Sobremesa indigesta
Por lucia czer | 13/12/2011 | ContosRique põe os pés em casa, deixa a bolsa com livros próximo à porta e vai adentrando, acalorado, chamando por Luz.
- Beim, chegueiiiiiii. Morrendo de fome. Preciso sair logo.
Chega ao escritório e lá está ela frente ao computador. Ele beija-lhe a nuca e sente o perfume. Estranha que não se volte sorridente para recebê-lo.
- Que foi¿ Algum problema?
- Problemas? Seu... Seu “cachorro”! Quero a cabeça dela, ouviu¿ A cabeça dessa torta não sei o quê numa bandeja, sim senhor!
- Pelo amor de Deus! Que foi que eu fiz dessa vez?
- Ainda pergunta? Olha aqui, olha... Eu o arrumei todo, perfumado, elegante... Só não me contou que era a formatura “dela”!
- Dela quem, Luz? Vamos, me esclareça!
- Quem precisa esclarecer é você!
- Filha, estou sem tempo, com fome, cansado...
- Por mim, pode morrer agora!
- Vamos, Luzinha, vamos, coopera, olha o Lipe já assustado.
- E vai ficar mais, porque vai perder o pai pra essa, essa... Essa tal de torta!
- Que mal eu fiz, cuspi na Cruz, só pode!
Já, agora, o temporal está instalado. É mais uma chuva de verão, violenta, rápida, mas passa!
- Você ouviu: Quero a cabeça dessa talzinha!
- Você teria coragem?
- Imbecil! Logo você! Isso é uma metáfora, entendeu? M, E, T,Á,F,O,R,A!
- Hãããn, entendi. Agora, serve o almoço?
Luz já chora alto. Rique a olha e pensa: Quando começarei a entendê-la?
O melhor a fazer é deixar passar a tempestade. Depois, seu carinho, seus beijos... Quem sabe aquele Dolce&Gabanna que ela gosta? Afinal, já saiu a parcela do Décimo Terceiro e Malbec nunca combinou com Floratta in Rose.
É para uma boa causa!