Socialização e Interação na Educação

Por Alberto Silva | 06/01/2010 | Educação

SOCIALIZAÇÃO E INTERAÇÃO

Alberto Silva, Clariane Pedroso, Ellem Cardoso, Keila Costa, Leandra Libório.

INTRODUÇÃO:

Este relatório visa expor as observações feitas por nossa equipe no Campo de Estágio realizada numa Escola da Zona Sul onde nos ativemos a observar as relações sociais e as interações dela advindas e suas influências na relação de ensino aprendizagem, quando se tem todos os pontos atendidos colaborando para que o resultado final seja o aprendizado do aluno. Veremos desde a introdução a caracterização da Escola. A Escola e a Comunidade, os alunos e as relações com o corpo operacional da Escola. Buscaremos responder nossos questionamentos com as observações feitas in loco sempre procurando compreender a forma com que a autoridade é trabalhada da mesma forma que é trabalhada a afetividade e o discernimento. Percebe-se a formação religiosa trabalhando a sociabilidade e amabilidade utilizando-se o condicionamento necessário para que o processo ensino-aprendizagem ocorra seguindo uma filosofia educacional onde tratam desde a qualidade alimentar até a interação da família no processo educativo.

CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA:

A Escola mantida pela Igreja Adventista do Sétimo dia tem regime de funcionamento regular com atividades previstas na filosofia educacional de Elen G. White, que vê o educando de um lado o conhecimento divino do outro o conhecimento secular, o conhecimento próprio (caráter), perpassados pelas interações, educação física, esporte e lazer e momentos culturais. A Urbanidade é trabalhada constantemente desde o Jardim I até o terceiro ano do ensino médio. Não vimos nem uma expressão bruta, ou alteração de voz dos colaboradores e professores. O respeito permeia toda a ação, o número de servidores necessário para ação de educar permite que a hierarquia seja aplicada pela conscientização sem violar a autonomia do individuo em formação. A afetividade latente na voz e nos gestos tanto está do professor para o aluno quanto do aluno para o professor, que naturalmente está hierarquicamente posicionado como aquele que tem a resposta, ou aquele que deve ser escutado.

As salas de estágio foram: Jardim I, jardim II e Primeiro ano, mas tivemos contato com alunos de primeiro ao quinto ano nas reuniões semanais na Capela, onde a socialização do conhecimento aflora de forma esperançosa, pois temos as vária séries, ou seja do jardim I ao Quinto ano tratando do mesmo assunto respeitando-se suas peculiaridade de uma forma serena e natural como diz (ROUSSEAU, 2004. p. 219) "[...] Já que o sol gira ao redor do mundo, ele descreve um circulo, e todo círculo tem que ter um centro [...] vamos ver o sol nascer tanto no dia de São João como no dia de Natal". Assim é o conhecimento, está posto cabe-nos socializá-lo enquanto educadores. No momento do nosso estágio as professoras já estavam na revisão dos assuntos dados durante o ano letivo, buscando fixação e retirar dúvidas de seus alunos.

O farto material pedagógico e a utilização destes pelas professoras reproduzem um eco no estagiário: - Vou encontrar estas possibilidades no meu dia-a-dia? Conseguirei reproduzir parte da dedicação destas profissionais do conhecimento? Como socializar com o público com o qual irei trabalhar? Conseguirei envolver a família da forma como os profissionais deste campo de estágio conseguem envolver? Mesmo tento certas dificuldades não se comparam aos reflexos sociais que a escola laica recebe, e que deixam claras as influências externas na educação infantil. Na parede da sala de aula as recomendações: Bom dia, fale sempre uma boa palavra, seja educado. Ao fundo no painel um quadro de aviso diz o dia e o mês, enquanto o painel conta a estória de uma lacerdinha egoísta que vai com o passar do tempo entendo que nada se faz só. Entre os cordões alfabetizadores num flanelógrafo, o quadro de presença e os cartazes e com as várias formas de escrever as letras e seus respectivos desenhos associativos. Num painel de emborrachado a rotina diária cumprida com severidade por todos.

