Solidão

Por Andreia Prado | 31/05/2015 | Contos

Desde pequeno tive sempre interação com este sentimento...talvez porque nasci assim, ou porque não conseguia perceber e interagir com os outros a meu redor. Mas embora tenha nascido com esta sombra, sofria com isso. Era doloroso ser-se o "ignorado" da escola. Eu por vezes, chegava da escola a chorar, com terríveis dores de barriga, esperando que alguém aparecesse do nada e me desse toda a atenção do mundo, me desse uma mão amiga, me trata-se como vítima e me desse toda a razão do mundo. Mas nunca ninguém apareceu, e eu tive de aprender sozinho que nunca ninguém ia aparecer, nunca ninguém me iria falar nada desse calibre. Nunca niguém teria essa gentileza...estava sozinho e era assim que tinha de continuar. Como o "fantasma" que era, não tinha outro destino senão a ignorância por parte do ser humano incondescendente, nem outra opção senão a aceitação, e vulgarização da minha vida. Se eu não interagia com ninguém, como seria eu capaz de servir para o melhoramento da vida de alguém? Como seria eu capaz de ajudar, fazer rir, mudar o rumo da vida de alguém, se estava sozinho? Essa é a maldição do estado de solidão, é que por mais que queiras uma razão para viver, não a vais ter enquanto não interagires com alguém, enquanto não mudares o rumo da vida de alguém, e esse alguém fizer o mesmo por ti. É difícil, também ninguém me disse que era fácil, aliás, nunca ninguém me disse nada de relevante. E por causa disso eu nem sequer sei estabelecer uma conversação ou ligação. Nunca me olharam nos olhos, ninguém. Nunca tive um pai ou uma mãe, logo não sei o verdadeiro significado de "família". Agora peço-vos que não tenham pena de mim, por favor. Agora não suportaria, depois de tanto tempo entendi que ter pena de mim mesmo não me ajuda a levantar, apenas reconforta a minha inútil alma triste e desamparada, deixando-a no mesmo lugar, no escuro, lamentando-se de não conseguir ter amigos, namoradas, família.

Sim, sou sozinho, mas não estou morto. O meu nome é Max, tenho 16 anos, e sou a única pessoa que consegue dizer exatamente por que experiências passei na minha infância. Choro, ódio, horários, vida quotidiana e...viver como um fantasma na sociedade.