Simonia antes e depois de Simão

Por Leonel Elizeu Valer dos Santos | 15/11/2011 | Religião

“E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.” Atos 8:18-20

 Desse incidente originou-se o termo, Simonia, para definir a ação de pretender obter bens espirituais, mediante pagamento. Entretanto, a prática é bem mais antiga. Nos dias de Moisés, Balaão, o profeta mercenário, se dispôs a amaldiçoar a Israel, em troca dos bens de Balaque, o que não consumou, apenas por ter sido impedido por Deus. Então disse Deus a Balaão: Não irás com eles, nem amaldiçoarás a este povo, porquanto é bendito.” Núm; 22:12

  Apesar da advertência divina, ele insistiu, dado que a oferta para seu “ministério” foi aumentada também. Restou a Deus, o recurso extremo da ironia; uma vez que o profeta se revelou um jumento, o Senhor promoveu sua jumenta a profeta. Se a prática continuasse hoje, teríamos que incrementar bastante a produção de jericos, dado o cenário vigente.

 No tempo dos reis, houve reincidência na prática, com danos mais acentuados que um humilhante diálogo com jegue. Deus restaurara a saúde do general siro Naamã, que fora leproso, e ele, agradecido, quis recompensar ao profeta Eliseu. O homem de Deus, porém, recusou as dádivas, despedindo ao feliz general, com todos os dons que trouxera.

 Contudo, o moço de Eliseu, Geazi, não resistiu à tentação; “Então Geazi, servo de Eliseu, homem de Deus, disse: Eis que meu senhor poupou a este sírio Naamã, não recebendo da sua mão alguma coisa do que trazia; porém, vive o SENHOR que hei de correr atrás dele, e receber dele alguma coisa.” 2 Reis 5:20

O moço correu atrás de Naamã, e pediu prata e vestes, mentindo e usando o nome do profeta. Uma vez de volta, Eliseu desmascarou ao “novo rico” e anunciou sua sentença. Ficaria leproso para o resto da vida, pois, vendera como se fora sua, uma bênção que viera de Deus.

 Então, a simonia em Simão, já estava na terceira geração. Hoje, Simão, seu pai Geazi, e seu avô Balaão, trabalham juntos, livres dos jumentos e da lepra, zombando da tolerância de Deus.

 Fotografam os “leprosos”, vítimas de enfermidades, quaisquer, fazem uma espécie de antes e depois, de seus contatos com os “missionários” “Bispos” ou “Apóstolos” da vez. Uma vez sensibilizada a platéia, pedem em nome de Eliseu, (Jesus) ofertas para seus ministérios, “Templos de Salomão” e “Cidades Mundiais”.

Justiça seja feita, o menos culpado dessa história toda é Simão, pois, advertido de seu erro, reconsiderou e mudou de atitude; “Respondendo, porém, Simão, disse: Orai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim.” Atos 8:24  Não fosse o crasso analfabetismo bíblico em que vivemos, e esses salafrários seriam envergonhados ao invés de enriquecidos como são. Apresentam milagres como prova da autenticidade de seus ministérios e o povo corre atrás, quando não, na frente, para “testemunhar” como se fosse o milagre o sinal que identifica os servos de Deus.

 O mesmo Senhor ensinou que os milagreiros iníquos ficariam fora, e Paulo advertiu sobre o selo do INMETRO: “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade.”  2 Timóteo 2:19

Mediante Ezequiel, Deus falou sobre tais profetas, e os que testemunham embasando-os; “Porquanto, sim, porquanto andam enganando o meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz; e quando um edifica uma parede, eis que outros a cobrem com argamassa não temperada; Dize aos que a cobrem com argamassa não temperada que ela cairá. Haverá uma grande pancada de chuva, e vós, ó pedras grandes de saraiva, caireis, e um vento tempestuoso a fenderá.” Ezequiel 13:10-11

 Queres ser rico? Pois não te preocupes em aumentar os teus bens, mas sim em diminuir a tua cobiça.”  Epicuro