Sobre a necessidade ou não dos "apetrechos" na Umbanda

Por Pablo Araujo de Carvalho | 26/03/2018 | Religião

Livro conversa com um irmão (Aprendiz de Umbanda).

Ele chegou meio sem jeito e perguntou-me: Olá meu irmão, posso lhe fazer uma pergunta? Eu disse: é claro, quantas você quiser meu irmão!

Há realmente necessidade de tantos apetrechos nos trabalhos realizados pelos guias espirituais de Umbanda? Perguntei: Quais apetrechos? Ele prontamente respondeu: todos, cigarros e fumos em geral, pinga e bebidas em geral, colares, pedras e cristais, ervas, bengalas, cocares, capas, tudo isso, há necessidade?

Como de costume, me silenciei por alguns minutos, inclinei levemente a cabeça como a ouvir uma voz já a muito minha conhecida e que sempre que inclinava a minha cabeça para baixo e expunha o ouvido como a escutar alguém, essa voz se revelava e simplesmente brotava na minha mente como mágica.

Depois de me inclinar sobre o assunto eu disse:

Parece que uma simples pergunta demandará um nobre e preciso tempo para respondê-la, e quando isso acontece é sinal de que a pergunta foi muito bem elaborada e aceita! Sorri ao dizer isso ao meu irmão interlocutor.

Continuei… lembramos que na criação de Deus nada acontece por acaso. Tudo tem um porquê de existir e acontecer, ou seja, tudo tem um porquê de ser como exatamente é. Continuei… em toda religião e especificamente na nossa querida Umbanda,  não haveria de ser diferente, posto que a religião, todas elas sem exceção são meios e caminhos de retorno ao Pai, através das virtudes por Elas propagadas. Sendo assim: na Umbanda e em um trabalho espiritual de umbanda, todos os gestos, elementos, cânticos, indumentárias, posturas, graus e instrumentos musicais e tudo mais que compõe a ritualística e a sua liturgia, são sagradas e necessárias, assim como tudo o é em outras denominações religiosas que a sua forma servem o Pai Maior.

Comecemos pelo o altar que é o seu maior ponto de convergência, pois é onde nos voltamos e nos colocamos de frente para Deus. Na Umbanda há um altar, assim como em qualquer religião o há também, seja ele um púlpito, não importa, ali é onde todo se voltam para na sua forma coletiva porém individual conversarem com Deus, abrindo seus corações ao Divino e a tudo mais que o compõe. Há religiosos quem diga, porém poucos, que um altar é desnecessário para conversar  com Deus, que seria um “apetrecho” desnecessário, porém aqui dizemos que um altar é um meio que você nomeia como sagrado e que temos como referência sempre que necessitamos falar com Deus. A esses que questionam a validade ou importância de um altar, lhes digo, ou melhor, lhes indago com a seguinte pergunta: como eles se voltam a Deus sem um “apetrecho” como símbolo de ligação com o divino, apetrecho aqui estou me referindo ao altar, e eles na sua maioria me responde da seguinte forma: eu fecho os olhos, faço o sinal da cruz, elevo minha cabeça ao alto e me ponho a orar e conversar com Deus. Eu lhes respondo: sendo você um templo vivo de Deus, pois sabemos que Deus está em nosso íntimo, ainda sim você elege um local para se direcionar que é o alto que é para onde converge sua prece e onde você volta sua atenção e abre uma passagem ao Sagrado no seu corpo em frma de cruz para que assim se conectar com o divino que habita em tí. Aí lhe pergunto: nessa ação não erigistes um altar mental diante de você e ao alto de sua cabeça? Não direcionastes a vossa fé a um altar ou púlpito imaginário por onde converge sua crença e através desse gesto de fazer o sinal da cruz e elevar o rosto para o alto com os olhos fechados e ali naquele momento íntimo conversar com Deus, com essa ação não direcionastes a tua fé em seu altar pessoal? Sim! Então concordamos que todos ao falar com Deus, ao manifestar a sua fé se voltam de uma forma especial e íntima e ali fazem a sua liturgia particular, uns fazem o sinal da cruz antes de elevarem seus pensamentos ao Pai Maior, outros tocam o pulso direito a fronte e o esquerdo ao lado posterior da fronte acima da nuca, outros elevam suas mãos, outros a entrelaçam, outros a direcionam ao tórax ou seja, em sua liturgia particular, chancela a sua forma íntima e mais adequada de realizar esse ato Sagrado e todos dessa forma estão se voltando ao seu altar pessoal, esteja ele num púlpito, num pequeno altar no quarto de dormir, seja direcionada a um imagem em cima da geladeira ou da tv ou seja sentado na cama minutos antes de dormir, todos religiosos ou que manifestam simplesmente a crença em Deus realiza esse ato individual cuja a liturgia, o altar, o ritual lhe pertence, pois nesse momento ele é o sacerdote de sí.

