Subjetividade: A construção de um ''si''

Por Renato Poubel de Sousa Assumpção | 28/07/2009 | Educação

O presente trabalho quer, mostrar a subjetiva construção do ser humano. A construção de um "eu" Somos um “eu” um “eu” no significado mais individual da palavra, mas não um “eu” cartesiano, (um “eu” pronto, um “eu” que produz uma verdade a cerca das coisas, um “eu” que reduz toda essa potencialidade humana num essencialismo, numa única verdade). Somos um “eu” que se transforma, que se interage com o meio onde não é um “eu” do egocentrismo, mais um ser, um interior, pessoal e formado pelo social. Somos um “eu” que não constrói uma verdade absoluta, mas um “eu” que está em constante mudança desta verdade. Desta forma fugindo do aspecto cartesiano, dou a construção deste "eu" o nome te "si", pois é o próprio ser humanos que está em constate modificação. Se auto construindo.

O simples fato de sermos humanos, nos leva a uma natureza de transformações contínuas. Somos seres inacabados, de infinitas transformações que se dão ao longo de nossa existência. Estas transformações variam de indivíduo para indivíduo, e é isso que nos diferencia. Desta forma nunca seremos indivíduos iguais por que nos diferenciamos em nossas transformações e adaptações de acordo com o andamento de nossas vidas. Assim, somos seres subjetivos ou seja, indivíduos únicos, (individuais, pessoais, particulares). Somos um “eu” um “eu” no significado mais individual da palavra, mas não um “eu” cartesiano, (um “eu” pronto, um “eu” que produz uma verdade a cerca das coisas, um “eu” que reduz toda essa potencialidade humana num essencialismo, numa única verdade).

Deixemos de lado este “eu” cartesiano e busquemos uma nova palavra para este individualismo humano, pensemos num “si”, um “si” que se transforma, que se interage com o meio onde não é um “si” num siguinificado egocêntrico, mais um ser, um interior, pessoal e formado pelo social. Somos um “si” que não constrói uma verdade absoluta, mas que está em constante mudança desta verdade.

O ser humano é um ser crítico, investigador e cientista por natureza e por isto está sempre formando idéia novas, está sempre criando novos pensamentos e assim descobrindo novos mundos. Seus pensamentos são construídos nas ações do dia a dia, ou seja forma subjetividades pois as constroem em sua prática.

Desta forma começamos a entender o porque do ser humano ser subjetivo, ou seja, o mesmo não é formado a partir de uma transferência ou um simples “eu”, ele se forma como ser num processo que está em constante mudança; que está sempre construindo suas idéias; na formação de um “si”. A sociedade é subjetiva, pois está sempre mudando. Este processo de construção da subjetividade humana se dá nas questões externas. Podemos afirmar isto através da seguinte citação:

“Assim, o processo de internalização não é a tranferência de uma atividade externa a um “plano de consciência” interno pré-existente: é o processo no qual esse plano se forma. (Leontivev, 1981, citado em Bakhurst & Sypnowich, p. 6, citado em Nunca fomos humanos p. 117)1.”

Este processo de exterioridade recebe o nome de dobra. A idéia de dobra é uma abertura você só consegue enxergar camadas interiores porque há uma abertura, ou seja só existe o interior porque existe o exterior para forma-lo. O que podemos ver no seguinte texto:

“O ser humano não é, aqui, uma entidade com uma história, mas o alvo de uma multiplicidade de tipos de trabalho, é mais como uma latitude ou uma longitude na qual diferentes vetores, de diferentes intensidades, se cortam. A ‘interioridade’ que tantos sentem-se compelidos a diagnosticar não é aquela de um sistema psicológico, mas a de uma superfície descontínua, de uma espécie de dobramento, para dentro, da exterioridade. (Rose, 1996, p. 37; cf. Rose, no plelo; citado em Nunca fomos humanos p. 123)1.

Desta forma podemos começar a entender que o “si” ou seja o indivíduo é formado pelo social. Vemos então, que este “eu” não mais cartesiano ou seja, este “si”, numa linha subjetiva, se constrói num processo “social e histórico”.

Esta idéia também é vista nas seguintes afirmações:

“...A geração de subjetividades não consiste na demarcação dos limites de um “eu”, enclausurado e interior, mas na idéia de que ele é o efeito de uma função ou operação que sempre se produz na exterioridade desse eu. O sujeito já não é uma unidade-identidade, mas envoltura, pele, fronteira: sua interioridade transborda em contato com o exterior... sujeito seria, portanto, o espaço de conexão ou de montagem, contínua pré-posição, uma dobra do exterior. (Miguel Domenech, Francisco Tirado, Lucía Gómez; Nunca Fomos Humanos, p.114)1”

Assim podemos definir que o “si” é formado pelos processos externos.

O “eu” subjetivo ou seja o “si” não se limita apenas a questão de um “eu penso logo existo”, ele vai além, vem a questionar os processos da formação desta existência, vem a formar um pensamento crítico sobre as questões do nosso “si”. Não se prende a algo que está pronto pois nós não somos seres acabados e não podemos determinar onde vamos chegar em nossa existência. A citação a seguir nos da um exemplo de influência da sociedade na formação do nosso “si” no caso na formação como cidadão de forma formal:

“... nosso querer desde que nascemos vem sendo educado por idéias e comportamentos que ultrapassam nossa consciência das coisas. Sob a educação formal que nos é transmitida existe uma educação invisível cuja força nem sempre é levada em conta em nossos estudos... (Jayme Paviani; O lugar da Filosofia da Educação p. 11)2

Como vimos anteriormente muitas vezes não temos nem o controle das influências e das construções de nosso “si”. Mesmo este exemplo sendo algo pertinente a fatores de uma educação mais formal, ele se enquadra nas outras questões formadoras dos indivíduos da sociedade. As influencias sociais na relação indivíduo ocorrem o tempo todo, e por muitas vezes não nos damos conta.

Por fim , em virtude dos fatos mencionados anteriormente podemos chegar a idéia de que os processos de formação do indivíduo estão sempre variando, a formação deste “si” está sempre em constante mudança, e a ocorrência destas mudanças e da formação do “si” subjetivo do sujeito é quase que de forma infinita, tendo o fim desta transformação apenas ao chegar de sua morte.

Referências Bibliográficas

1-DOMENECH, Miguel; TIRADO, Francisco; GÓMEZ, Lucía, “Nunca fomos humanos. Nos rastros do sujeito/A dobra: pscicologia e subjetivação” Editora: Autêntica, 2001. 2-PAVIANI, Jayme; “O lugar da filosofia da educação”, 1986.