Tão atual como a dois ou três mil anos atrás!
Por Reinaldo Bui | 13/04/2013 | Bíblia
Estejam sempre atentos e orem, para que voces possam escapar de tudo o que está para acontecer e de estar em pé diante do Filho do homem. (Lucas 21.36)
Fomos criados por Deus, e por isso temos a necessidade de estar em contato com Ele. Mesmo entre os ímpios, entre aqueles que vivem como se Deus não existisse, ou ainda entre aqueles que negam a Sua existência, na hora do aperto todos clamam a Deus, cada qual da forma que acha mais conveniente ou crê que seja mais penitente. Vemos um exemplo claro disto nos profetas de Baal:
E eles clamavam em altas vozes e se retalhavam com facas e com lancetas, segundo o seu costume, até derramarem sangue. Passado o meio-dia, profetizaram eles, até que a oferta de manjares se oferecesse; porém não houve voz, nem resposta, nem atenção alguma. (I Reis 18.26 a 29)
Todos concordamos que uma coisa é querer falar com um deus que não existe, outra bem diferente é clamar ao Deus vivo. Porém, precisamos ponderar também se Deus ouvirá ou considerará nossas orações. Digo isto porque devemos nos lembrar que “o que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável” (Provérbios 28:9). Ora, se não nos importamos de saber o que as Escrituras falam sobre determinado assunto, certamente o Senhor não tem a obrigação moral de nos socorrer quando falhamos naquela área. Aí, contamos apenas com a Sua misericórdia...
Por não termos todos a mesma origem cultural, familiar e eclesiástica acabamos buscando a Deus conforme nossas próprias idéias e pressuposições, segundo a tradição que fomos educados. Por isso vemos como é fácil deixarmo-nos levar por outros (inclusive por práticas ou idéias originariamente ímpias) antes de considerarmos o que diz a Palavra. Não se espante com mais isto que digo, porque certamente corremos este risco. Daí vem a advertência: não façam como os gentios! (Mateus 6.7).
Eis a visão de um ímpio: Gilberto Gil, músico brasileiro, compôs na década de oitenta uma música intitulada “Se eu quiser falar com Deus”. A letra da música está registrada abaixo. Nesta canção, Gilberto Gil expressa sua opinião sobre oração. Nota-se o tom de auto-penitência e lamúria que ele emprega nesta letra. Segundo sua reflexão sobre o que é preciso para falar com Deus, este autor demonstra sua total ignorância sobre quem Deus é e o que Ele espera de nós, e ao final, Gilberto Gil esbanja todo o seu pessimismo: Não dá em nada, nada, nada, nada...
Conta-se a história de um judeu que orava diante do muro das lamentações há 20 anos. Um dia lhe perguntaram: ‘Qual é o seu sentimento por ficar orando por tanto tempo diante do muro?’ e sua resposta foi: ‘Às vezes sinto como que está falando com a parede.` Quantos já tiveram este sentimento, que está falando e não tem ninguém ouvindo? Aqui fica nítido perceber que quando se segue as próprias idéias, o resultado é solidão e desolação.
Porém, o perigo reside no fato de que não apenas ímpios podem influenciar negativamente nosso conceito sobre oração, mas também crentes ao instituírem e sacralizarem determinada posição, impostação, horário e ou duração para se falar com Deus. Para estes, a idéia de oração não difere muito da visão de Gil: para falar com Deus exige-se solidão, escuridão, silêncio, relaxamento, abnegação, dor, desgraça, rebaixamento, tristeza, e ainda se mostrar alegre. Seguindo esta abordagem, corremos o risco de alcançar no final a mesma coisa que o nosso ex-ministro macumbeiro: Nada!
Se não é através de formas e ritos pré estabelecidos, o que é necessário para se ter um relacionamento íntimo com Deus? O próprio Senhor nos ensina:
Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Jeremias 29:13
Buscar a Deus de todo o nosso coração significa que não podemos ter o nosso coração dividido com mais nada além dEle. Deus não compactua com nossos ídolos, não condescende com religiosidade humana e nem compartilha espaço com as paixões desta vida. Ou Ele é exclusivo para nós ou não. Ou nos dedicamos inteiramente para Ele ou não. Ou consagramos tudo o que somos e possuímos a Ele ou não. Ou nos entregamos a Ele ou continuaremos pendurados somente em nossa força, estribados no nosso próprio entendimento. O resultado da segunda opção fatalmente será um sentimento de fracasso e constante ansiedade. Tudo isto, certamente, interfere na e reflete a maneira como oramos!
Muitas vezes, a questão não é querer ou não buscar a Deus (em oração) de todo o nosso coração, mas sim a vergonha de abrir-lo para o Senhor, devido a tamanha sujeira e desordem se encontra lá dentro. Abra-o e Ele limpará toda a sujeira e colocará ordem na casa!
O alerta de Jesus a todos os seus discípulos é válido PRINCIPALMENTE para os nossos dias:
“Tenham cuidado para não sobrecarregar o coração de voces de libertinagem, bebedeira e ansiedades da vida (hedonismo e materialismo*), e aquele dia venha sobre voces inesperadamente, porque ele virá sobre todos os que vivem na face de toda a terra. Estejam sempre atentos e orem para que voces possam escapar de tudo o que está para acontecer, e estar em pé diante do Filho do homem.” (Lucas 21.34 a 36)
Se declaramos que Deus é o Senhor, que dEle é o reino, o poder e a glória, façamos isto de todo o nosso coração, com toda sinceridade e fé.
*Interpretação do autor. Hedonismo e materialismo são as maiores características da nossa sociedade atual. É notório o quanto este estilo de vida tem influenciado a Igreja do Senhor aqui na terra.
Música: Se eu quiser falar com Deus...
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que folgar os nós
Tenho que ter mãos vazias
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que subir aos céus
Sem cordas para segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada,
Nada, nada, nada, nada,
Nada, nada, nada, nada,
Nada, nada, nada, nada,
Do que eu pensava encontrar