Meu irmão interlocutor somente disse: interessante!!! Continuei… como o assunto é “apetrecho desnecessário” vamos continuar a falar sobre tudo que compõe a nossa religião a começar pelas imagens, já que já falamos da importância do altar que nada mais é do que um ponto de convergência onde nos voltamos e ali realizamos nosso ato de fé, seja ela na beira da cama, de frente para uma imagem na escrivaninha, ou diante de um templo com um altar ou púlpito bem elaborado.

Repare que o questionamento sobre objetos de culto não surgiu com você meu irmão, ele é um questionamento milenar, desde a história da civilização Mesopotâmia, até o patriarca Abrão e as leis mosaicas, isso é um assunto que continuou através dos tempos e das escrituras sagradas de influência judaico-cristã, desde esse momento computado pela história, no meio religioso sempre se discute sobre os ídolos e a imagens de barro, ou sobre a tão polêmica idolatria ou adoração por imagens. Perceba aí uma negação a legitimidade de uma denominação religiosa para outra lhe negando ou depreciando o direito do uso de imagem e da forma litúrgica e ritualística de determinadas religiões que divergem filosófica e litúrgicamente do que está preestabelecidos na sua.

Perceba que quando eu digo: isso não tem necessidade de existir em determinada religião da mesma ou de outra denominação, ali além de fazer uma ofensa eu também estou depreciando uma tradição que começou a muito tempo e por alguém que se disponibilizou durante toda a sua vida para codificar e descrever uma liturgia que vem servindo a humanidade a muito tempo.

Vejamos: no tocante da imagem religiosa, a Umbanda bem como o catolicismo para não entrarmos nas outras muitas religiões, também faz uso da imagem em seu altar.

No que se refere a umbanda, a imagem é uma representatividade das virtudes ou dos sentidos divinos, por exemplo: na sagrada imagem do Amado Pai Ogum assentada no altar, ali temos a individualização representativa e simbólica da qualidade de Deus que representa a Lei Divina, a ética e a virtude moral que deve estar presente em toda relação humana. Se colocamos uma imagem com feições humanas é porque somos humanos e a referência da imagem é de um cavaleiro divino com feições humanas que através dos atos humanos e humanitários, divinizou essa qualidade humana e humanizou essa qualidade divina. Ali no altar ele é nosso referencial divino no que tange as virtudes divinas morais e éticas.

Perceba que por trás de todo símbolo oculta-se uma qualidade divina a representar as virtudes de Deus. As imagens seriam a corte divina representando cada aspecto de Deus e o altar seria Deus que é em si todas as qualidades juntas em que ao se individualizar o faz através através de sua corte divina ou seus manifestadores divinos de suas qualidades individuais. Para nós, denominamos os manifestadores dessas qualidades como os Sagrados Orixás, os manifestadores das vontades e qualidades de Deus. No catolicismo essa qualidades são representadas pelos Santos católicos que usando do sincretismo em nosso exemplo, quando vemos no Pai Ogum o representante e guardião das leis de Deus, esse sincretismo se faz presente na imagem do nosso também amado São Jorge Guerreiro, sendo ele e suas milícias celestes considerados como os guardiões das Leis divinas e soldados de Deus. Para usarmos como exemplo outra imagem assentada em nosso altar, podemos usar a imagem da Sagrada Mãe Iemanjá, que representa a vida e o direito à vida de tudo e todos perante o gerador da vida que outro não é senão Deus o nosso Sagrado Pai Olorum. A imagem da mamãe Iemanjá representa a vida, a maternidade, a hereditariedade, etc. A imagem da nossa Amada Vovó Nanã Buroque, representa a sabedoria de Deus,  o ciclo da vida, representa a filha que hoje é mãe é que amanhã será a avó, representa o ciclo evolucionista, representa a tradição e a raiz sustentadora de tudo que está de pé.

