejo por liberdade, paz e igualdade. A voz social expandia em favor da causa negra e a retirada das tropas americanas do Vietnã. A revolução sexual não podia mais ser evitada. O movimento feminista se destaca e os valores evangélicos passam a ser desfiados cotidianamente . A revolução do conhecimento abre caminho para revolução sexual. Os paradigmas da sociedade e da religião são confrontados pelas novas correntes de pensamento que influenciam para uma sexualidade jamais vista. Nietzsche com “niilismo” declara a morte de Deus, e morrendo o legislador moral não existem regras morais. Jean Paul Sartre deduziu que as pessoas estão sozinhas. Deus as criou e elas decidiram tomar contas de suas vidas. As pessoas ditam suas próprias regras, e dizem o que é certo ou errado. Deus não tem espaço para reinar neste novo mundo. Joseph Fletcher afirmou que a ética se define pela situação. Mentir pode ser correto depende da situação. “A prostituição tem função de espionar, o adultério como carcereiro, a fim de escapar da prisão; troca de esposas; sexo pré-conjugal; e sexo com homem patologicamente atraído a uma jovem”. Estes pensamentos permeavam o ocidente e contribuíram largamente para revolução que estava por eclodir . Neste ambiente, um grupo de jovens gays e drag queens de Nova York iniciam um movimento em busca de direitos civis aos homossexuais. Nesta época a homossexualidade era crime no país, e a policia costumava dar violentas batidas nos lugares que gays frequentavam. No dia 28 de junho de 1969, frequentadores de um destes lugares decidiram que estava na hora de resistirem a estas atitudes. Quando os policiais vieram como de rotina, os homossexuais partiram contra eles, e em três dias saíram pelas ruas proclamando seus direito. Este feito fica conhecido como movimento Stonewall, por ser o nome do bar do bairro Village onde tudo aconteceu. Dando início a uma nova fase, com origem da militância política Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT). Paralelo a esses eventos se tem notícia da primeira comunidade cristã de homossexuais, promovedores das primeiras paradas gays. Estas igrejas nascem na constância de acolher os LGBT, pessoas desprezadas e reprimidas pelas igrejas tradicionais e pela própria população . . Alguns textos bíblicos de apoio à teologia inclusiva A ênfase é apresentar os textos mais relevantes utilizados na defesa da teologia inclusiva. Não serão expostos todos os textos relevantes, nem todas as hermenêuticas realizadas. O objetivo não é defender nem criticar, mas expor os textos na forma que normalmente são aplicados. A criação não comprova a heterossexualidade- Gênesis 1.27 “E Deus criou o homem a sua imagem e semelhança. Macho e fêmea os criou” O texto de Gênesis apresenta Deus criando a humanidade em sexo distinto (macho e fêmea), e instruindo a crescerem, multiplicarem e encherem toda a terra. A criação de dois gêneros é uma realidade, mas sexualidade humana está além dos gêneros. Este ato representa a função principal da criação; fecundar, encher o povoar a terra. O que significa a opção de sexualidade para maioria das pessoas e não de todos. Povoar a terra era uma necessidade do momento da criação, onde a terra se encontrava vazia de pessoas. Havia uma necessidade de povoamento. Esta necessidade não permanece no contexto contemporâneo. Atualmente uma pessoa que opta por não se casar está deixando de multiplicar, e nem por isso comete algum erro. Assim como aqueles que não podem gerar filhos, não são condenados por isso. Uma pessoa que se atrai por outra do mesmo gênero, pode deixar de cumprir o mandamento de multiplicar, mas não pode ser condenada, pois não há mais a necessidade de crescer e multiplicar . Sodoma e Gomorra não pereceram por causa da homossexualidade- (Gn. 19.1-29). “E chamaram a Ló, e disseram-lhe: Onde estão os homens que a ti vieram nesta noite? Traze-os fora a nós, para que os conheçamos.” Primeiramente o texto não trás acusações especifica contra homossexualidade. Quando o leitor começa a ler o texto pensando o contrário (que o texto é uma condenação a