TDAH: Como lidar com mentes inquietas.

Por ELISE RAFAELLI SILVEIRA MACHADO | 08/11/2016 | Educação

RESUMO

O tema abordado busca conceituar o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), juntamente com uma pesquisa desenvolvida no que tange ao comportamento e modo de ser de um DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção), sendo muito importante o conhecimento do TDAH nos dias atuais, onde cada vez mais se comenta sobre o assunto. No entanto, ainda é muito pouco estudado por profissionais da educação, bem como desconhecido pela família onde muitas vezes não sabendo como lidar com os sintomas da síndrome, sofrem e fazem sofrer. O tratamento é imprescindível, porém o sucesso deste tanto no âmbito escolar quanto na vida social depende de informação, conhecimento, apoio técnico associado a um diagnóstico responsável ao uso de indicações medicamentosas e psicoterapias, contribuindo às intervenções multidisciplinares. O apoio da família e dos professores que estão intimamente incluídos no convívio do portador é de suma importância para que ocorra um bom desempenho escolar, social e profissionalmente. Apesar das infinitas dificuldades que essas pessoas enfrentam e da superação diária na sua convivência doméstica e social, o seu desenvolvimento cognitivo não é necessariamente afetado, se a sabedoria em direcionar sua forma de ser perante às inúmeras obrigações impostas pela vida e assim forem tratadas adequadamente, sendo possível uma vida saudável e feliz.

INTRODUÇÃO

Enfatizamos nesta pesquisa assuntos relacionados ao TDAH e como lidar com mentes inquietas, cérebros que funcionam a mil por hora. Refletimos também a respeito da importância do conhecimento e do apoio daqueles que estão constantemente no convívio das pessoas que fazem parte desse contexto, como também a responsabilidade e o modo de agir da família e dos profissionais da educação no que se refere ao TDAH, ressaltando a importância do tratamento e a maneira TDAH de ser, analisando o uso responsável de medicamentos quando ministrados à criança ou adolescente.

O objetivo geral foi pesquisar e identificar peculiaridades do Transtorno de Déficit de atenção, que procurou responder ao problema proposto: “De que maneira lidar com os sintomas do TDAH”?

Os objetivos específicos foram conceituar o TDAH observando as características, ressaltando sintomas marcantes, causas e, sobretudo tratamentos. Discorrer sobre o modo de vida e como lidar com os sintomas próprios do TDAH, bem como o uso de medicamentos. Verificar junto à família e professores os aspectos mais marcantes e como lidam com DDAs que contribuíram para percebermos que a hiperatividade se faz presente nas escolas e em toda e qualquer classe social e infelizmente ainda é pouco conhecida tanto no âmbito escolar quanto no âmbito familiar.  O TDA/H tem sido tema dos mais variados estudos e a cada dia uma nova descoberta se faz, pretendo com esse trabalho esclarecer e divulgar sobre esse universo tão peculiar que é o TDAH.

A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica com autores que versam sobre o assunto para melhor compreensão do tema em estudo.  Escolhemos essa abordagem, pois Medeiros (2013) cita que segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) o transtorno é reconhecido e juntamente com a Associação Americana de Psiquiatria, são estimadas cerca de 4% dos adultos e de 5% a 8% de crianças e adolescentes em todo o mundo tenham TDAH. Além disso, calcula-se que pelo menos duas crianças de uma sala de aula de quarenta alunos sejam portadores.

Justificamos a escolha desse assunto para pesquisa devido ao aumento significativo do TDAH e a necessidade de compreender o diagnóstico, observando cada criança, adolescente e adulto na sua individualidade, pois saber lidar com os sintomas é uma das partes mais difíceis do processo de tratamento. Não deixando de ressaltar a importância do autoconhecimento e conhecimento sobre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade daqueles que convivem diariamente com o portador, para que assim aprendam a entender e lidar com um DDA. Destacando quais são os devidos tratamentos.

Desta forma, o trabalho aqui apresentado encontra-se dividido em três seções. Na primeira apresentamos o “Conceito de Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade”, elencadas na subseção 1.1 as possíveis causas, 1.2 Os sintomas. Na segunda seção apresentamos "As formas de tratamento do TDA/H. Abordamos na subseção 2.1 Medicamentos e 2.2 Lidando com o TDA/H.

   E, finalizando na terceira seção, “A colheita de dados”, dilatamos o trabalho com o relato da psicóloga Dieise Squizato juntamente com o relato da mãe de uma criança com TDAH. Nas considerações finais fizemos uma síntese dos resultados encontrados na pesquisa, avaliando as diferentes formas de identificar, apresentando facetas íntimas desse universo ainda tão pouco conhecido pelos profissionais de saúde e mais ainda pelos profissionais da educação. Como lidar com DDAs, enfatizando a necessidade do medicamento e tratamento. 