Esse é o fundamento das imagens, são na verdade condensadores de vibrações divinas cujo aspectos ela simboliza. Olhei para meu irmão e mansamente lhe perguntei: está fazendo sentido o que você estou lhe falando? Ele respondeu: nunca fez tanto sentido! E pediu: fale-mais…

Continuei… e assim também o é até nas religiões de denominação evangélica e nas novas religiões denominada neo-petencostais, pois se não encontrarmos um altar, ali pelo menos encontramos um púlpito, e nesse púlpito um símbolo que tal como uma imagem de gesso ou barro representa uma qualidade de Deus, geralmente encontramos uma cruz, símbolo da redenção e da fé, encontramos um coração com um pombo branco, símbolo da paz e do amor, encontramos uma mão segurando o globo terrestre ali simbolizado como a mão de Deus ou a fé a sustentar o planeta terra é aquela que nele vivem. Porém no decorrer da história já vimos algumas divindades de outras religiões já adormecida que tem um significado parecido, tal como a divindade atlas que sustenta o globo terrestre nas costas com o simbolismo de sustentá-lo a partir das qualidades divinas que ele Atlas representa. Ah não podemos esquecer que se nossos irmãos neo-petencostais não tem imagens e fazem idolatria, realizam de forma inconsciente a iconolatria, onde adoram seus pastores e profetas, tendo neles a manifestação divina por seus intermédios, sem falar na livrolatria ou a realização do culto a partir de um livro Sagrado que é a bíblia...continuei... Entende irmão, que sempre estamos aprendendo quando lançamos um olhar mais elevado perante tudo que nos cerca? Ele só assentiu com a cabeça. Continuei… a nossa água Sagrada do mar representada por sua matrona mamãe Iemanjá, também é sagrada para os cristãos que a reverência e colhe suas águas santas do Sagrado mar morto, as águas sagradas dos rios e lagos da nossa amada mãe Nanã Buroque, também é colhida e utilizada como bálsamo sagrado vindo de um rio também sagrado e denominado de Rio Jordão. Se os judeus e os cristãos veem o Monte Sinai como um lugar sagrado e ele o é, nós também vemos as sagradas Pedreiras de Inhasã e as Montanhas benditas de Pai Xangô como um altar natural e Sagrado. Perceba que um culto litúrgico nesses locais sagrados não são fetiches ou algo desnecessário e sim uma religação com Deus através da natureza que é seu corpo divino por onde nós às vezes como bactérias ruins vamos degradando-o ou como bactérias boas como os lactobacillus vamos cuidando desse corpo divino chamado planeta terra que é o corpo de Deus por onde vivemos e dele retiramos tudo para nossa subsistência. Vê agora algum sentido em ir visitar religiosamente um ponto de força na natureza tido por nós e por outras denominações religiosas como algo Sagrado? Meu irmão respirou fundo e disse: que maravilha! Eu continuei… para não me estender mais, pois os inícios dos trabalhos no terreiro se aproxima, falaremos da capa ritualística usadas em alguns trabalhos ou firmadas na tronqueira e casa de Exu.

Qual é a função da nossa pele? Ele respondeu de imediato: proteger os nosso órgãos internos que são mais sensíveis.

Pois bem, a capa, assim como a imagem, também oculta uma qualidade divina que está a agir por trás desse simbolismo. A capa é em si um campo protetor que nos protege de todas as vibrações provindas dos campos vibratórios que estão dispostos a partir das nossas costas. Ela cria ali um campo protetor, e se sua cor e preta ela tem a regência de Exu e essa qualidade protetora se dá a partir das vibrações divinas do Sagrado orixá Exu. Se sua cor for azul escuro ela tem a regência do Sagrado Orixá Ogum e essa qualidade protetora se dá a partir das vibrações e qualidades do Pai Ogum. A capa tem a função primária de proteger e recolher toda e qualquer vibração negativa, se ela é da cor preta ela protege e recolhe e se ativa no padrão do orixá Exu, se é azul escura ele se ativa e recolhe as vibrações negativas a partir do padrão Ogum que tem uma forma específica de agir, assim como Exu o tem, e todos os outros sagrados Orixás o tem também. Uma capa uma vez consagrada pelo seu guardião, esteja onde ela estiver, o seu dono poderá ativá-la. Ele fez uma cara daquelas de ponto de interrogação, eu sorri e disse: calma, vou dar um exemplo do que acabo de falar. Continuei… por exemplo, o seu guardião Exu solicita uma capa preta para você, você vai e confecciona ela de acordo com o pedido dele, cor, símbolo, tecido, comprimento, etc… você leva para o terreiro e comunica seu dirigente do pedido e da capa, eis que o grande dia chegou e ela está pronta e você apresenta a capa para seu dirigente espiritual que lhe diz: vamos até a casa de Exu para que lá  ele realize o seu ritual de consagração, você então chega lá, segura a capa com a mão esquerda e incorpora seu Exu guardião, ele começa a trabalhar tradicionalmente como todos eles fazem, pede um cigarro, ativa a capa com alguns assopros utilizando o elemento ar já que a capa trabalha com o elemento ar, por isso ele o Exu abre com a mão esquerda e abana ativando a capa através do ar e se é com a mão esquerda ele está recolhendo as vibrações negativas junto ao consulente, e se é com a mão direita ele está devolvendo a paz, a harmonia e o equilíbrio a muito perdido por aquele consulente. Ele me interrompeu e disse: Exu trabalha com a mão direita? Eu sorri e disse: com a esquerda ele recolhe tudo que é negativo é com a mão direita ele devolve tudo que de positivo nós perdemos por descuido, imperícia ou desleixo. Com a mão esquerda ele fecha tudo que de forma negativa está aberto contra nós e com a mão direita ele abre tudo que está fechado e que deveria estar aberto e trazendo prosperidades para nosso campo.