homossexualidade) tragicamente vai encontrar argumentos que não existe no texto . Sodoma e Gomorra não foram destruídas porque a maioria das pessoas daquele lugar fossem homossexuais. Os maiores pecados que eles cometiam eram a falta de hospitalidade, maldade, violência e devassidão, conforme declara o livro de Gênesis. Nem Ló reconhecia essas pessoas como homossexuais, pois ele oferece suas duas filhas para eles terem relações sexuais. E estuprar estrangeiros era uma prática comum, com o objetivo de subjulgar os inimigos . O amor de Davi e Jônatas comprova comportamento homoerótico- 2º Samuel 1.26 “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres.” A proximidade de Davi com Jonatas revela um amor aberto, sem receio e explicito claramente nas Escrituras. Comprovando a existência de amor entre dois homens como possível sem deixar de ser um homem segundo o coração de Deus. A mesma declaração de amor feita por Davi é encontrada nos escrito de Gilgamesh, onde este sonha em ter relações com outro homem como se fosse mulher . O centurião mostra atitudes homoafetivas- Mateus 8.5-15 “6. E dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado.” A passagem como de Mateus ilustra o relacionamento homoafetivo no tempo de Jesus, e Jesus não apresenta nenhuma opinião de reprovação. O texto em questão alude a homoafetividade por mostrar a preocupação do centurião por um servo. Um comandante do exército romano com tamanha autoridade não se importaria com seu servo se não tivesse um caso afetivo íntimo com ele . A passagem de Levítico condenação contra homossexualidade. Lv. 18.22 “Não coabitará com um macho como se deita como uma mulher: abominação para Javé!” A estabelecer pelo termo homossexualidade, de nota, este não existe nos tempos bíblicos. Este é um termo moderno, cunhado em 1869 para classificar as pessoas que tem opção sexual por outras do mesmo sexo . A passagem de Lv. 18.22 trata de acordo com o texto original hebraico, do ato sexual. Contudo o foco da proibição não é a relação sexual, mas é (segundo o contexto ) o homem se rebaixar a posição de mulher. Por questão de humilhação, nas guerras os vencedores puniam os derrotados colocando-os em condição passiva do ato sexual. Ferindo a dignidade do homem e o rebaixando a condição de uma mulher. Quando Deus estabelece esta proibição é para manter a dignidade do homem, não para proibir o homossexualismo. E a relação sexual entre dois homens daquela época não tem nenhuma relação com o conceito de homossexualidade da atualidade . No mais, o ato sexual entre dois homens também estava relacionado com o culto aos deuses. Era uma forma de adoração que os deuses recebiam, e o Deus “Javé” não queria esta adoração. Isto se estabelece pela proibição que Ele determinou, com afinco de fazer diferenciação entre o Deus verdadeiro e os deuses falsos. Assim esta proibição tem mais significado religioso do que valor ético . Debatendo os textos A criação não comprova a heterossexualidade- Gênesis 1.27 A união de um homem e uma mulher apresentada em Gênesis não se define apenas com o objetivo de multiplicar, mesmo que no momento era uma necessidade. A união tinha por principal função colocar ao lado do homem uma mulher para ser companheira e o auxiliar nas tarefas presentes na criação (Gn. 2.18) . A referência apresentada em Gênesis para o casamento deve ser recebida como um padrão divino. Jesus em uma época que a função de multiplicar já não era mais necessária faz referência ao texto de Gênesis. Ele apresenta que este foi o propósito inicial de Deus para humanidade . Mesmo que a própria Bíblia apresente casos de poligamia, o desígnio de Deus é a união de um homem com uma mulher. O fato de a Bíblia apresentar alguns casos, não significa aprovação de Deus. Na Bíblia encontra caso de poligamia(1 Reis 11.3, Salomão e suas mil mulheres), incesto(Gn. 19, Ló e suas filhas), estupro (Gn. 34.13, Diná filha de Jacó é violentada por Siquém), e nenhum dos casos apresentados servem para dar legitimidade para essas ações, nem significa aprovação de Deus. Sodoma e Gomorra não pereceram por causa