SUM, ERGO ERRO!
Por Romano Dazzi | 16/06/2009 | CrônicasSUM, ERGO ERRO
de Romano Dazzi
René Descartes, filósofo e matemático francês, formulou em 1600 um famoso princípio filosófico:
“COGITO, ERGO SUM” (penso, portanto existo).
Estas três palavras, tão conhecidas quanto o “Ser ou não ser” e Hamlet, representam um passo importante na longa caminhada do Homem rumo ao conhecimento.
No fundo, o Homem sabe que nunca encontrará a razão da sua existência.
Mas a percepção de ser, de existir, é uma pedra fundamental.
Ele torna-se assim consciente de não ser apenas uma sombra, uma fantasia.
Ao descobrir que existe, ao entender que existe, abre uma nova página.
Passa a sentir-se diferente de todas as outras criaturas vivas, que não se percebem como indivíduos e portanto não possuem aspirações, vontade, organização.
Descartes poderia ter acrescentado outro mote:
“SUM, ERGO ERRO” (existo, portanto erro).
Errar não é somente “cometer um engano, um erro”;
é também ”andar vagando sem destino, sem rumo”
Ao longo da vida toda percebi o quanto posso me enganar, a respeito das coisas, das pessoas, de mim mesmo; e o quanto tenho andado inutilmente pelo mundo, sem uma bússola ou um sextante para me orientar.
Sinto-me hoje como Ulisses (Odisseus, em grego) o herói que teve a maldosa idéia de construir o “cavalo de Tróia”.
Os Deuses o castigaram sem piedade por esta traição.
Por dez longos anos, Ulisses foi arrastado através do Mediterrâneo, que naquele tempo não era aquela piscina que conhecemos hoje, mas um oceano imenso e desconhecido, cheio de perigos e de monstros.
Apesar de sua ansiedade, de seu desejo enorme de chegar de volta à sua ilha, à sua casa, à sua família, sua nau se perdia nas tempestades e ele aportava em lugares estranhos, tendo que recomeçar sua “odisséia” a partir novamente do nada .
Ulisses é o meu símbolo. Existiu, portanto errou.
E de erro em erro construiu uma história trágica e maravilhosa, de dores e de alegrias, de pavor e de glória.
Foi um Homem – foi um Herói.
Meu Herói