Sobre Antípatro de Sídon e as Sete Maravilhas do Mundo Antigo

Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho | 30/09/2024 | História

A História é feita por seres humanos. Sempre foi assim, desde os Sumérios, que foram a mais antiga das civilizações, dado que inventaram a escrita. No entanto, há humanos de um excepcional caráter e multifacetarismo, que vão além da mais comum das possibilidades: um deles é o escritor e poeta grego do século II a.C. Antípatro de Sídon, que, infelizmente, não é tão conhecido, opostamente à sua lista das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, sobre as quais passo, neste momento, a expressar-me.

Primeiramente, falo a respeito do Farol de Alexandria, existente até cerca de 280 a.C., e cuja serventia já se encontra, implícita, na sua própria denominação. Construído por gregos, egípcios e ptolomaicos, seu desenho coube ao arquiteto, também helênico Sóstrato de Cnido. Destruído por um sismo já no decorrer da Era Cristã, teve muitas de suas ruínas encontradas, por arqueólogos de tempos menos remotos, em uma antiga cidadela. Sua localização física esteve na cidade de identificação idêntica, no território do Egito.

Também havia o Colosso de Rodes (que, digo inicialmente, teria sido a única das Sete Maravilhas não visitada por Antípatro de Sídon), contemporâneo ao Farol de Alexandria, já que subsistente até por volta, também, de 280 a.C. Localizado geograficamente na cidade portuária grega de Rodes, era um monumento gigantesco ao deus grego do Sol Hélio (fontes confiáveis retratam que era mais alto do que a hoje Estátua da Liberdade). Fora, também, erguido por gregos, aí incluída a liderança do arquiteto Carés de Lindos, e com o propósito de comemorar a vitória de Rodes sobre a invasão da Macedônia, governada ditatorialmente por Antígono de Monoftalmo. Foi levado às ruínas por um terremoto.

Igualmente na Grécia, no atual sítio arqueológico de Olímpia, ficava o gigante Monumento ao deus Zeus, sentado no trono, com sua existência levada a cabo por gregos, supervisionados pelo compatriota arquiteto Fídias. Os historiadores se dividem em relação ao seu destino: parte defende que foi destruído por um indêndio, ao passo que outra corrente afirma que o Imperador Romano Calígula, já reinante absoluto sobre todo o território então sob domínio latino, inclusive a Grécia, determinou que todas as estátuas de grandes deuses e personalidades deveriam ser levadas à Cidade Eterna, para lá terem suas cabeças decepadas e então substituídas por esculturas de sua própria representação.

No território da Turquia havia o Mausoléu de Halicarnasso, que teve seu erguimento, realizado por gregos, persas e pelos arquitetos gregos Sátiro e Pítis. Nele, se encontrava sepultado um governante regional do Império Aquemêmida, de nome Mausoléu, ao lado de sua esposa e irmã, que era de origem puramente persa. É, talvez, a das Sete Maravilhas que mais encantou Antípatro de Sídon, vez que suas palavras endossam a teoria de que Mausolo era, amplamente, considerado dentro do Império Aquemênida, merecendo, assim, um túmulo correspondente à sua grandeza. Na Turquia, identicamente, se achava o Templo de Diana em Éfeso, construído à adoração da deusa de vários aspectos da vida helênica, mas principalmente da Caça. Seu soerguimento se deve aos arquitetos gregos Metágenes e Quersifrão.

Além disso, como mais uma das Sete Maravilhas, supostamente sobre o palácio do Rei Nabucodonossor II, no atual Iraque, havia os Jardins Suspensos de Babilônia, que, a ser provada futuramente sua pretéria inexistência, se tornariam a segunda Maravilha nunca vista por Antípatro de Sídon, junto ao Colosso de Rodes (por isso, no parágrafo relativo a este, mencionei "inicialmente" ter sido a única das Sete Maravilhas jamais presenciada por Antípatro). Por fim, a única daquelas verdadeiramente provas do gênio humano, que ainda restante, é a Pirâmide de Quéops, no Egito (e não a Necrópole de Gizé como um todo), datada de cerca de 5.500 a.C.

A História é a mais fascinantes das ciências humanas. Com certeza, não seria considerada se linear, petrificada e de interpretação única. E o que a torna ainda mais autêntica é, justamente, o fato de vários de seus aspectos não mais se fazerem presentes, e sim consagrados por seres humanos tão excepcionais como Antípatro de Sídon.