SOBRE OS VEREADORES

Por ADALBERTO CUNHA | 27/09/2012 | Política

QUAL É O CARGO POLÍTICO MAIS IMPORTANTE DO PAÍS?

Ao contrário do que o pensamento nos remete, não é a Presidência
da República o cargo mais importante do escopo político nacional. Ele é, sem dúvida, o mais alto. Contudo, sob minha ótica, o mais importante para nós, que vivemos o dia a dia de cidadão comum, é o de VEREADOR.

São os Vereadores quem definem as ações a serem adotadas nas
cidades onde vivemos, nos bairros onde moramos, nas ruas onde residimos, nas escolas nas quais estudamos, tendo essas ações ressonâncias imediatas e diretas em nossas vidas. Os vereadores irão participar das decisões de questões como transporte coletivo, limpeza urbana, asfaltamento, saneamento básico, educação, saúde, segurança, PDDU e tudo o mais necessário ao bem-estar da população.

Quando escolhermos uma Câmara Municipal boa, o prefeito será
corretamente cobrado, e as coisas tenderão a equacionar-se de forma mais rápida. Ademais, os vereadores estarão logo ali!... Exatamente nas Câmaras Municipais das cidades que habitamos. E podemos acessá-los diretamente para fazermos as cobranças de ações necessárias para manter elevada a nossa qualidade de vida e, na hipótese de não nos atenderem, podemos até fazer uma movimentação na Câmara Municipal ou mesmo em frente às suas residências.

Entendo ser de tão grande importância a escolha dos vereadores
que acho que o correto seria elegermos o número exato de candidatos às vagas, ou seja, se Câmara terá 10 vereadores, deveríamos votar em 10 candidatos e assim sucessivamente, e não apenas em um único. A votação em candidato único é para vaga única, como são os casos de prefeitos, governadores e presidentes. E, sem essa de votar em legendas: precisamos escolher os homens públicos e não os partidos. É bom lembrar que incompetentes, desonestos e descomprometidos existem em todos os partidos políticos e, do mesmo modo, o inverso é verdadeiro.

Estranhamente, é para o cargo de vereador que parecem estar
alocados os piores candidatos, e para o qual o povo não leva a sério a escolha e vota erradamente. Como? Votando em figuras folclóricas, líderes comunitários sem compromissos com a comunidade, que fazem trabalho remunerado para candidatos, ex-atletas, ex-artistas, filho caçula do político “fulano de tal”, a moça que apareceu rebolando na TV, o indivíduo que tenta fazer de sua opção sexual um espetáculo pirotécnico, a cantora brega que faz uma dança sexy, aquele sujeito meio maluco mas bacana e bem-humorado do nosso bairro e outras dezenas de figuras sem a menor condição de exercer um mandato sério e proveitoso para a população e o para o município.

É assim que acabamos, por vezes, dando a essas pessoas um
cargo de vereador como uma espécie de aposentadoria por merecimento de coisas que elas fizeram, ou não, em outras áreas de suas vidas que não a política. Devemos lembrar, porém, que quem aposenta é o INSS, quando o indivíduo cumpre com os requisitos legais inerentes, salvo engano, com 35 anos de contribuição para homens e 30 anos para mulheres.

Vamos começar a mudança pela base da pirâmide ‒ os vereadores. Vamos excluir essas pessoas desqualificadas que só vêm a denegrir as nossas Câmaras Municipais. Votamos nelas por brincadeira, protesto, “esculhambação” mesmo. Contudo, uma vez eleitas, serão elas que representarão os nossos interesses. E aí? Para quem tenha condições de desempenhar bem as suas funções parlamentares nada contra, seja qual for sua origem, raça, sexo, religião, opção sexual, nível de escolaridade, ações desenvolvidas na vida, time que torça e intelecto.

Poderemos até errar involuntariamente nas escolhas, mas precisamos buscar uma boa análise no processo e, principalmente, devemos exercer nosso poder de fiscalizar e de cobrar as propostas pós-eleições. Todos temos nossas atribuições cotidianas, mas que tal incluirmos nelas a de fiscalizar a Câmara Municipal da cidade onde moramos? E, sobretudo, as ações dos vereadores que elegemos?

Não é tão difícil quanto queremos acreditar que seja. Basta nos organizarmos um pouco mais e fazermos um revezamento para que, a cada sessão, 5, 10, 15, 40, 100 ou 500 pessoas, de acordo com o tamanho de seu município, estejam presentes, acompanhando de perto as ações da Câmara Municipal e de seus vereadores, gerando relatórios e dando conhecimento à população. Vamos arregimentar principalmente os jovens estudantes ‒ se for o caso até como atividade curricular ‒, legião responsável por tantas mudanças no passado e hoje em grande número ignorantes políticos por opção. Imagine, super dimensionando, que você vá a Câmara Municipal três vezes em um ano. Isso não mata ninguém.

Costumamos dizer que os políticos só aparecem em nossos bairros na época de eleições, ou seja, a cada quatro anos, e os chamamos até de candidatos “copa do mundo”. E nós, quando aparecemos na Câmara Municipal? O ser humano, por mais disciplinado que seja, precisa ser cobrado para não cair em desleixo e, em se tratando de políticos, esta atenção tem que ser quintuplicada. É possível criarmos comunidades com a TI (Tecnologia da Informação), relacionar as ações, ou a falta delas, pelos vereadores de nossas cidades, e assim socializar as informações, agindo em defesa dos nossos interesses. Essa expressão “política, tô fora!” está por fora!

É bem verdade que o poder emana de cima para baixo. No entanto, o ordenamento pode ser inversamente colocado de baixo para cima. Se, em minha cidade, por meio do exercício de fiscalização, diálogo e participação que o povo exerça sobre os vereadores, e estes sobre o prefeito e a prefeitura, conseguirmos manter um bom nível de serviços prestados à população, ao menos nas áreas básicas como saúde, educação e segurança, a tendência é que criemos um município ordenado e tranquilo e, com certeza, estaremos fazendo a nossa parte e, nos moldes atuais, se obtivermos um bom IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), será uma grande vitória. “E, cá pra nós, não é difícil”. Falta vontade política e falta fiscalização por parte do povo.

Se o vereador souber que está sendo acompanhado pelo eleitor e que não poderá mais levá-lo no “banho-maria” e dar-lhe atenção apenas a cada quatro anos, tenham a certeza de que parte vai desistir da política, parte vai mudar de comportamento e, principalmente, um número grande de pessoas sérias e comprometidas que hoje se enojam da política passará a se engajar nela.

Em suma, só dependente de nós. Faça a sua parte. Escolha bem o seu candidato e fiscalize sempre. Para tudo em nossas vidas existe um começo. Que tal começarmos a fazer uma seleção minuciosa nos candidatos a vereadores em nossos municípios? Não fixe a ideia em partido A ou B, de que você gosta ou não. Não vincule também seus candidatos às opções religiosas, artísticas ou pessoais. Analise o homem público e suas propostas e, se já teve mandato, o que apresentou e o que apoiou no período que o exerceu. E, caso o candidato não passe em sua avaliação, não vote nele de forma alguma, ainda que seja seu parente ou amigo. O voto é seu e ninguém tem o poder de determinar direta ou indiretamente quem você irá eleger. Pense nisso.

Finalizando, registro que sou candidato a trabalhar pela melhoria da política partidária e dos políticos em nosso país, e não à cargos políticos. Por enquanto, estou no grupo dos que se ENOJAM da política brasileira. Contudo, não estou parado apenas reclamando.


Adalberto Cunha
agosto/2012