SOBRE MONTANHAS
Por Cristiane Alves Pereira | 21/05/2009 | Psicologia
“SOBRE MONTANHAS”
Lutava contra algo visceral.Um lado seu que pulsava com toda força e lhe fazia continuar.E, um outro, que lhe sinalizava o “campo minado”. Seria como zombar do perigo.
O que lhe salvava, por vezes lhe segurava, era exatamente poder calcular as probabilidades de dar certo ou errado. Previsível demais... Sabia perfeitamente que era o que lhe impedia, por exemplo, de saltar de pára- quedas ou voar de asa-delta.
Estava na fila da montanha russa. Lhe aguardavam fortes emoções. Inúmeras vezes, apenas permitiu-se observá-la de longe. Nunca havia lhe desafiado. Sequer, teria estado na fila.
Quando tentava recordar seus grandes desafios, sim, porque também os teve e os enfrentou, se dava conta de que, na maioria das vezes, os enfrentava “no escuro”.
No escuro do útero de sua mãe, no escuro da “montanha russa do escuro”. Quando estava claro, tratava de fechar os olhos para não ver. Sentia tudo, porém sem enxergar...
Aguçou todos os seus sentidos. Menos o da lucidez...
Esperava que a guiassem. Como uma cega que precisasse ser eternamente conduzida vida afora. O que a fazia, muitas vezes, sentir-se como estrangeira de si mesma...
Foi em uma manhã de domingo... Era inverno. Uma manhã de domingo de inverno não pode ser considerada uma manhã comum... Aquela, também não era...
Sol ainda brando, convidativo... Dessas manhãs de inverno em que se busca um “lugar ao sol”. Como os répteis, fica-se imóvel captando energia, calor... E, um “pedaço do sol” lhe fora assegurado naquela manhã...
Trêmula, porém confiante. Lá estava ela na fila... Sabia que havia chegado o momento...Todos, um dia, enfrentariam “A MONTANHA”... Todos. Inclusive ela...
Brinquedo de gente grande, pensou...Era chegado o seu momento... Teria de enfrentá-la...
Olhou-a de frente e foi... Não se acovardou...
Certa de que teria histórias para contar... “ÀS CLARAS”...
FIM
Cristiane Alves Pereira