Além da socialização do conhecimento deixou-nos uma lição a forma com que é trabalhada na escola a autonomia e a obediência. Talvez seja essa base de formação que permita a socialização tão latente na escola indo da praça de alimentação até a sala de aula

A interação social em situações diversa é uma das estratégias mais importantes do professor para a promoção de aprendizagens das crianças. Assim, cabe ao professor propiciar situações de conversa, brincadeiras ou de aprendizagens orientadas que garantam a troca entre crianças, de forma a que possam comunicar-se e expressar-se demonstrando seus modos de agir, de pensar e de sentir, em um ambiente acolhedor e que propicie a confiança e a auto-estima. (RCNEI. 1º 1998)

A cantina trabalha com alimentação saudável dado um projeto com o mesmo nome é um espaço de convivência amplo e os pais têm contato com os cantineiros e podem decidir o que de saudável o filho pode ou não comer. Observamos um aluno que desejava um tipo de lanche tentando convencer o colaborador da cantina a atendê-lo e o colaborador tentando fazê-lo entender que seus pais haviam solicitado que não o fizesse, pois estava ele cumprindo uma dieta rigorosa. Essa proximidade dos pais com a escola e com o pessoal não docente deixa implícita a relação escola família, e a importância dessa relação, que está prevista na filosofia adotada pela escola. (C.U.B.I.A 2004. p.43) "O amor é o principal traço a ser restaurado no ser humano. O amor por si mesmo e pelo outro deve estar de tal modo equilibrado que um não sobrepuje o outro...". A presença da supervisão é quase é quase desnecessária, pois é percebível o grau de compromisso com o Lema da escola "Compromisso com o futuro", a atitude entre os profissionais é de respeito entre si e para com os alunos e a recíproca é verdadeira.

Observamos o tratar, a não excede a necessidade de ouvir, ou seja, não há voz alta, a cordialidade entre os profissionais é uma constante, A   educação é posta em prática. O educador exemplifica desde a tenra idade, no momento em que o aluno teima, o professor diz o que ele deseja que o aluno realize e conta até três ou até cinco no tom natural da voz, fazendo o aluno refletir da necessidade de ir adiante com o ato, não é a imposição da autoridade do professor, e sim o reconhecimento da autoridade do professor e dos colaboradores todos, e isso pode ser observado até com os adolescentes com suas rebeldias. Há que se ter envolvimento para poder construir uma relação de confiança entre alunos e profissionais da educação. O mútuo respeito deve ser trabalhado na constância, como trabalhamos o alfabeto e os números naturais.

ESCOLA – COMUNIDADE:

Quando as instituições estaduais alcançarem a estrutura física, pedagógica e antropológica aqui observada estaremos próximos da escola de qualidade. Observamos os momentos de oração antes de começar o trabalho e em momento algum foi imposto o pensamento do professor, a prece era ecumênica como é proposta no ensino laico e não é cumprido. Vimos à professora transversalizar o conhecimento sem elevar em momento algum o tom da voz; e criança é pura energia em qualquer lugar o direcionamento desta energia é que faz a diferença. O trabalho do educador nas suas práxis é que dita o resultado obtido no conjunto, a coordenação está próxima para o auxílio didático, é essencial. Facilita a construção da autonomia de cada individuo, quando se tem autonomia para a realização deste trabalho, quando se tem número suficiente de alunos a serem trabalhados e um professor auxiliar quando a necessidade pede o compromisso permite que todos falem a mesma linguagem sem confundir o educando na construção destes valores tais como respeito, obediência e autonomia sobre os valores, diz: (PILLETE. 2007. P.13) "[...] Podemos dizer que, desde o momento em que o homem se relaciona com a natureza ou com outros homens, ele está valorando [...] ao fazer suas escolhas, inevitavelmente está atribuindo significado de bom, mau, útil, inútil ás coisas que o rodeiam". E somente o trabalho de autonomia permite essa formação no individuo, mas deve ser trabalhada com interação a fim de proporcionar a socialização, que permite o ser humano a viver em comunidade. Os espaços como parque de diversão, quadra de esporte, piscina e a própria capela são instrumentos pedagógicos indispensáveis para realização do trabalho.

Os espaços pedagógicos vão da capela a sala de informática, estamos falando de educação infantil, jardins I, II e primeiro ano. Todos têm acesso a este espaço e utilizam o espaço sem destruir. "Ensinai tudo a todos" proposto por Cumênius lá no século XVI é renovado por Elem G. White no século XIX. Vimos Cumênius na ação da professora, que mostrava-nos a compensação do seu aluno com deficiência em matemática e domínio total em português. Cada um tem um tempo para aprender deve ser respeitado. "[...] não o force, e tenha a esperança de que, como costuma acontecer, aquele aluno compensará em outra disciplina a deficiência naquela matéria." ( CUMÊNIUS 2001.). Daí o trabalho de revisão que fazia a professora fazia com seus alunos no nosso período de estágio. Isso é o que recomenda a lei de Diretrizes básicas da Educação nº 9394/96 no seu artigo 12; inciso V. Esse trabalho sendo feito com a educação pré-escolar. Vimos a letra "F" ser trabalhada à exaustão com um aluno e fixando com os demais. O repetir ainda é a melhor forma de fixação de aprendizagem. E quando se faz isso de forma lúdica a aprendizagem é mais bem possibilitada. Essa facilitação do conhecimento é a diferenciação entre as várias formas de ensinagem e de percepção da aprendizagem encontradas nas salas de aula.

