Tecnologias na Educação: a importância das novas mídias na formação do professor e seus desdobramentos no universo escolar

Por Juliana Iennaco | 02/12/2009 | Tecnologia

Tecnologias na Educação: a importância das novas mídias na formação do professor e seus desdobramentos no universo escolar

Juliana de Paula Iennaco

1. Introdução

A presença das tecnologias, principalmente do computador nas escolas, tem levado as instituições de ensino e os professores a adotarem novas posturas frente ao processo de ensino e de aprendizagem.

Levy (1995) afirma que a informática é um campo de novas tecnologias intelectuais, aberto, conflituoso e, parcialmente, indeterminado. Nesse contexto, a questão do uso desses recursos, particularmente na educação, ocupa posição central e, por isso, é importante refletir sobre as mudanças educacionais provocadas por essas tecnologias, propondo novas práticas docentes e buscando proporcionar experiências de aprendizagem significativas para os alunos.

Atenta a isso, a educação atual enfrenta um grande desafio: o de constituir-se em espaço de mediação entre a criança e esse ambiente povoado de máquinas que lidam com a mente e o imaginário. Cabe à escola não só assegurar a democratização do acesso aos meios técnicos de comunicação mais sofisticados, mas ir além e estimular, dar condições, preparar as novas gerações para a apropriação ativa e crítica dessas novas tecnologias.

Segundo Valente (1999), o uso do computador na educação objetiva a integração do educador no processo de aprendizagem dos conceitos curriculares em todas as modalidades e níveis de ensino, podendo desempenhar papel de facilitador entre o aluno e a construção do seu conhecimento. O autor defende a necessidade de o professor da disciplina curricular atentar para os potenciais do computador e ser capaz de alternar adequadamente atividades não informatizadas de ensino-aprendizagem e outras passíveis de realização via computador. Ele enfatiza, também, a necessidade de os docentes estarem preparados para realizar atividades computadorizadas com seus alunos, tendo em vista a necessidade de: determinar as estratégias de ensino que utilizarão, conhecer as restrições que o software apresenta e ter bem claros os objetivos a serem alcançados com as tarefas a serem executadas.

Observamos que apesar do grande número de estudos que vêm sendo desenvolvidos sobre o uso das tecnologias, ainda há uma grande resistência por parte dos professores no seu uso em sala de aula. Disso decorrem os seguintes questionamentos: Quais os obstáculos que geram a resistência ao uso dos recursos computacionais por parte dos professores nas escolas? Como o uso de tecnologias interfere no processo ensino-aprendizagem dos alunos?

Segundo Paulo Freire (2005), a educação sozinha não transforma o mundo, mas transforma as pessoas e, essas sim, transformam o mundo. A necessidade de formar professores autônomos comprometidos, que insiram em sua prática docente a busca constante de informação e atualização profissional para realizar um bom trabalho, é urgente.

2. Desenvolvimento

Considerando a crescente importância do fenômeno tecnológico na sociedade atual, globalizada e tecnificada, a educação é chamada a constituir-se em meio às novas tecnologias de comunicação e de informatização. No entanto, faz-se necessário delinear alguns caminhos para a formação de professores nessa perspectiva inovadora, indispensável para a melhoria da qualidade da escola do presente e do futuro. Acreditamos que isso só será possível se cada vez mais educadores tiverem a oportunidade de preparar-se para o uso das mídias na educação.

Sendo função da educação formar cidadãos livres e autônomos, sujeitos do processo educacional: professores e estudantes identificados com seu novo papel de pesquisadores, num mundo cada vez mais informacional e informatizado, a escola só terá qualidade se integrar as novas tecnologias de comunicação de modo eficiente e crítico. Isso só será possível se a escola mostrar-se capaz de colocar as tecnologias a serviço do sujeito da educação - o cidadão livre, perpassando obrigatoriamente pela atuação do educador.

Entretanto, podemos afirmar que as novas tecnologias têm encontrado alguma dificuldade em assumir um lugar de relevo na escola, principalmente no que se refere ao papel do professor nessa tarefa.

