Solidão: Uma Morte Psíquica

Por Sandra Regina da Luz Inácio | 20/12/2008 | Saúde

Tudo começa quando olhamos ao redor e achamos que tudo o que é dos outros é melhor que o nosso.

 

Que poderíamos ter feito mais, conseguido mais, amado mais, conhecido mais pessoas, que a pessoa que outrora nos relacionamos talvez fosse a pessoa certa, pelo menos não nos sentiríamos tão sozinhos, etc.

 

Nossos corações e mentes ficam cheios de questionamentos “do que poderia ter sido e não foi”, vem a sensação de estarmos de certa forma sentindo solidão.

 

Enfim, pensamos que ainda temos nossa família, irmãos, pai ou mãe, cunhados e cunhadas, sobrinhos ou mesmo filhos que já se casaram e de certa forma já se foram ... mas percebemos que ele não “preenche”  o vazio que estamos sentindo neste momento.

 

Vamos para o trabalho, nossos pensamentos estão focados nos afazeres, nos colegas, no chefe, na empresa e muitas vezes não pensamos nesta “suposta solidão”.

 

Em um final de semana ou mesmo feriados, olhamos ao redor e percebemos que nunca vimos tantos casais juntinhos e apaixonados como naquele dia.

 

Pessoas com suas famílias indo e vindo, beijos ardentes em lugares mais discretos, as filas do cinema, shoppings, lojas, motéis  que antes não perceberíamos com tanto rigor.

 

Enfim, começamos a ver coisas que antes não prestávamos atenção ou que não tinham tanta importância para nós, afinal estamos cuidando de nossas vidas e não temos tempo para cuidarmos das alheias.

 

Estamos em nosso carro, paramos no farol e sem querer vemos alguém muito parecido com um amor de outrora... lembramos-nos desta pessoa do passado com carinho e até certo aperto no coração... “o que será que esta pessoa faz hoje”, “será que tem família, filhos, esposa ou marido, será que é feliz?”

 

Pensamos, com certeza de ser, ele ou ela não fez como eu... acabou dedicando-se a tantas outras coisas que esqueceu que um dia poderia sentir solidão.

 

O tempo passa, os dias já não são tão azuis, a natureza já não tão bela e começamos a sentirmos vontade de ficarmos em casa, sozinhos, ouvindo aquelas músicas que gostamos tanto, olhando notícias na Televisão, falando menos ao telefone e buscando preencher algo que não sabemos bem o que, mas temos certeza que nos falta alguma coisa importante em nossas vidas.

 

Pensamos, meditamos, ouvimos frases em músicas ou filmes que nos aperta o coração... então finalmente pensamos... estou me sentindo muito só.

 

Embora tenhamos muitos amigos, pessoas queridas desde a nossa infância que não nos separaremos nunca, irmãos, família, mas a solidão está instalada e buscamos os porquês ... sentindo uma sensação estranha de que a culpa é somente nossa.

 

O que não conseguimos ver é que tudo na vida não depende exclusivamente de nós, principalmente se tratando de amor verdadeiro, companheirismo, felicidade plena, etc... nesta existência depende 50% de nós e 50% da outra pessoa.

Fazemos a nossa parte até onde podemos e muitas vezes até onde não podemos e acabamos nos violentando por isso.

 

Temos uma imensa dificuldade de lidarmos com as perdas que consideramos “fracasso” e que muitas vezes não são, são apenas aprendizados.

 

O amor, o carinho, as conversas, a cama aquecida por outra pessoa ao nosso lado muitas vezes não temos não porque fizemos “tudo errado”,  mas porque não dependia inteiramente de nós, dependia do outro, se ele realmente queria, se nos aceitava como realmente nós somos (com todos os defeitos e qualidades) e se estava disposto a pagar o preço de “estar ao nosso lado”.

 

Nem sempre a culpa é nossa, não queremos dizer que muitas vezes é porque poderíamos ter nos esforçado mais, sermos mais tolerantes, termos menos orgulho e mais humildade de aceitar o outro da forma que é.

 

Dependendo do estágio em nos encontramos da nossa vida é tarde para obtermos certas coisas, mas na maioria das vezes não é... ainda podemos conseguir o que queremos e principalmente saber valoriza-lo ainda mais, porque queremos de verdade  e não como antes... um querer mais ou menos.

 

Seja em qual momento você esteja vivendo em sua vida em que a solidão esteja instalada em sua alma, pensamento, coração e na maioria dos seus dias, tente não sofrer tanto por isso e acabar com o que resta de bom dentro de você, busque... procure em todos os cantos ou dentro de você que com certeza encontrará.

 

Jamais ninguém deixou de encontrar aquilo que procurou desesperadamente!!!