Há alunos do entorno da escola, bolsistas. Não obstante a escola ser de publico classe média, existem alunos de pouco poder aquisitivo e não é possível essa verificação a olho nu, pois o tratamento dispensado é o mesmo, o compromisso é mesmo. A proximidade da família e da igreja nas relações educacionais latente. O colaborador da escola ainda diz ao aluno "Não teima, que vou contar para a tua mãe" tal é a proximidade da escola com a família, que o menino para na hora e abraça o colaborador. Nesta escola não é o professor ou a professora que é tia ou tio, são todos desde o menos graduado até o mais graduado todos são tratados de tio, ou tia. Muito poucas vezes ouvimos da boca do aluno a palavra professor.

Aprendemos a importância da afetividade nessa rela complexa professor (a) aluno (a). Vimos essa relação de respeito e proximidade mesmo entre pais e professores. Onde os pais falam aos professores sobre a criança e da mesma forma os professores conversam com os pais. Ajuda mútua. A elegância no falar; será tão difícil levar essa atitude formativa para o campo geral da educação.

ALUNOS:

Na Sala de aula é possível perceber A IMPORTÂNCIA do ensino infantil, nesta escola as crianças dos jardins já têm contato com informática, música, inglês e Espanhol. Esse deve ser o motivo da respondência positiva que tivemos com o primeiro ano. Observamos numa das reuniões da capela que a socialização ocorre de forma tranqüila por estarem trabalhados desde o jardim a conviver em grupo respeitando as individualidades de cada sujeito e de cada grupo. Na rotina da sala de aula a professora trabalha estes aspectos transversalizando e relacionando estes conhecimentos de forma constante.

Essa cumplicidade que gera o ponto de partida entre alunos e professores salvaguardando a hierarquia é facilitada pelo número ideal de colaboradores nos diversos pontos da escola, além da presença ativa da coordenação pedagógica que está sempre presente sem aquela posição castradora comum nas relações laicas, pois cada uma sabe seu papel. Desponta nesse ângulo a urbanidade com que se tratam mútua e carinhosamente e o exemplo é sem dúvida o melhor caminho para o aprendizado. (CUMÊNIUS 1996.p. 271) "[...] Porventura o carpinteiro mostra ao seu aprendiz a arte de fabricar casas destruindo-as [...]". Como podemos querer educar aos gritos, como cobrar postura se não a exercitamos, de certo o aprendiz não aprenderá a se edificar.

No estágio observamos ser possível uma educação respondente partindo da premissa do compromisso com o futuro, mas para isso cada uma das partes tem que chamar para si sua responsabilidade. O educador do ponto de vista da socialização é todo trabalhador da educação e nesse contexto o nível de importância no sujeito não aquilata diferença de função, pois o professor é tão educador (a) quanto o pedagogo (a) e este quanto o diretor (a) e todos tem a mesma importância final na educação que têm o monitores. O trabalho de educar é do professor, da família, do guarda de trânsito, da faxineira, do bedel, do cantineiro, enfim da equipe. O aluno neste contexto é um recebedor de informações, não como uma tabula rasa pensada por John Locke, mas um processador de conhecimento capaz de triar e absorver o que lhe interessa, e esse universo de saberes pode ajudar fazendo-lhe perceber a necessidade tê-los todos de forma a permitir que possam perceber o mundo de outros pontos de vistas sem serem obrigados a fazê-lo.

Esta liberdade inspira-se no fazer constante das vitrines a que estão expostos para o aprendizado. O professor provocador, instigador, transversalizador sem dúvida pode ser o caminho para um novo tempo, desde que não se perceba como centro, mas como parte dos conhecimentos propostos aos alunos, renovando seus conhecimentos a partir dos mesmos ensinamentos compartilhados.

Um dos oito alunos do jardim I ensinou-nos que, a criança autônoma rende mais, quando instigada, quando valorizada e quando respeitada na sua individualidade, e que enquanto educador tem-se, que aprender o tempo de cada uma e usando a transversalização podemos fazê-la melhorar o aprendizado a partir de suas preferências de aprendizado. O brincar nestes casos é o melhor aliado para despertar o querer de um novo conhecimento. Observamos uma professora utilizar brigadeiros para trabalhar brincando, matemática, português, ciências, autonomia, inglês, socialização e interação e mais responsabilidade social.

Trabalhamos com três turmas, uma de 08 (oito) alunos, outra de 12 (doze) alunos e outra de 28 (vinte e oito) alunos. As dificuldades que percebemos são bem diferentes das que estamos acostumados. Aqui a dificuldade do professor está em convencer o aluno que quem vai representa a turma é o colega por que ele conquistou este direito ou por ter respondido primeiro, ou por ter o postulante respondido na vez anterior.

