Tempo

Por Francielle Borges da Conceição | 02/09/2010 | Poesias



Debruçada de uma nuvem no levantar da aurora
Adormeço com o gosto de flutuar entre as pedras
No entanto, a sensação se dissolve quando sinto o ar,
Respiro novamente a dor de sentir, de estar.

Tudo ao redor se corrompe, com um simples sussurro
A nuvem se dissipou, a noite já escureceu e a lua não saiu
Pobre lua se escondeu do triste e amargo silêncio,
O mundo emudeceu, somente restam dias.

Dias em que a vida não falou, apenas refletiu
Refletiu de algum lugar ou lugar nenhum,
Sem calor, sem dor, sem nada
Nem mesmo de uma flor no fim da rua

Já murcha e desbotada se deixa desfolhar,
É carregada pelo vento, arrastada pelo tempo
Não consegue mais andar, a morte se anuncia
Nem sequer o nojo guarda seu luto.

Pobre e dizimada, se perdeu no asfalto
Tudo terminou, se estagnou, não há mais alento
O amor acabou, a dor morreu, a esperança findou
Mas resta o tempo.