da homossexualidade- (Gn. 19.1-29). A palavra conhecer em Gênesis aparece 12 vezes como referência a relação sexual. É improvável que nesta passagem ela tenha mudado de sentido. Os homens desta cidade queriam conhecer os visitantes de Ló intimamente. Consumando o propósito de destruição desta cidade . A tentativa de Ló em dar as suas filhas aqueles homens não prova que ele não sabia que eles eram homossexuais. Ló estava tentando amenizar a situação. Contudo, o fato daquela turba de homens não ter aceitado a oferta de Ló evidencia que eram homossexuais . Isto não quer dizer que eles foram destruídos somente por esse pecado, mas somado aos outros( falta de hostilidade, desamparo ao necessitado, etc) determinou a sua destruição . O amor de Davi e Jonatas comprova comportamento homoerótico- Samuel 1.26 O texto mostra a despedida Jonatas e Davi, e Davi declarando ser o amor de Jonatas melhor do que o amor de uma mulher. Contudo a maioria dos teólogos rejeita esta interpretação por tratar de uma questão de tradução. Alegam que a NVI traz uma versão mais condizente com o texto original (Sua amizade era mais preciosa que o amor das mulheres). A homossexualidade no contexto era considerada uma abominação contra Deus, e a condenação era o apedrejamento. Ninguém elegeria como rei alguém que tivesse esta tendência, ou caso soubessem depois de ter elegido, não admitiriam um rei assim . No mais, é enfático que Davi e Jonatas tinham um vinculo fortíssimo. Porém erotizar este e relacionamento é afirmar a impossibilidade de dois homens se amarem e respeitarem mutuamente como irmãos . O centurião mostra atitudes homoafetivas- Mateus 8.5-15 Argumentar que o centurião mostra atitudes homoafetivas é fazer uma eisexegese (colocar no texto o que eu quero que ele diga) da passagem, não uma exegese (tirar do texto o que ele quer dizer). O texto em momento algum faz esta afirmação, e nem a igreja primitiva entendeu isto em algum momento da história. A passagem de Levítico condenação contra homossexualidade. Somente aqueles que aplicam ao texto do Antigo Testamento uma dicotomia entre “profético e a tradição sacerdotal”, e tem designo ulterior, conseguem discernir que este texto não trás conceituação ética e nem reprovação a homossexualidade. Doutro modo “a prostituição, o adultério, a bestialidade (relações sexuais com animais), seriam atitudes sem implicações éticas”. A conduta homossexual desestrutura a ética familiar e a ética divina, em decorrência desestabiliza a ética social . Concernente as relações homossexuais, realmente na maioria dos casos estavam ligadas ao culto idólatra. E para preservar seu povo Deus da idolatria, reservando adoração somente ao único Deus, é condenada expressivamente a homossexualidade neste texto. Mas não é somente a idolatria resaltada nesta passagem. Além de preservar a dignidade do homem, a santidade de Deus entra em pauta. O ato sexual entre dois homens é colocado como abominação (atos desprezíveis, odiados por Deus), e o plano divino para família(uma homem e uma mulher) é deturpado . Análise a teologia inclusiva As pessoas incorrem no equívoco da julgar como se todos os homossexuais fossem iguais em tudo, a preferência, profissão, atitudes, desejos. Não percebem que antes de pescadores homossexuais são imagem e semelhança de Deus. Os julgadores esquecem que por mais que sejam redimidos ainda são pecadores. A homossexualidade não é um pecado imperdoável . Conforme os inclusivos a Bíblia é um produto humano. Escrita por homens que receberam a revelação de Deus para transmitir às outras pessoas. Como produto humano (considerando que não foi Deus quem escreveu a Bíblia) ela está sujeita as limitações humanas. A revelação de Deus não é a Bíblia, ela está na Bíblia. Por isso a Bíblia não pode ser considerada palavra inerrante de Deus. Este pensamento esteve presente no liberalismo teológico anunciado por grandes teóricos do passado, como Friedrich, Schleiermacher, Ernst Troeschl e Rudolph Bultmann. . Os inclusivos atestam que os textos que condenam a homossexualidade são frutos da intolerância e