Ambientes diferentes problemas diferentes. A autoridade do professor não é questionada com desrespeito, mas é questionada de forma suave, respeitosa, sem gritos. Essa urbanidade esteja tal vez condicionada à forma com que a religião é trabalhada. Ela está posta como ecumênica, não há aquela abordagem tendenciosa, mas está posta para realizar sua função social de melhorar o ser humano. O aluno recebe desta mesma forma as noções de civismo.

Crianças de quatro anos dando verdadeira aula sobre a gripe H1N1, pondo em prática o que aprendeu. O tamanho da relação com o lúdico é tão proveitosa, estimulante percebemos o quanto é importante o cumprimento dos parâmetros curriculares e suas sugestões de espaço e utilização de recursos pedagógicos para fazê-lo do ensinar a aprender aprendendo a ensinar, pois sem essa troca de conhecimento entre o docente e discente não existe ensinagem nem aprendizagem. O processo relacional do conhecimento tem dois sujeitos e dois objetos, ou seja, aluno / professor para poder se tornar professor/ aluno. Esse olhar nos despertado pela pedagogia adventista permite-nos um olhar sobre outro ponto a discutir dependendo da metodologia, o, tia não, pode sim ser o, tia sim.

CONSIDERÕES FINAIS:

Observamos durante o estágio a estrutura da escola ideal para que tenhamos uma educação básica de qualidade; percebemos que um todo influência as oportunidades do fazer educação e o espaço adequado é condição sine qua non, a estrutura física que observamos desde a sala de aula até a quadra de desporto e daí até a cantina e os espaços complementares como sala de informática, hoje indispensáveis; e o espaço de recreação adequado às faixas etárias.

 O entrosamento da equipe de educadores e aqui ganha o conceito da visão libâneana de que todos é parte do processo, mas a filosofia educacional de Ele G. White como afirma os professores e técnicos sai da teoria e vai para a prática educacional nesse processo não se têm uma tendência, MAS O MELHOR DE TODAS AS TEORIAS APLICADAS DE FORMA CONSCIENTE, a fim de educar, ou melhor, de fazer educação. Aqui foi possível ver o professor educador facilitador e provocador num mesmo profissional sem percebê-lo agredir-se para realizar o que se propunha, ou seja, instigar conhecimento, provocar soluções e o mais importante respeitando o tempo do aluno. É necessário maior tempo de observação para perceberem-se melhor as fixações nos níveis fundamentais.

O aluno é trabalhado de acordo com sua necessidade, é visível o compromisso do educador que está ali desde a mais básica função até a importante ação do professor. Esse eixo envolve da família ao cantineiro, do professor à coordenação e direção da escola e o sujeito deste esforço é o aluno, que desde o jardim I tem contato com respostas, da língua estrangeira, informática, matemática, português e ciências e religião. A interação e a socialização do conhecimento estão posto, pois é impossível desenvolver um trabalho de tal alcance sem interação e a socialização do conhecimento, sem um profundo e constante trabalho de avaliação formativa, e com a humildade de refazer e rever posições pedagógicas mesmo pautadas em um princípio filosófico, que acaba sendo mais concreto, que um (PPP) Projeto Político Pedagógico, que não é respeitado.

A solidariedade aqui trabalhada permite-nos para frasear Gadotti quando diz que a primeira tarefa de um pai é ensinar e aprender com seu filho a solidariedade, e aqui, vê-se está prática no fazer do professor também, Daí solidariedade na forma de urbanidade convergindo para o centro desta filosofia educacional, o aluno olhado holisticamente, como vemos na visão da tendência Critica Social dos Conteúdos.

Referências:

C. U. B. I. A. S. D. -Confederação das Uniões Brasileiras das Igrejas Adventistas dos Sétimo Dias-PEDAGOGIA ADVENTISTA segundo  ELLEN G. WHITE - Tatuí- São Paulo 2004.

CUMÊNIUS, John Amós. – DIDÁTICA MAGNA- Ed. WEB Books Brasil – 2001.

LDB- 9394/96 – LEI DE DIRETRIZES BÁSICA DA EDUCAÇÃO- Casa Civil – Brasília 1996.

PILLETI, Claudino – DIDÁTICA GERAL- Ed. 23  Ática- São Paulo 2007.

RCNEI- VOLUME 01- INTRODUÇÃO- MEC / SEF –BRASÍLIA 1998.

ROUSSEAU, JEAN J. – EMÍLIO OU DA EDUCAÇÃO. MARTINS FONTES- SÃO PAULO. 2004