TDAH - TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE...

Por deborah buril rocha ribeiro | 24/12/2016 | Educação

TDAH - TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: COMO TRABALHAR NA ESCOLA

RESUMO

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH é um dos transtornos de maior prevalência na Infância e adolescência. Pesquisas recentes demonstram que, ao menos do ponto de vista cognitivo, existem diferenças importantes no desenvolvimento de crianças com TDAH quando comparadas com crianças sem qualquer diagnóstico psiquiátrico ou neurológico. O presente trabalho pretende contribuir com o campo de pesquisa sobre TDAH, buscando uma compreensão mais dinâmica deste transtorno, ultrapassando o nível descritivo dos sintomas, incorporando aspectos da observação escolar, através dos sintomas e comportamentos escolares.

Introdução

Primeiramente antes de conceituar TDAH, faz se necessário falar sobre sua nomenclatura, em meados dos anos XIX surgiram as primeiras referencias aos transtornos hipercinéticos (são transtornos caracterizados por início precoce (habitualmente durante os cinco primeiros anos de vida), falta de perseverança nas atividades que exigem um envolvimento cognitivo, e uma tendência a passar de uma atividade a outra sem acabar nenhuma, associadas a uma atividade global desorganizada, incoordenada e excessiva. Os transtornos podem se acompanhar de outras anomalias. Estes transtornos se acompanham freqüentemente de um déficit cognitivo e de um retardo específico do desenvolvimento da motricidade e da linguagem. As complicações secundárias incluem um comportamento dissocial e uma perda de auto-estima. O objetivo deste estudo é informar com clareza os sintomas e as necessidades do sujeito a partir desses sintomas. Quais os sintomas? O que fazer? Como fazer?

Alguns sintomas do TDAH manifestam - se precocemente. Inquietude ainda no berço, crianças na pré – escola com mais energia que os demais da mesma faixa etária. É ao ingressar na escola que os sintomas se tornam mais evidentes, diversos especialistas acreditam que seja possível identificar entre60% e 70% das crianças com TDAH na idade de dois a três anos.

Estudos nacionais e internacionais situam a prevalência do Transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade (TDAH) entre 3% e 6%, sendo realizados em crianças em idade escolar. Certamente este transtorno causa um enorme impacto financeiro à sociedade, em decorrência de seu alto custo financeiro, do estresse das famílias, do prejuízo nas atividades acadêmicas e vocacionais, bem como efeitos negativos na autoestima das crianças e adolescentes (ROHDE et al.,2000,p12).

Os pais e responsáveis tendem a subestimar os sintomas, enquanto os professores superestimam os sinais, elevando a prevalência de TDAH para algo em torno de 15% a 20%, valores encontrados em outros estudos, como o que foi feito com crianças alemãs: 17,8%, americanas: 11,4% e brasileiras: 15,2%.

Objetivos:

Objetivo Geral:

Contribuir para o campo de pesquisa sobre o TDAH, buscando uma compreensão mais dinâmica deste transtorno, ultrapassando o nível descritivo dos sintomas, incorporando aspectos da observação escolar, através dos sintomas e comportamentos escolares.

Objetivos Específicos:

  • Identificar as causas e características do T.D.A.H.
  • Identificar e analisar as necessidades pedagógicas dos professores quanto a trabalhar com estudantes com T.D.A.H.

Justificativa

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (T.D.A.H.) se caracteriza por comportamentos que podem ser de desligamento, desatenção, “avoado” e atitudes impulsivas, hiperativas, agitadas. Seu diagnóstico é difícil porque não existe um teste específico para o T.D.A.H. Esta doença, de causa desconhecida, geralmente se manifesta na infância e, se não for tratada, pode trazer problemas de aprendizado, comportamento, relacionamento e sentimentos para a criança.

Existe um contingente de crianças e jovens que mesmo com condições educacionais ideais, ainda assim, teriam dificuldades para acompanhar o processo de aprendizagem e, apesar dos sinais destes transtornos serem identificados na escola, não são restritos a ele. Essas crianças têm dificuldades nas funções cognitivas de atenção e memória, em alguns aspectos do desenvolvimento da linguagem, social e até emocional, e é no ambiente escolar que estas dificuldades se tornam um problema maior e prejudicial, principalmente no ensino fundamental.

Os transtornos podem se acompanhar de outras anomalias. As crianças são frequentemente imprudentes e impulsivas, sujeitas a acidentes e incorrem em problemas disciplinares mais por infrações não premeditadas de regras do que por desafio deliberado. Suas relações com os adultos são frequentemente marcadas por uma ausência de inibição social, com falta de cautela e reserva normais. São impopulares com as outras crianças e podem se tornar isoladas socialmente. Estes transtornos se acompanham frequentemente de um déficit cognitivo e de um retardo específico do desenvolvimento da motricidade e da linguagem.

O TDAH é uma síndrome heterogênica, de etiologia multifatorial, dependente de fatores genéticos – familiares adversidades biológicas e psicossociais, caracterizada pela presença de um desempenho inapropriado nos mecanismos que regulam a atenção, a reflexibilidade e a atividade motora. Seu início é precoce, sua evolução tende a ser crônica, caracterizado pelos sintomas de déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade (RELVAS, 2008).