Nesse sentido, Ponte (1990) argumenta que o interesse dos professores em utilizar o computador de modo sensível, aprender coisas novas, assumir novos papéis na sala de aula e estabelecer novas relações com os alunos, cria um ambiente geral estimulante para uma reflexão geral sobre o ensino e, eventualmente, possíveis mudanças de concepções. A reflexão é, assim, encarada como um importante fator de mudança a ser vista como prática social a desenvolver-se num contexto colaborativo.

No entanto, isso só será possível se a frequência de ações de formação for um dos suportes para o desenvolvimento das competências dos professores relativamente às novas tecnologias e ao seu uso na prática pedagógica. Os especialistas no assunto colocam a tônica das atividades de formação dos professores relativamente às novas tecnologias no aprofundamento e apoio ao seu trabalho, não só no aspecto técnico como no pedagógico, em que inclui a observação de usos bem sucedidos da tecnologia na sala de aula, a comunicação permanente com outros professores que defrontam desafios semelhantes e a consulta a especialistas.

Temos percebido que a sociedade de informação coloca novos desafios a todos os cidadãos como aprender a aprender, informar-se, comunicar, raciocinar, comparar, decidir, cooperar. Estes desafios exigem uma resposta por parte da escola. A renovação e modernização do ensino é uma questão na ordem do dia, tanto nacional como internacionalmente. Assim, o uso da tecnologia no ensino questiona a capacidade do professor para conseguir definir, não só como e quando usar a tecnologia, mas também, o porquê e para quê. O seu uso educativo ganhará sentido e consistência à medida que o professor se questionar e questionar os outros, se informar e comunicar com os outros, se flexibilizar e personalizar as suas atividades com as tecnologias. A formação contínua em novas tecnologias deve dar especial atenção a estas problemáticas e contribuir, desse modo, para que o professor assuma novas atitudes e compromissos na sala de aula.

3. Conclusão

Diante disso, surgem novas questões que se afiguram importantes para investigação futura. Por exemplo, como preparar o professor para desenvolver tais habilidades em seus alunos através das tecnologias? Como favorecer o entrosamento da formação em novas tecnologias com a prática profissional? Qual tem sido efetivamente a utilização das tecnologias nas escolas? Quantos professores têm formação especializada em Tecnologias? Qual tem sido o interesse demonstrado pelos professores em realizar um curso de capacitação em tecnologias? Quais têm sido as dificuldades encontradas na prática? Que cursos o governo tem oferecido e qual tem sido a demanda?

Para Moran (2001), ensinar e aprender são desafios que se apresentam a nós em todas as épocas e principalmente agora em que estamos vivendo em plena era da informação onde a mídia e a internet ocupam um espaço significativo na sociedade.

Isso nos remete ao fato de que as novas tecnologias nos permitem ampliar o conceito de aula e de espaço e tempo, mas não resolvem questões de fundo. Elas por si só, não farão a transformação do mundo e da sociedade.

O papel do professor tem se modificado na medida em que os alunos têm acesso mais facilmente a uma gama de informações, mesmo que incompletas ou distorcidas, que devem ser organizadas e discutidas através de sua mediação.

A sociedade nos coloca hoje frente à realidade virtual como uma ferramenta múltipla de informação e formação. Necessita-se de profissionais entendidos em desenvolvimento humano que percebam a infinidade de processos formadores e deformadores presentes na prática social e no mundo do trabalho, que saibam seu valor enquanto profissionais conscientes do seu ofício e da importância da educação para a humanização do ser.

Ao se pensar em formação de professores há que se incentivar uma cultura constante de busca, de pesquisa, de leituras. O confronto com experiências que coloquem o professor a refletir sobre soluções para os problemas que surgem na dinâmica da sala de aula, discutindo a questão das identidades do professor no uso das tecnologias apontando caminhos na sua formação e nos desdobramentos que essas experiências possibilitam aos educandos.

4. Bibliografia

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005.

____________. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra,1996.

____________. Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

LEVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.

MORAN, José Manuel. MASETTO Marcos T., BEHRNS Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica – Campinas, SP: Papirus, 2001