Nossa!!! Continuei…

Já notou quando tem atendimento com Exu e nós passes vibratórios de descargas eles vibram hora com a mão esquerda e hora com a mão direita fazendo uma meia lua envolvendo o consulente e projetando a mão por cima do consulente? Sim já vi isso várias vezes! Então, eles estão projetando essas vibrações encapadoras através dos chacras das mãos e encapando e recolhendo tudo de negativo que está no campo vibratório do consulente. Ele perguntou: isso sem a capa? Sim! A capa está firmada lá na tronqueira do médium e uma vez o Exu consagrando-a, ele absorve as suas funções em si e passa a irradiá-las a partir de sí. E a capa? Ela fica firmada na tronqueira dando sustentação energética como se fosse uma usina que fornece energia elemental infinita, eis aí a chave dos fundamentos dos assentamentos e firmezas de forças com determinados elementos. E assim é também com o punhal que uma vez consagrado, também é absorvido pelo seu guardião e a partir dele  ele passa a irradiar as vibrações cortantes do qual o punhal simbolicamente representa, e basta ele projetar com a mão esquerda que centenas de vibrações cortantes passam a cortar toda e qualquer vibração negativa e cordões energéticos negativos, livrando as pessoas e consulentes de possíveis influências energéticas ou mentais negativas. Se a influência negativa é sexual esse cordão se liga no órgão sexual ou no chacra básico, se essa influência negativa e de cunho emocional, se liga no chacra cardíaco que está relacionado a enlaces amorosos, por isso hora ele projeta algo que para nós é invisível, mas que ele projeta com as mãos entre os pés do consulente e hora projeta direto no tórax pela frente e por trás. E ele disse afoito: é por isso então que meu Exu pediu um punhal e uma pedra preta para que eu colocasse na minha tronqueira simbólica lá na minha residência? Também por isso meu irmão, mas eles os guardiões dominam tantos mistérios e saberes que só com o básico que nos foi aberto hoje a gente já se encanta, imagina com os outros infinitos mistérios! Ele me falou: o caminho da umbanda é gigante né irmão? Eu lhe digo que é infinito e mais uma vez sorri.