O TDAH vem sendo considerado pelos educadores como um fator preocupante, principalmente na fase escolar. Num período onde a criança inicia seu contato com a leitura e escrita, é necessário que mantenha sua atenção e concentração sustentada, a fim de que os objetivos pedagógicos propostos possam ser alcançados. Na idade escolar, crianças com TDAH apresentam maior probabilidade de repetência, evasão, baixo rendimento acadêmico e dificuldade emocionais e de relacionamento social, e pessoas que apresentam sintomas de TDHA na infância têm uma maior probabilidade de desenvolver problemas relacionados com comportamento (CIRIO, 2008).

Uma vez diagnosticado o TDAH, esse aluno deve ser considerado como uma criança com necessidades educacionais especiais, pois para que tenha garantidas as mesmas oportunidades de aprender que os demais colegas de sala de aula, serão necessárias algumas adaptações visando diminuir a ocorrência dos comportamentos indesejáveis que possam prejudicar seu progresso pedagógico: sentar o aluno na primeira carteira e distante da porta ou janela; reduzir o número de alunos em sala de aula; procurar manter uma rotina diária; propor atividades pouco extensas; intercalar momentos de explicação com os exercícios práticos; utilizar estratégias atrativas; explicar detalhadamente a proposta; tentar manter o máximo de silêncio possível; orientar a família sobre o transtorno; evitar situações que provoquem a distração.

Desenvolvimento

Trata se de um transtorno que raramente se manifesta de forma isolada, pois a maioria as crianças com TDAH em idade escolar apresentam pelo menos outro transtorno psiquiátrico. Por isso, numerosas investigações mostram a importância de detectar o número de psicopatologias associadas ao TDAH, para que a partir do conhecimento destas patologias a criança possa ser tratada de forma correta referente às patologias que apresenta.

O TDAH, caracterizado por impulsividade, falta de atenção e hiperatividade, esta sendo considerado um dos principais problemas crônicos na infância.(AAP-AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS,2000).De acordo com este critério,existiriam três tipos de TDAH:

  • TDAH com predomínio de sintomas de desatenção;
  • TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade;
  • TDAH combinado;

O tipo com predomínio de sintomas de desatenção é mais frequente no sexo feminino e aprece apresentar, conjuntamente com o tipo combinado, uma taxa mais elevada de prejuízo acadêmico. As crianças com TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade, por outro lado, são mais agressivas e impulsivas do que as crianças com os outros dois tipos, e tendem a apresentar altas taxas de impopularidade e rejeições pelos colegas.Embora sintomas de conduta de oposição e de desafio ocorram mais freqüentemente em crianças com qualquer um dos tipos de TDAH do que em crianças normais,o tipo combinado está mais fortemente associado a esses comportamentos.Além disso,o tipo combinado apresenta também um maiorprejuízo no funcionamento global,quando comparado aos dois outros grupos. (ROHDE et al.,200.p13).

O estudo de genética do TDAH do Nationalof Mental Health demonstrou de forma clara que os sintomas de TDAH não são meramente expressão do quadro clinico de outros transtornos e representam uma comorbidade real. Na verdade, vários estudos têm demonstrado entre TDAH e o abuso ou dependência de drogas na adolescência e, principalmente, na idade adulta [9% a 40% (ROHDE et al.,2000,p13) .A presença de comorbidade parece ser significativa no TDAH e pode sugerir a necessidades de entrevistas diagnósticas que abordem outros sintomas psiquiátricos e comportamentais do que aqueles unicamente relacionados àquele transtorno (SOUZA et al.,2001,p 404-405)

Segundo Rohde (2000), entre 30% e 50% dos TDAH tem uma taxa de comorbidade.É evidente que por causa de sua complexidade quase sempre o diagnostico revela outros transtornos associados. Em 25% das crianças que tem o transtorno apresentam outro transtorno associado, 10% do TDAH são bipolares e 70% dos bipolares são TDAH. (DUPAUL, 2002).

A tríade sintomatológica clássica da síndrome caracteriza-se por desatenção, hiperatividade e impulsividade (ROHDE et al.,2000).

Os sintomas de desatenção

  • Presta pouca atenção a detalhes e comete erros por falta de atenção;
  • Dificuldade de se concentrar (tanto nas tarefas escolares quanto em jogos e brincadeiras);
  • Parece estar prestando atenção em outras coisas em uma conversa;
  • Dificuldade em seguir instruções ate o fim ou deixar tarefas e deveres sem terminar;
  • Dificuldade de se organizar para fazer algo ou planejar com antecedência;
  • Relutância ou antipatia em relação a tarefas que exijam esforço mental por muitotempo(tais como estudo ou leitura);
  • Perde objetos necessários para realizar as tarefas ou atividades do dia -a -dia;
  • Distrai-se com muita facilidade com coisa à sua volta ou mesmo com seus próprios pensamentos.
  • Esquece se de coisas que deveria fazer no dia –a –dia.Sintomas de Hiperatividade/Impulsividade
  • Fica mexendo mãos e pés quando sentado ou se mexer muito na cadeira;
  • Dificuldades de permanecer sentado em situações em que isso é esperado (sala de aula, mesa de jantar, etc.)
  • Correr ou escalar coisas em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos pode se restringir a um sentir-se inquieto por dentro);
  • Dificuldade em se manter em atividades de lazer (jogos ou brincadeiras) em silêncio;
  • Parece ser elétrico e a “mil por hora”;
  • Fala demais;
  • Responde perguntas antes de elas serem concluídas. É comum responder a pergunta sem ler ate o final.
  • Não consegue aguardar a sua vez (nos jogos,na sala de aula,em filas, etc.);

Interrompem os outros ou se metem nas conversas dos outros.

[...]

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