Tapera
Por Patricia Fontela Gouterres | 16/04/2012 | Poesias... O por do sol laranja cobre a tapera, e o campo alagado que outrora fora bebido pelo gado...
O vento minuano açoita o velho casebre, a ruína do galpão enchia de tristeza até o mais rude peão, só silêncio no lugar do latir da cuscada , antes havia a fumaça persistente do fogão que devorava a lenha.
Era tudo harmonia nos braços de quem a casa se sustentava, o suor que pintava o casarão de branco, com cercas vivas de flores madresilvas.
Hoje sopra baixinho a ventania, parece ter respeito pela vida que existia na tapera, tão rude, lascava as mais belas lembranças, da matiada da aurora, até o final da lida das tardes de inverno que refuscas de noites de prata.
.... Chega o negrume e mancha a visão da tapera, que se encolhe, e o velho casebre se desfaz na escuridão, as lembranças da vida que ali existiu, como um quadro negro que se apaga, e só a noite corcoveia com seus pontos cintilantes, cavalga na história de mais um dia.
Patrícia F Gouterres.