Continuei… aí você desdobra para outras linhas, tal como o cocar do caboclo, há situações em que o vosso guia espiritual caboclo pede um cocar, aí você acha que é um apetrecho desnecessário, vai ficar com vergonha de seu caboclo usar aquilo na cabeça certo? Ele sorriu e disse é mais ou menos isso! Então saiba que quando o guia solicita algo, é sempre para facilitar o seu trabalho com relação a movimentação energética despendida no atendimento à assistência que até ele é enviada pela providência divina, o cocar tal como um colar ou uma capa, ou qualquer outro elemento que qualquer outro guia espiritual venha lhe solicitar, vai ser lhe passado o tipo de elemento, a quantidade no caso do nosso atual exemplo o cocar, a quantidade de pena, as cores das penas, o elemento que será composto se será uma palha específica que sustentará as penas, etc… isso o guia espiritual lhe passará certo? Certo! Continuei… saiba que o cocar entre outras coisas, nada mais é do que um campo protetor do mental, quando você entrega ele ao seu caboclo e ele ”estala os dedos” e realiza outros procedimentos ritualísticos que ele domina, ele ativa aquele cocar simples transformando-o em um poderoso campo protetor do seu mental, ele usará esse cocar naquele dia para estabelecer uma conexão com o mental do médium, fazendo que aquele campo protetor reconheça de imediato seu “dono” e após o uso e consagração naquele dia de trabalho, o caboclo (a) pede que você deixe firmado lá no seu congá (altar) e da mesma forma que o seu exu, sempre que for necessário, ele,  nos trabalhos corriqueiros projetará uma réplica energética do cocar no mental do consulente com a função de proteger o seu campo mental de influências negativas ou impedir que cordões energéticos negativos se liguem ao seu mental e passem a lhe influenciar negativamente. Perguntei à ele se ele enquanto cambonava os guias, nunca reparou que os caboclos estalavam os dedos envolta da cabeça do consulente e discretamente parecia que instalava ou colocava algo na cabeça do mesmo? Ele respondeu: sim, sim, sim… já vi diversas vezes isso acontecer! Então umas das inúmeras coisas que eles fazem é também isso, instalam esse campo mental (réplica energética do cocar) na cabeça do consulente e esse campo passa a trabalhar de fora para dentro e de dentro para fora recolhendo e anulando formas e pensamentos negativos gerados pela pessoa ou contra a pessoa. Não é atoa que na imagem de gesso do sagrado pai Ogum Ele tem seu capacete, Exu uma coroa, os baianos e boiadeiros seu chapéus, as iabás ou orixás femininos suas rendas a cobrir sua cabeça e por aí vai… até nós que em nossa vestimenta religiosas também temos a nossa fita branca que envolve nossa testa e consequentemente o nosso chacra frontal, protegendo e equilibrando a entrada e saída de energia deste chacra que está ligado ao sentido do conhecimento e o mesmo com nosso pano de cabeça ou (filá) que cobre nossa cabeça com a mesma função de proteger e equilibrar o chacra coronário, e daí pra mais… ele disse nossa!!! Tudo vai assumindo um sentido né? Eu lhe disse: sim meu irmão, isso porque tudo tem um sentido e um fundamento, já dizia o preto velho né? Correto! Continuei… e por falar em preto-velho, saiba que até aquele cafezinho que parece um “apetrecho” desnecessário, tem seu fundamento também, pois a cafeína enquanto elemento químico age diretamente no sistema nervoso central e melhora nossa capacidade mental nos deixando mais atento, ativando partes do nosso neurônio que melhora a absorção do aprendizado, e quem rege a linha da sabedoria, do aprendizado, e representa a anciencia ou a velhice que são sinônimos de vivência e maturidade no tempo? Ele respondeu: os pretos-velhos(as)!  e qual os Orixás que regem essa linha de trabalhos? O vovô Obaluaê e a vovó Nanã Buroque! Perfeito!!! Continuei… saiba que o café enquanto elemento químico é excelente para o combate do alzheimer, e o alzheimer é uma doença degenerativa de um campo do cérebro responsável pela memória, e quem rege a memória enquanto qualidade divina que registra todos os ciclos e é tida como a senhora das eras? Ele respondeu: Nanã? E eu lhe disse: exatamente meu irmão!!! Se o nosso Pai Obaluaê é o senhor da evolução, a nossa mãe Nanã Buroque é a própria era onde a evolução acontece!!! E na lenda de matriz africana ela a Sagrada Mãe Nanã tinha como filhos pois nas lendas africanas ela era descrita como mãe do Papai Oxumarê, do Papai Omulu, do orixá descrito como tempo ou Iroko e da mamãe Ewá, e se ela representa uma era evolucionista, o nosso pai Oxumarê é a renovação de uma era, onde o orixá tempo é o ciclo e o ritmo de vida que passa a contar nesta era dando à ela um início, a nossa mãe Ewá o encanto que cada era ou ciclo de vida desperta em nós, por isso o axé da mamãe Ewá está nos olhos que é simbolicamente pela visão que tudo assume cor e encanto. É por isso também que na lenda africana a Sagrada Mãe Nanã abandonou seu filho Omulu que posteriormente foi adotado por Iemanjá, pois dentro de uma era evolucionista ele representa o fim e não tem como uma era começar tendo um fim tão próximo, certo? E meu irmão interlocutor só concordou com a cabeça, porém com aquele brilho no olhar característico de quem deixa se encantar pelo conhecimento. Continuei… aí ele foi “despachado” para os campos de Iemanjá que o adotou, sendo ela representante da vida fazia mais sentido o divino Omulu ficar ao seu lado como par no mistério da vida, pois a vida a toda hora começa e termina e ele o orixá da morte sempre estava no fim dela a vida, dando um sentido ou uma finalidade na vida, e após o fim da vida um novo recomeço com seu irmão Oxumarê e uma nova vida em uma mesma era evolutiva e já numa nova pele (reencarnação), e é por isso que na lenda africana o papai Oxumarê é a serpente mitológica Dan, pois ele representa isso: um ciclo que se renova sempre tal como a serpente que troca de pele de tempos em tempos, também representa o arco-íris no “fim do túnel” (Omolu)... Ahhh meu irmão como eu amo falar dos orixás!!! Ele pediu a meia voz: continue!!!  eu continuei… depois de uma pausa profunda, disse: isso falando só do café, porém temos na cachaça ou na pinga que é ministrada é utilizada por exu, um excelente higienizador dos campos e áureas espirituais dos consulentes que vêm tomar seu passe energético com os Exus, perguntei: já viu quando eles colocam aquele copo de pinga no meio dos pés dos consulentes? Ele respondeu: sim, sim, sim, já ví! Pois então aquele elemento provindo da cana de açúcar cuja suas propriedades primária é de gerar energia em grande potencial, quando ativado em suas propriedades energéticas e espirituais, além de fornecer vitalidade e energia, o teor alcoólica derivado da fermentação do bagaço da cana que também não por coincidência é um vegetal regido por Exu, aquilo quando ativado pelo Exu com assopros ou batidas de mão no chão, aquele líquido na sua contraparte energética sobe do solo a partir do eixo magnético da pessoa que está tomando o passe e já sobe higienizando (propriedade energética da fermentação do álcool) e já sobe restabelecendo e energizando todos seu corpo energético, físico e espiritual a partir das propriedades energéticas do açúcar provindas da cana. Se o café é um vegetal que pertence aos orixás Obaluaê e Nanã Buroque, a cana de açúcar não poderia pertencer a outro orixá que não fosse Exu! Certo? Corretíssimo!!!