preconceito. Resultado das interpretações errôneas realizadas dos textos bíblicos, pois os próprios foram tirados do contexto original. Mesmo Jesus nunca condenou a homossexualidade. Mas Jesus também nunca condenou o estupro, a pedofilia e isso não quer mostrar que ele apoiava tais práticas . A teologia inclusiva tem uma ideologia inovadora. Seu pensamento é promissor e convincente. No entanto mais que a tentativa de uma teologia inclusiva Jesus apresenta um evangelho transformador. O seu chamado é “o reino dos céus está próximo, arrependei-vos e crede no evangelho (mmmmmm)”. Jesus não condena a mulher pega em adultério, mas a adverte “seus pecados estão perdoados, mas vá e não peques mais. (mmmmmm) ”. Mesmo que a sociedade e até a própria igreja venham aceitar o homossexualismo, isso não resulta numa aprovação de Deus. Não é porque Deus ame o pecador que ele ama o pecado . Conclusões Na pesquisa para compreender a atitude do (homo)sexual dentro da igreja e na sociedade. O pesquisador se depara com um grande desafio. No apoio (homo)sexual dentro da igreja possivelmente será taxado de liberal ou mesmo herege. Na negação da atitude homossexual é afrontado por vários argumentos (normalmente usado para apoio homossexual), como: o amor de Deus não faz acepção de pessoas, Jesus morreu pelos pecados de todas as pessoas, Jesus veio para chamar os pecadores, o amor de Deus não é limitado. Para sociedade os que negam atitude homossexual são os preconceituosos. Num olhar reflexivo para história se percebe que os negros sofreram discriminação, do mesmo modo que a mulher e os pobres que sofrem opressão. Os homossexuais sofrem como essas pessoas sofreram. A luta por dignidade para os negros, mulheres e pobres veio por pessoas que usaram a Bíblia, e tiveram resultado ao desafiar os paradigmas existentes na sociedade e nas igrejas. A teologia inclusiva, seguindo o mesmo princípio dessas pessoas que foram oprimidas, apresenta na Bíblia textos e características de um Deus que ama o homoafetivo. O desafio da teologia inclusiva é encontrar um lugar para os homossexuais dentro do meio eclesiástico. Não encontrando apoio dentro das igrejas tradicionais abrem suas próprias igrejas. Estas igrejas ao contrário das tradicionais aceitam todas as pessoas no cargo eclesiástico e estão abertas para os heterossexuais, e afirmam que a igreja é aberta a todos que sem discriminação e preconceito querem servir a Deus. Após esta análise (que não tem por foco condenar, nem apoiar a teologia inclusiva) é possível cogitar sobre o grande desafio que as igrejas tradicionais tem em suas mãos. Não basta se pronunciar a favor da vontade de Deus. Simplesmente dizer que Deus abomina, odeia e condena o homossexual não traz nenhum consolo para uma família que tem um(a) filho(a) nesta situação. Muito menos com palavras tão pesadas iram alcançar um coração de uma pessoa que passa pelo desprezo, discriminação e humilhação de um dia ter revelado sua identidade sexual. Ou, quando estas pessoas aceitam uma mudança de vida por palavras pesadas que lhes sejam lançadas. Raramente tem uma vida autêntica. Vivem sob o medo da condenação (normalmente não de Deus, mas da condenação dos homens). A igreja está frente a um dilema que não pode mais ser deixado de lado. O desafio, não para igrejas, mas para aqueles que se dizem seguidores de Cristo é romper os limites estabelecidos pela tradição e encontrar caminhos reais e autênticos para um verdadeiro cristianismo. Sem apoiar o pecado, mas abraçando, amando, dando sua viva em prol dos pecadores. Porque este foi o exemplo de Cristo para ser seguido por suas igrejas. REFERÊNCIAS ALEXANDRE, Joel. Homossexualidade e teologia gay: análise e defesa do evangelho a luz da Bíblia sagrada. Disponível: Disponível em: . Acesso em: 5 ago. 2014. BAPTISTA, Paulo Agostinho Nogueira. Teologia de Leonardo Boff e diálogo inter-religioso: limites e aberturas. Disponível em: . Acesso em: 28 jul. 2014. BAKER, Kyle. O ódio de Deus. Disponível em: . Acesso em: 09 ago. 2014. CÉSAR, Marília de Camargo. 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