Sustentabilidades e Insustentabilidades do Turismo Litorâneo
Por Franzé Filgueiras Russo | 24/04/2011 | GeografiaARTIGO
Sustentabilidades e Insustentabilidades do Turismo Litorâneo
Resumo
O artigo "Sustentabilidades e Insustentabilidades do Turismo Litorâneo ", organizada pelos professores cearenses Luzia Neide Coriolano e Fábio Perdigão Vasconcelos, é mais um brilhante trabalho frutos desta parceria onde se aborda o turismo como uma atividade produtiva contemporânea onde cada vez mais se produz e se reproduz ideologias contraditórias quanto ao seu papel geo-ambiental e sócio econômico.
Identificação da Obra
L. N.M.T. Coriolano 1, C.S.Leitão 2 , F.P. Vasconcelos 3 - Sustentabilidades e Insustentabilidades do Turismo Litorâneo . Artigo publicado na Revista da Gestão Costeira Integrada 8 (2) :##: (2008), Disponibilização on-lani ? 2 de setembro 2008.
Credenciais dos autores
1- LUZIA Neide MENEZES TEIXEIRA CORIOLANO,coordenadora do Laboratório de Estudos do Território e do Turismo (NETTUR) da Universidade Estadual do Ceará (UECE) ganhou prêmio de Pesquisador Turístico Destaque ANPTUR 2009, durante o VI Seminário da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo (ANPTUR), realizado em São Paulo, nos dias 10 e 11 de setembro. O encontro aconteceu na Universidade Anhembi Morumbi, cujo tema versou sobre "Turismo e Hospitalidade nas Pesquisas Científicas: Perspectivas Disciplinares, Temáticas e Metodológicas". A pesquisadora Luzia Neide fundou e coordenou o curso de Doutorado e Mestrado Acadêmico em Geografia (PropGeo), do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) da UECE. Na ocasião, a presidente da ANPTUR, professora Mirian Rejowski, entregou o troféu de Pesquisador Turístico Destaque ANPTUR 2009.
2- FÁBIO PERDIGÃO VASCONCELOS nasceu em Fortaleza, Ceará, Graduou-se em Engenharia de Pesca pela UFC em 1979; Especialista em Oceanografia pela Universidade de São Paulo ? USP em 1984; Doutor em Oceanografia pela Universidade de Nantes, França, em 1992; Pós-Doutor em Geografia pelo IGARUN/FRANÇA em 2003
Aspectos fundamentais da o abra
O turismo é uma atividade ligada ao setor terciário da economia que vem proporcionando ao mundo moderno uma maior aceleração nos processos do desenvolvimento, uma vez que o mesmo transforma diferentes espaços em mercadorias na busca do lucro.
Neste contexto, segundo a professora Coriolano, o turismo surge como uma atividade produtiva contemporânea onde cada vez mais se produz e se reproduz ideologias contraditórias quanto ao seu papel geoambiental e sócio econômico promovendo assim uma série de conflitos e contradições.
Neste artigo, a autora apresenta reflexões sobre contradições e desafios relativos à sustentabilidade do turismo, em face dos significados tradicionais de desenvolvimento adotados pelas políticas governamentais e sua desconexão com outras políticas, que podem contribuir para a construção do turismo solidário, voltado para o fomento da diversidade cultural e inclusão social das populações litorâneas
Turismo é movimento de pessoas, é um fenômeno social, econômico e cultural que envolve pessoas. Portanto, "o mesmo é uma atividade que necessita do uso de ambientes naturais e culturais, produzidos pelo trabalho, para transformá-lo em espaço de lazer" (CORIOLANO, 2008, p. 2). No início do século, época em que o mundo passa por fortes transformações decorrentes do processo de globalização, onde as bases capitalistas comandam as relações de mercado, o turismo emerge como uma atividade produtiva contemporânea.
