SÓ PARA ENTENDER

Por Carlos roberto lombardi | 11/12/2013 | Crônicas

SÓ PARA ENTENDER

 

Certo dia eu estava plantando mandioca

e veio um serzinho barulhando.Parecia perdido

no meio das folhagens. Antes que se questione

quais folhagens, pois não estava eu ainda plantando?

As tais folhagens eram de mandioca

plantadas uns seis meses antes.

Estava apenas aumentando a roça do quintal.

Eu não ví o serzinho. Só escutava o seu runrunado.

Aquele barulhinho: ruinq, roin, ruinq, roinq... etc.

Fiquei bem quieto, as pernas entre-afastadas, olhando fixo

pro som. Claro que não dessa forma. Em direção da

onde provinha o som: roinq, ruim, ruinq, roin....

Antes que acontecesse um outro etc, estava lá o

bichinho. Marronzinho côr de terra, olhinhos redondinhos

Me pareciam bem pretos, barbas não tinha, mas bigode de gato, sim.

Naquele momento, parou. Estava imovel, bem embaixo das minhas

pernas entre-abertas, meu corpo semi-curvado em posição

de cavuco. Ele não me via, mas eu tinha visão panorâmica do seu

serzinho nanico. Ele alí parado, uma fração de segundo. Com certeza tinha a minha presença

presente nos seus sentidos.

Num ataque fulminante, agarrei seu casco.

A primeira atitude delezinho foi cravar as unhas no chão.

Fíz uma força incrivel e nada dele soltar. Tinha travado as unhonas no solo. Vermelho de fazer força, falei com um som

gutural da garganta: “SOLTA AÍ SEU FULECO!!!”

Não é verdade. Isto faz tempo e nessa oportunidade

ele ainda não tinha este apelido, nem era um símbolo

da Patria. Acabei por cometer uma pequena violência. Com cuidado soltei uma das mãos da lateral do casquinho e segurei o serzinho pelo rabo. Foi aí que ele entregou os pontos e

resolveu soltar o buraco . No bom sentido.

Levei o bichinho pra dentro e mostrei pra mulher.

A ideia foi dela: “vamos comer ele”.

Ela disse isso também no bom sentido,

e é claro, o que seria um mal sentido pro serzinho.

Acho que ele percebeu no ato.

Ficou com os olhinhos muchos de tristeza, parecia que ia

chorar. Falei: “Não, deixa o bichinho viver em paz. As vezes ele

terá um grande futuro pela frente”

Fiquei um pouquinho com ele, mas não aguentei aquele

olhar de tristeza e resolví soltá-lo.

Fui no mesmo local da captura e fíz um novo teste de força,

colocando-o pra cavar sua fuga

Mas, incrivelmente ele não topou a brincadeira.

Vê se logo, ou que tinha muita inteligência e um belo futuro, ou estava com medo do seu rabo.

Soltei-o, e em fração de segundos já metia meio corpo no buraco, mais rápido que a máquina Shield de cavar metrô.

Desapareceu alí como se fosse um simples furo-nágua.

HOJE me permito umas pequenas reflexões importantes:

1. Este serzinho, através da Copa de 2014, virou um

Símbolo Nacional – Simbolo da Pátria

    1. Naquele dia tranquilo, que poderia ser pra mim fatídico, e se fosse o símbolo nacional de outro country? Poderia ter segurado um Cangurú pelo rabo, ou ter duas enormes patas no meu peito. Ter agarrado um Panda pelo rabo, e, nem sei sePanda mata. Ó meu Deus...

    1. E se eu tivesse topado comer aquele pequeno pedacinho de carne. Seria muito, muito pior. Além de ter ofendendido o rabo do símbolo da Patria, teria comido o pobre do fuleco da Patria. Hoje eu estaria me sentindo como? Como um político, quem sabe. Ó Deus...

      Carrobberto@gmail.com Dez/2013