SUPER HERÓIS DA CONVERGÊNCIA: A UNIFICAÇÃO NARRATIVA DA MARVEL STUDIOS EM UM UNIVERSO TRANSMIDIÁTICO
Por Filipe Ribeiro de Paiva Maia | 12/07/2017 | FilosofiaIntrodução O presente estudo se propõe a refletir a respeito dos conceitos de convergência das mídias, indústria cultural, narrativa transmídia e inteligência coletiva e a influência desses fenômenos na sociedade, observando o modo como as pessoas de comportam em torno dessas inovações. Tem-se por objetivo a compreensão das transformações que as novas tecnologias, a partir da possibilidade de convergir diferentes mídias, causam na máquina social. Para alcançar essa meta, são levadas em consideração as teorias de Henry Jenkins, Theodor Adorno e Pierre Lévy, aplicando-as à análise do universo narrativo transmidiático que a Marvel está construindo no cinema e na televisão. Para situar o leitor na história da convergência, recorre-se ao invento do cinema, seu desenvolvimento através de cientistas, inventores e interessados, sua popularização em clubes de teatro popular e a conquista do status de lazer de luxo. Paralelamente, experimentos são realizados para transmitir imagens à distância junto com som e até cores – eis que surge a televisão. A partir daí cinema e televisão aproveitam a oportunidade de se basear um no outro e iniciar um processo de expansão narrativa. O cinema avança em Nova York, mas os pagamentos de direitos autorais para Thomas Edison pelo advento da máquina filmadora mais popular da época estimulam produtores a migrarem para o outro lado do país, onde fazem prosperar a pequena cidade de Hollywood. A facilidade oferecida pela região para a confecção de filmes aliada ao gosto do público e os interesses financeiros dos grandes estúdios. Forma-se, então, uma equação que traduz os princípios da chamada indústria cultural. Com um grande panteão de personagens e tramas originários da Marvel Comics, a Marvel Studios não desperdiça a fonte que tem a seu dispor e dá início à produção de seus próprios filmes de super heróis, inspirados nos quadrinhos da editora. Tem início, então, a construção de um universo audiovisual transmidiático que prospera tanto no cinema quanto na televisão. Para entender a convergência das mídias, recorre-se principalmente aos pensamentos de Henry Jenkins, explicando seus conceitos, refletindo sobre o constante receio social de que uma nova mídia pode levar uma antiga ao desuso e levando à compreensão de que cada meio de comunicação deve se complementar aos outros, de forma a oferecer aos usuários uma experiência completa e enriquecedora. A indústria cultural funciona a base de estereótipos e alienação, mas até que ponto isso é bom ou ruim? Ainda que se apoie em constantes repetições e novas formas de se oferecer o mesmo produto, esse conceito abrange o continuísmo social. São apresentados os pilares dessa linha de raciocínio tendo as ideias de Theodor Adorno como embasamento. Aqui pensada de forma integrada à inteligência coletiva, a narrativa transmídia é a arte de construir um universo factual ou fictício em duas ou mais mídias distintas, aproveitando-se de suas características para oferecer novas perspectivas ao público. As pessoas, por sua vez, devem interagir entre si, estimulando a troca de informações de forma que o conhecimento de todos possa se complementar e expandir. Essas teorias são, então, aplicadas aos longas metragens, curtas metragens e série de televisão produzidas pela Marvel Studios. A empresa dá início, no cinema, a uma franquia de super-heróis que pode ser melhor aproveitada preenchendo pequenas lacunas com material extra presente nos Blurays dos filmes. O sucesso é tanto que ela se expande também para a televisão, levando seu universo para uma série semanal. Para fins de análise, essa empreitada é aqui dividida em três tópicos: a Fase Um, com a primeira leva de filmes para o cinema; a série televisiva; e a Fase Dois, que está produzindo e lançando a segunda leva de filmes de forma integrada aos episódios do seriado. A Fase Um contempla os longas metragens “Homem de Ferro”, “O Incrível Hulk”, “Homem de Ferro 2”, “Thor”, “Capitão América: O Primeiro Vingador” e “Os Vingadores”; além dos curtas metragens “O Consultor”, “Uma coisa engraçada aconteceu no caminho para o martelo de Thor” e “Artigo 47”. A série de televisão exibe atualmente sua segunda temporada. Para fins de análise, é mantido o foco na primeira, especialmente nos seguintes episódios: “Pilot”, “Eye Spy”, “Girl in the Flower Dress”, “The Magical Place”, “T.A.H.I.T.I.”, “Yes Men”, “Turn, Turn, Turn”, “Nothing Personal”, “Ragtag” e “Beginning of the End”. Já a Fase Dois é constituída pelos longas metragens “Homem de Ferro 3”, “Thor: O Mundo Sombrio”, “Capitão América 2: O Soldado Invernal” e “Guardiões da Galáxia”, além dos curtas metragens “Agente Carter” e “Todos Saúdem o Rei”. Há ainda outros filmes com estreia prevista, mas para fins de análise o foco será mantido nos lançados até o presente momento. Os novos meios de comunicação oferecidos pelos avanços tecnológicos transformam sua própria relação com outros meios, a forma das pessoas viverem e se comportarem e, por consequência, a sociedade como um todo. Essa questão é, aqui, estudada pela perspectiva do entretenimento.