Após uma pausa, eu perguntei a ele:  Irmão, agora me responda do fundo do seu coração, ainda acha que o ritual de Umbanda se utiliza de apetrechos que ao seu ver são desnecessários? Ele mais do que rápido respondeu: achava, agora tenho certeza que tudo na umbanda tem um fundamento e um porquê de existir! Até o estalar de dedos dos guias que abre espaços simbólicos através dos chacras dos dedos? Ele respondeu sem me questionar, sim! Até da dança do baiano que não está dançando e nem jogando capoeira e sim está abrindo espaços e portais energéticos geométricos em forma de cruz, círculo, triângulo, etc,  através dos chacras das plantas dos pés? Ele respondeu sem me questionar, sim! Até da dança Sagrada da divina mãe Iansã que ao realizar a sua dança Sagrada e levantar a sua mão direita e com ela ereta balançar a sua mão para frente e para trás não porque está com seu leque na mão e sim porque ao balançar sua mão para fora ela irradia vibrações movimentadoras da vida e ao balançar para dentro ela recolhe todas as vibrações negativas que estão paralisando a vida! E ele respondeu sem questionar sim, sim é sim! E abraçou-me e disse: ouvi um dia de uma certa pessoa da minha família que é espiritualista que isso tudo era fetiches e não tinha um porquê de existir, porém sem ter fundamento nunca pude respondê-la e sempre me calei, ora com ódio e ora magoado, porém nunca deixei de confiar em tudo que era realizado em meu benefício através das linhas de Umbanda, porém não sabia explicar ou  justificar quando questionado.

Eu olhei no fundo do seus olhos e disse: bendito e grande é o seu amor pela Umbanda, pois quando nos falta a explicação de algo, aumenta nossa fé e quando a fé vai minando diante da frieza da inquisição que não nos compreende, o seu amor aos orixás lhe supriu de todos os questionamentos… chegou até aqui meu irmão por méritos, você pode ter certeza!!!

Nos abraçamos mais uma vez, agora ambos emocionados e ele desperto agora pelo sentido do conhecimento ia me fazer mais uma pergunta, e me perguntou sobre a pedra preta que o seu Exu havia pedido? Fala para mim dela? E ambos  escutamos um sinal de que aquele diálogo estava encerrado. O que foi que escutamos?

Salve a abertura dos trabalhos… descemos correndo para não tomarmos bronca!!! (Risos)

Fim