  1. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE                

Muitas denominações e siglas têm sido usadas para referir-se ao Distúrbio de Déficit de Atenção. Conforme Silva (2003), o principal problema de criar rótulos para designações comportamentais é que nem sempre revelam a verdade que de fato ocorrem nessas alterações. São exemplos de posturas como essa que o Déficit de atenção passou por algumas denominações em diferentes períodos do século XX, como: Disfunção cerebral mínima, síndrome da criança hiperativa, Síndrome da ausência de controle moral, e também Reação hipercinética da infância. Um distúrbio com características semelhantes ao TDAH apareceu pela primeira vez no Manual Estatístico de Diagnóstico dos Transtornos mentais em 1968.

Nos anos 70 as pesquisas começaram a focar no TDAH que logo foram intitulados de Distúrbios de déficit de atenção.  Já nos anos 80 foi incluído no DSM critérios de diagnóstico para DDA com ou sem hiperatividade. Todavia, no fim dos anos 80, foi alterada a palavra "Distúrbio" por Transtorno, uma vez que se constatou que a condição não é considerada uma doença, e muito menos chega ser um déficit este termo usado nos dias de hoje não traduz com precisão o que ocorre com a função da atenção no portador de TDA/H, visto que tanto a criança quanto o adulto tem dificuldade profunda em se concentrar em atividades obrigatórias que não lhe causem interesse ou paixão, sendo que quando lhes são despertados o interesse espontâneo passam horas hiperconcentrados. Levando-se a crer em uma instabilidade de atenção que esse transtorno pode lhe ocasionar (SILVA, 2003).

De acordo com Silva (2003), uma associação de DDAs e simpatizantes publicaram em uma revista americana sugerindo que, de agora em diante, se utilizasse a sigla DA/HI quando fossem discutidos de distúrbio de déficit de Atenção com hiperatividade-impulsividade. Enquanto DDA será usado para o distúrbio com características fortemente desatentas.

Então o que é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade?  Digamos que é um trio: Distração, impulsividade e hiperatividade.

Silva (2003) cita que quando falamos de DDA não devemos raciocinar como se estivéssemos perante um cérebro imperfeito, que por muitas vezes oscila entre o universo da plenitude criativa e o do esgotamento de um cérebro que nunca para.

O TDA/H é o nome dado a uma síndrome neurobiológica evidente de causas genéticas acontecendo os primeiros sinais na infância e frequentemente acompanhando o indivíduo a sua vida toda. Foi descrita pela primeira vez em 1798 pelo médico e autor escocês Alexander Crichton que descreveu com êxito as características desse transtorno como a inquietude, a desatenção sempre presente e a impulsividade e como esse quadro afeta a trajetória escolar sugerindo que os professores fossem mais observadores em sala de aula. Alexander estava há décadas à frente da sua geração (REINHARDT, 2013).

 Durante as aulas mais monótonas notavam-se que nem os castigos e punições severos eram suficientes para que esses alunos prestassem atenção. Durante muito tempo chegou-se a pensar que o TDAH era exclusivo dos meninos, já confirmado nos dias de hoje que isso foi um equívoco.

O TDAH, se pudéssemos definir em uma frase seria caracterizado por uma aceleração no funcionamento mental, sendo comprovado e reconhecido pela medicina. Pedir a uma pessoa TDAH para se concentrar e se organizar, é a mesma coisa de pedir a um míope que leia sem óculos. Também não é uma condição psicológica que dependa de puro esforço para que seja pontual ou que ela deva se dedicar a ser. Ainda que esse esforço melhore a rotina, o cérebro de um TDAH não funciona como o cérebro das pessoas que não possuem o transtorno.

É uma síndrome que se caracteriza por sintomas de desatenção, distração, impulsividade, esquecimento, desorganização, adiamento crônico, inquietude1. Sendo o transtorno mais comum em crianças e adolescentes, em mais da metade dos diagnosticados o transtorno acompanha o indivíduo em sua vida adulta, no entanto se tornando mais branda a hiperatividade física.
Geralmente os primeiros a perceberem uma criança hiperativa e desatenta são os professores em atividades em sala de aula onde o transtorno se associa às dificuldades na escola e nos relacionamentos com as demais crianças.  Desde muito cedo esse indivíduo pode sofrer bullying considerado como crianças dispersas, preguiçosas, bagunceiras, ligadas por um motor entre outros tantos nomes que consequentemente venha a bombardear a sua autoestima. Chegam à fase adulta desmotivadas, descrentes de suas capacidades o que pode refletir em toda sua vida caso não tenham orientação necessária envolvendo trabalho de psicoterapia associado ao tratamento medicamentoso se necessário. Prescrito corretamente em indivíduos que necessite realmente, a vida se torna muito mais fácil e pode-se dizer um verdadeiro alívio aos portadores.

Com o advir do tempo, o próprio portador se incomoda com seus deslizes de dispersão, pois provocam além de problemas de relacionamento, ampla dificuldade de organização em todas as esferas de sua vida que, por conseguinte o fazem gastar muito mais tempo e esforço para alcançar atividades simples do cotidiano. Podendo os indivíduos DDAs serem comparados a um carro cujo motor desregulado consome muito mais combustível submetendo suas peças a um maior desgaste procedendo a menor resistência e desempenho. 

[...]

Artigo completo: