SUPERANDO VESTÍGIOS DE VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE

Por Lúcia de Jesus David Dias Corrêa | 20/11/2012 | Educação

SUPERANDO VESTÍGIOS DE VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE

A sociedade atual vive uma enorme onda de violência no âmbito social, levando em consideração a violência essencialmente do ser humano sonhamos com tempos de paz. Mas, como caminhar rumo a paz? Temos na educação uma grande oportunidade de reverter o panorama de violência juntamente com os pais podemos formar cidadãos de paz a fim de superar manifestações de agressividade, podendo diminuir as causas que propiciam a violência social.

A violência é objeto de pesquisas e de reflexões teóricas para diversos sociólogos, a violência escolar também é considerada um fenômeno social devido às condições históricas da sociedade que estabelece os limites das ações humanas e individuais, por razões pessoais em que cada indivíduo decide respeitar ou não os limites sociais. Portanto, é um aspecto do livre agir humano, susceptível da educação, uma vez que a educação pode ser entendida como a educação do homem que não ocorre em tempo preciso, mas na totalidade das situações em que essa experiência é vivida.

Podemos considerar a violência um problema da sociedade com um todo, particular quando atinge determinados patamares de intensidade, ela repercute logicamente no meio escolar, de várias maneiras e por várias razões, umas de fator social e outras de fator psicológico. Pino afirma que “se a educação não é a solução para acabar com a violência, sem educação a violência não tem solução, nem a curto, nem em longo prazo” (Pino, 2007, p. 776 apud Martins, 2009).

Morais afirma que, a violência é coisa de seres humanos, ou seja, é coisa que está  no âmago das personalidades. Na verdade, o mundo humano não se divide em violentas e não violentas, mas sim se divide entre homens que se realizam e se alegram movidamente no violentar outros, e os que sendo lucidez e vigilância sobre os seus traços violentam – lutam todo o tempo para reduzir a violência ao seu mínimo possível na imperfeição do nosso mundo e da nossa condição.

Segundo Kierkegaard (apud Morais, 1995), o eu humano é uma síntese de opostos, vê-se que o homem mediante valores que elabora ou apenas aceito, vivendo a busca desesperada do equilíbrio. Do mesmo modo que existem aqueles que se comprazem em práticas violentas, há os que lutam a vida inteira no esforço de evitar a violência. A pulsão está em ambos, mas o uso dos recursos de consciência depende dos valores que cada grupo tenha abraçado e desenvolvido. De fato, o equilíbrio é a busca do equilíbrio e a saúde é a busca da saúde, podemos viver numa dinâmica mais plena de possibilidades do que de negatividades, isto pela perspectiva na busca um mundo mais humanizado.

Acontece que os meios de comunicação de massa, com destaque a televisão e a radiofusão, transmitem as populações o que faz notícia, pois, o que faz notícia são os crimes hediondos, atentados guerrilheiros, desastres e chacinas. Assim, os cidadãos, hoje com acesso a notícias de todo o mundo, recebem uma carga diária de imagens e descrições de violência que já não distingue bem o excepcional do habitual.

Dessa maneira, a impressão passada diariamente pela mídia é a de que uma incontível onda de violência agita o mundo sem que nada possamos fazer. Nossas sociedades ainda não lograram distinguir o ritmo inteiriço da realidade cotidiana dessa colagem fragmentária feita em hiper-realidade pelos atuais meios de comunicação de massas.

O conceito de crime e agressão, sendo usado indistintamente, o que pode dar origem a graves equívocos, não só porque significam coisas distintas, mas também porque essa prática pode mascarar objetivos de natureza ideológica. Crime é um conceito de natureza legal que, em si mesmo, significa apenas um ato de transgressão da lei penal, ou seja, seu autor se as sujeita a penas legais variáveis segundo as sociedades, pois enquanto ato de transgressão, o crime não tem, em si mesmo, qualquer conotação de violência física, social ou moral, embora possa ser agregada a alguns desses atos em razão da forma que eles se revestem, pois no código penal o crime é visto em duas vertentes, agravante ou atenuante desta forma sem retirar do ato seu caráter criminal altera o grau de responsabilidade penal do seu autor.

No Brasil, temos uma história de pouco mais de 500 anos na qual em nenhum momento a educação foi situada como prioridade, afinal é uma longa história de submissões na qual a classe dirigente do país nunca foi mais do que gerente de interesses dos exploradores estrangeiros, nunca foi mais do que um reduzido número de economicamente privilegiados dotados de um espetaculoso menosprezo pelo contingente produtivo e pobre da nação. Darcy Ribeiro escreve que o Brasil nasce e cresce, com um proletariado externo das sociedades européias, destinando a contribuir para o preenchimento das condições de sobrevivência de conforto e de riqueza destas e não das suas próprias.

Uma vez expulsos os jesuítas da colônia no século XVIII, uma rede educacional ainda precário, porém, dotada de grande eficiência pedagógica, e tudo isso constatou que os anos 30 não foram mais que um arremedo mal-arrumado de educação escolar. O Brasil foi um raro lugar, no qual durante o período imperial e o da chamada República Velha, o ensino superior era iniciado por D. João VI e tendo desdobramentos, mostrava muito mais definida organização do que os ensinos elementares e secundários. E quando o ministro Francisco fez sua reforma e reorganização do ensino tiveram dois resultados: 1º) pela primeira vez o ensino brasileiro, especialmente, o secundário via-se realmente organizado ; 2º) fora organizado a partir das concepções demasiado rígido e elitistas.

Atualmente,  em nome de uma democratização do ensino, encontramos uma vida escolar terrivelmente concessiva, dotada de uma normatização flácida, desnorteada entre a grande demanda por escolarização e as péssimas condições de ensino existentes. E isto corre, mais uma vez, por conta do fato de que a educação está longe de ser estabelecida como prioridade para o engrandecimento nacional e para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.

Varella (2005) afirma que as raízes orgânicas e sociais da violência é uma das enfermidades contagiosa. Embora os indivíduos acometam vulneráveis agressões em todas as classes sociais, é justamente nos bairros pobres que esta se torna epidêmica. Pois, a prevalência varia de cidade para cidade, e de um país para outro, como regra, a epidemia começa nos grandes centros e se dissemina pelo interior. Mas, nem sempre é crescente, pois a mudança de fatores ambientais pode interferir em sua escalada.

Em suma, nesse grande movimento de recuperação ética do país, observa-se que a educação pode e deve desempenhar papel da maior importância, desde que todos os agentes educacionais e a família queriam mudar as coisas para melhor, assumam atitudes sadias, apesar das dificuldades para enfrentar as toneladas de lixo mental que a sociedade produtivista e consumista lança sobre nós. Não pode admitir que estejamos no cadafalso da história vivendo uma hora terminal.

Referências

VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE BRASILEIRA: REFLETINDO SOBRE ALGUNS ASPECTOS CAUSAIS Autor: Raimundo da Silva Santos Júnior ...

assertivo.blogspot.com/2006/02/violncia-e-sociedade.html

23 fev. 2006 – VIOLÊNCIA E SOCIEDADE.

Violência, criminalidade e sociedade brasileira. Julio Henrique Santos Soares - São Paulo(SP) - 03/05/2008