SUPERAÇÃO DO CORPO DOCENTE DO ENSINO GERAL EM ANGOLA.

Por José Luis Sabonete Calulo | 10/05/2014 | Educação

Autor: Licenciado e Diplomado em Matemática, Pós Graduado em Redação cientifica e MsC. José Luís Sabonete Calulo 

 Docente da Escola do II - Ciclo do Ensino Secundário Comandante Vilinga do   Huambo – Angola.

Resumo

A superação do corpo Docente é um assunto que necessita de uma especial atenção, atendendo a sua complexidade. Em este artigo se faz uma abordagem relativamente as dificuldades que enfrentam os profissionais de educação no Ensino geral.Todavia apresentamos   algumas sugestões para a resolução desta problemática.

Introdução

Segundo os autores Nóvoa 1991, Freire 1991 e Mello 1994, "A formação contínua  é saída possível para a melhoria da qualidade do ensino, dentro do contexto educacional contemporâneo. É uma tentativa de resgatar a figura do mestre, tão carente do respeito devido a sua profissão, tão desgastada em nossos dias”.

"Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática", (FREIRE, 1991: 58).

Assim, o processo de ensino deve ser visto como um processo que visa preparar as novas gerações para os desafios vindouros. É fundamental que seja dirigido por profissionais com uma grande formação cientifica e pericia pedagógica.

A perícia pedagógica é uma arte, logo deve ser desenvolvida, ou seja, aperfeiçoada de forma contínua.

Desenvolvimento

A modernidade exige mudanças, adaptações, atualizações e aperfeiçoamento. Quem não se atualiza fica ultrapassado. A globalização, a informática e toda a tecnologia moderna é um desafio a quem se formou há vinte ou trinta anos. A concepção moderna de educador exige "uma sólida formação científica, técnica e política, viabilizadora de uma prática pedagógica crítica e consciente da necessidade de mudanças na sociedade Angolana" (Brzezinski, 1992:83).

É do conhecimento de todos de que o progresso de um País, passa fundamentalmente pela formação integral dos recursos humanos. Assim sendo, o programa do Governo para o quinquënio 2013/2017 em uma das suas linhas de accão, faz referencia a  superação e formação do homem, para enfrentar os desafios do Mundo em que esta inserido .Assim,o professor como gestor principal do processo de ensino, deve ir sempre em busca de inovações, porque este processo é fortemente dinâmico e exige do professor cada vez mais competência e atualização.Entretanto,a vontade de superação por parte do corpo docente em Angola é evidente e simplesmente as oportunidades de formação é que não são iguais para todos.

Assim, temos alguns exemplos menos bons, de alguns compatriotas que preocupados com a situação do processo de ensino-aprendizagem,  deslocaram-se para algumas Províncias e outros  em alguns Países ,com a finalidade de uma possível formação acadêmica. Após ter passado um curto espaço de tempo, lhes foi cancelado os salários.

Reflitamos nas seguintes questões:

Quando o professor se supera, quem ganha com isso?                    É simplesmente o Professor?

A escola não ganha com a superação do incansável e combatente professor?

O País não ganha com a formação deste professor?

São algumas perguntas que cada um sabe quais são as respostas certas. Sem monopolizar as respostas, penso que o ganho é comum, ou seja, o País ganha bastante. Porque este professor ora formado, volta para servir o País com competência, habilidade e profissionalismo moderno.

O processo de ensino exige uma actualização constante quer seja; tecnica-profissional ,pedagógica e didáctica.Por esta razão o professor não pode ser estático.

De um tempo a esta parte, os professores do ensino geral tem sido marginalizados relativamente a superação académica. Supõe-se que o nível máximo para este ciclo deve ser o grau de licenciatura. O que não é e nunca será verdade. Há pessoas que pensam que o grau de Mestre e Doutor é só para os Docentes Universitários é um conceito altamente errado. É necessário que se mude de mentalidade porque numa sociedade que se quer inclusão social deve haver oportunidades de formação para todos.

Por outro lado é bom que os responsáveis máximos do sistema de educação em distintas áreas do Mundo e de Angola em particular, tenham noção de que para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem é fundamentais que estejam envolvidos no processo pessoas altamente qualificadas. Por vezes este conceito de qualificação é limitado apenas em alguns seminários de refrescamento que são necessários, mas não fundamentais.

Temos realmente a salientar e felicitar a visão de alguns Directores que apostam na superação do corpo docente, para o bem do País e da Escola em particular. Cumprindo assim, com a política do Executivo para o quinquënio 2013/2017 de formação e superação dos recursos humanos.

A visão de um líder de educação é determinante para o progresso do ensino no País ou na província em particular. Assim, foram inquiridos 150 profissionais de educação de diversas províncias do País e todos eles manifestam o desejo de prosseguir com a formação. Como? Não sabem. Têm sempre duas opções:

  Estudar e perder o salário;

  Não estudar e ter salário.