A pesquisadora destaca no seu artigo a questão da (in)sustentabilidade do turismo calcado em duas vertentes: sendo a primeira de natureza econômica, pela contradição capitalista, uma vez que tal atividade nos países periféricos gera uma falsa "ilha de prosperidade" que entram em conflito com espaços marginalizados, fazendo emergir máscaras sócias e contradições sócio-espaciais, com elevada exploração do mercado de trabalho, grande porcentagem de trabalhadores temporários , ocasionais além dos informais; maior exploração do individuo na jornada de trabalho; poucos trabalhadores sindicalizados. Destaque-se ainda a exploração de mão de obra feminina com contratos de meio período, ocupando cargos de menores responsabilidade em detrimento da presença de trabalhadores estrangeiros, nos cargos mais elevados e mais bem remunerados ficando desta forma também evidente a questão discriminatória.
Já a segundo vertente tem aspectos mais ligados as questões culturais e
geo-ambientais , uma vez que é notório observar as questões ligadas aos desequilíbrios dos ecossistemas, assim como a crescente especulação imobiliária impactando os mais diversificados Biomas . Do ponto de vista cultural observamos que as influências externas, acabam descaracterizada em parte ou como um todo os costumes e as tradições,forçando a população locais submergisse sua verdadeira identidade, fato esse que segundo Coriolano é agravado ainda maios pela ausência de interlocução entre as políticas públicas que produzem efeitos danosos nas populações nativas, contribuindo para a (in)sustentabilidade de grandes projetos turísticos, os quais muitas vezes nascem fadados ao fracasso.
Para a professora Coriolano as contradições são bastantes relevantes e valiosa quando refletidas sobre a (in)sustentabilidade do fenômeno turístico nas sociedades contemporâneas. Uma vez que a reflexão torna-se gradativamente mais oportuna no contexto em que a atividade turística vem ampliando cada vez mais as questões de inclusões sócias, e consequentemente vem se libertando da imagem meramente econômica, passando a adquirir novas dimensões sócio- espacias.
Pois como sabemos o turismo tem sua gênese relacionado as questões interligadas do ócio e do trabalho. O mesmo é produto do modo de viver contemporâneo, cujos serviços criam formas confortáveis e prazerosas de viver, restritas a poucos. É possível constatar logísticas globais sob o comando de corporações e bancos internacionais que se sobrepõem à autonomia dos governos estaduais e municipais, redirecionando suas ações para atender interesses globais, embora com especificidades regionais. A riqueza do turismo está na diversidade de caminhos para sua produção e apreensão, nos conflitos e possibilidades de entendimento desse fenômeno.
Para a pesquisadora em se tratando de Fortaleza a autora ainda nos revela e enumera no seu artigo, tendências animadoras para o exercício da responsabilidade social, caminhando na busca de iniciativa um turismo mais solidárias; tais como : Denunciando o trabalho infantil, desenvolver cursos de capacitações e promover uma política de empreendimentos culturais e de lazer popular;combatendo a displicência e a desonestidade praticada contra o turista; ajudar a organização comunitária na luta por seus direitos e concretização da cidadania; apoiando a realização de estudos, pesquisas e programas com objetivos de desenvolvimento sustentável, de melhoria de ambientes, de recuperação ambiental; proteção das cidades, paisagens, serras, litorais, sertões, enfim, de grande variedade de geossistemas ou espaços geográficos.
Diante dos exposto podemos acreditar num turismo integrador que seja capaz de promover novos paradigma de (re)definição de variáveis relativas a sustentabilidade criando um o desenvolvimento; que favoreçam a uma sociedade mais justa, solidário e alto sustentável.
Autor: Francisco Jose Filgueiras Russo. Formado em Lic Plena em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará, Especialista em ESPECIALIZAÇÃO EM METOD DO ENSINO DA GEOGRAFIA . (Carga Horária: 480h).pela Universidade Estadual do Ceará, UECE, Brasil. Atualmente cursa o mestrado em Geografia- (Propgeo- Ce). Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Regional. Professor de , geografia físicae humana , geografia do Nordeste e do Ceará. Professor de curso preparatório de vestibulares com experiência em formulação e resolução de questionamentos do ENEM. Nome em citações Bibliograficas : RUSSO, F. J. F. (Ver obras na base LATTES)
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