Tempo perdido
Por Vergílio Carvalho | 20/12/2011 | SociedadeKarl Max afirmou que: na manufatura e no artesanato, o trabalhador utiliza a ferramenta, na fábrica, ele é um servo da máquina. Nesta concepção, com o advento industrial ocorrido na Europa capitalista e imperialista, século XVIII, observa-se um reflexo do distanciamento das relações interpessoais no século XXI.
Ademais, grandes realizações foram conquistadas pelo homem, analogicamente, no dia 21 de julho de 1969 quando o astronauta Neil pisou na lua percebe-se a grande capacidade desenvolvida pela mente humana, como também outras grandes descobertas e inovações que se disseminaram. Novas tecnologias tomam conta da dinâmica de vida da sociedade, a globalização um processo excludente, marcada pelo encurtamento das informações como também das relações entre os indivíduos.
Mas, quantas vezes este ano paramos para ligar a um ente familiar distante ou fazer aquela rápida visita ao vizinho? A priori, a ordem capitalista da contemporaneidade não permite que a comunidade disponha de tempo necessário para estabelecer laços afetivos com o próximo, olhar a quantidade de enfermos esperando por um transplante de órgãos nos hospitais, filhos cada vez mais no mundo da dependência química pela falta de dialogo e companhia dos pais, atentar-se para quantidade de desabrigados ás mazelas e outros percalços que permeiam a sociedade.
Outrossim, a associação tecnológica e capital traz inovações diárias ao mundo dos objetos e serviços, exigindo um fluxo rápido de produção e consumo. A mídia televisa é um veículo de comunicação, disseminando em curto espaço de tempo, informações, imagens e códigos, o necessário para alienar o psicológico do indivíduo, induzindo este para a compra, ou seja, vejo que o papel da televisão na contemporaneidade, predominantemente é lidar com estratégias de distinção social para promover produtos e, assim, completar o circuito que leva ao lucro. Observo a efemeridade de que não só mercadorias, mas, as relações interpessoais são descartadas na atualidade.
A mídia e a indústria alienam por meio da criatividade e símbolos o psicológico do homem tal que, nesta “psique” social figuram-se indivíduos extremamente individualistas e consumistas, levando-os para seus mercados no final deste circuito ao lucro, formando uma geração tão dependente do material para garantir pleno “status”, autoafirmação, dívidas e a integridade moral para com o próximo inserida em uma escala secundária. O sociólogo Zygmunt Bauman demonstra o fato em seu estudo voltado á fluidez das relações no individualismo responsável pela modernidade liquida e consumidora.
Destarte, como cantou Renato Russo do grupo Legião Urbana – “Temos todo tempo do mundo...”, (letra da música Tempo Perdido), ou seja, organizar-se, abrir um espaço na agenda para o lazer, uma consulta ao médico, visita aos familiares aqueles distantes colocar o papo em dia com os velhos amigos relembrar momentos que fizeram parte da construção de sua vida e ajudar aos necessitados também é fundamental.