Assim, jogando no seguro e como o emprego está mesmo difícil, todos optam na segunda opção (Não estudar e ter salário).

É altamente chocante quando o professor estuda para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem do país e fica sem salários. Que maldade. É fundamental e urgente que se crie uma política clara de formação para os professores do ensino geral. Porque não devem ser estáticos.

Sabemos que o sucesso de um estudante no ensino Superior, depende em grande escala das bases adquiridas nos níveis anteriores, onde o ensino médio é determinante. Assim é fundamental que os professores deste ciclo e não só, tenha uma superação adequada que se enquadre com as exigências do Mundo actual e com uma visão que permita perspectivar o futuro.

Para o ensino superior há uma política de superação e formação dos recursos humanos que realmente é satisfatória e bem vinda. Porque não criar a mesma política no ensino geral?

Seria conveniente que os professores do ensino geral tivessem também este privilégio, mesmo que fosse a uma escala inferior relativamente ao ensino superior.

Quando em um edifício a base esta mal, o edifício não tem consistência. Logo a base do ensino superior é fundamentalmente o ensino Médio. Assim, há necessidade de dobrar esforços para a formação dos dinamizadores do processo, neste nível de ensino.

A qualidade do processo docente educativo depende do nível de formação do professor, onde o domínio do conteúdo, assim como a pericia pedagógica são determinantes. Logo, sem apostar na formação e superação dos recursos humanos é muito prematuro e errado falar de qualidade do  processo de ensino e aprendizagem.

Quando se planifica uma reforma, não deve se realizar simplesmente a reforma dos programas e conteúdos, mas sim, é necessário reestruturar em primeira instancia o modelo de formação dos profissionais que vão viabilizar a implementação da referida reforma. O que muitas vezes não acontece.

Apresentamos aqui uma proposta para a formação académica dos recursos humanos do ensino geral á nível das instituições escolares.

1)    As Direcções províncias de Educação devem ter uma visão virada para o progresso do processo de ensino, ou seja, para a qualidade do processo de ensino e aprendizagem, com vista a viabilizar a superação dos profissionais;

2)    As Direcções das escolas devem identificar quais são as disciplinas que a escola tem maiores debilidades;

3)    Seleccionar os professores em função das necessidades da Instituição (o mínimo 2 professores por área);

4)    Definir o tempo de instancia e os cursos, em função das necessidades da Instituição;

5)    Manter o salário dos professores seleccionados com a finalidade de financiar a mesma formação;

6)    Controlar o desempenho dos professores que estão em formação.

Depois de terminada a formação destes professores, volta-se a aplicar o mesmo processo para outros professores. Assim veremos que em um curto espaço de tempo teremos nas instituições profissionais altamente qualificados, evitando assim o improviso.

Como muitas vezes os próprios gestores  províncias é que impõem barreiras, os Directores das escolas podem muito bem implementar estas estratégias a nível institucional. Porque quem ganha é mesmo o País.

Conclusões

É fundamental que  haje, oportunidades de superação do corpo docente  para o bom andamento do processo de ensino e aprendizagem.

Quando o autor deste artigo faz referencia a superação do corpo docente não se refere simplesmente em alguns seminários que se tem vindo a realizar,faz referência a capacitação académica e profissional que um Pais em via de desenvolvimento tanto necessita.

É conveniente criar processos de formação de quadros á nível de instituições, atendendo as necessidades da instituição. Para o caso da educação há realmente grandes necessidades. Deixando assim, de improvisar professores em diferentes áreas do saber, o que não é bom para o processo de ensino e aprendizagem

O incansável e combatente professor deve ter sempre uma visão progressista relactivamente a superação.

Que o amor ao próximo reine no seio dos profissionais de Educação, principalmente nos que ocupam cargos de Direcção e chefia, porque são os que mais dificultam a superação do pessoal docente.

Que o espírito de não querer ver o próximo a progredir, desapareça no seio dos gestores da educação do País e na Província em particular.

Bibliografia

Calulo, J.L.S; Mestre, U. (2013). Necessidade e possibilidade de actualizar, desde o ponto de vista científico e tecnológico o currículo e a metodología de ensino da disciplina Física na 12ª clase da Escola do Segundo Ciclo do Ensino Secundário. CD-ROM de Memorias del VIII Taller Internacional “Innovación Educativa-Siglo XXI” y VII Congreso Iberoamericano de Educación Científica. Las Tunas, Cuba. Mayo 2013. Editorial Universitaria del Ministerio de Educación Superior de la República de Cuba. ISBN 978-959-16-2107-8. 

FREIRE, (1991: 58 ) citado por Maria/BA.

 Nóvoa 1991, Freire 1991 e Mello 1994 citado por Maria/BA.

Módulo I - Curso de Formação Continuada para professores de Educação Infantil / Coração de Maria/BA .Revista nova escola.

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