Soneto D

Por Jacot Werner Stein | 08/03/2017 | Poesias

Para Josefina.

 

Imaginá-la aquece-me o coração, sustenta-me no ar; suspiro-a.

 

No alto de um monte, não toco-a, sequer vejo-a, respiro-a.

 

Calixto sempre acompanhou os olhares de Galateia, ser visto,

 

Um sonho a muito nutrido. Basta-lhe sentir seu perfume?

 

 

Visitar seu olhar semana após semana é o sentido da vida do poeta.

 

O poeta faz-se pela descrição do olhar alheio, mesmo sendo musa.

 

Deusa tornada mulher, mulher em objeto de seu desejo... Amá-la...

 

O poeta é o fogo e o ferro forjado, transmutado em versos. Liame!

 

 

O poeta é um modo de existência privilegiado, mesmo sem tocá-la.

 

O amante não é mais privilegiado que o poeta, privilégio é amor.

 

A amada funda-se como um nada, deste nada gera o amor...

 

 

O nada gerador do amor poetizante, realiza-se enquanto soneto.

 

O soneto é o amor do poeta realizado minimamente. O soneto é...

 

Como a vida é? O poeta é? Somente a amada é... tudo o mais pode...

 

JACOT STEIN