Sigmund Schlomo Freud: Que tentem ser mais francos que eu...
Por Samuel Delgado Tavares | 19/02/2010 | SaúdeSigmund Schlomo Freud:
Que tentem ser mais francos que eu; grande investigador em luta consigo mesmo, obcecado por questões que somente ele coloca ("brigando com seus seguidores e sempre ativo"). Um pensador destemido e sua obra, essencial para compreender a importância deste homem que ousou repensar radicalmente uma cultura...
E mais, diz ele:
Não sou absolutamente um cientista, um observador, um experimentador, um pensador. Não sou senão um conquistador por temperamento, um aventureiro, com toda a natureza indagadora, a ousadia e a tenacidade de um tal indivíduo"...
Essas declarações, como outras do mesmo gênero, apenas confundiu os que queriam entendê-lo, não obstante Freud não ter sido seu melhor juiz.
Foi chamado de gênio, mestre, etc., e com igual veemência, de autocrata, plagiador, inventor de fábulas, o mais rematado charlatão.
Sua vida forneceu inesgotável alimento para insinuações, especulações e mitificações.
Dizia que a tarefa fundamental da psicanálise era lutar contra a irracionalidade de maneira equilibrada, acrescentando, esse mesmo equilíbrio, que reduz essa irracionalidade a um "objeto científico inteligível", apenas fazia com que suas idéias a respeito da natureza humana parecessem ainda mais inaceitáveis.
Hoje em dia é comum falarmos freudianamente, referimo-nos casualmente a repressões e projeções, neuroses, ambivalências e rivalidades entre irmãos.
Freud disse mais de uma vez que podia lidar com seus inimigos; o que o inquietava eram seus "amigos".
As calorosas disputas sobre o seu caráter revelaram-se ainda mais virulentas do que as discussões sobre suas teorias. Ele próprio contribuiu para a atmosfera em que florescem os boatos, ao formular aforismos memoráveis, mas enganosos, e ao deixar intocadas avaliações incorretas de sua obra. É um paradoxo: a criação da psicanálise, afinal está comprometida com a mais impiedosa investigação; ela se apresenta como a nêmesis do ocultamento, da hipocrisia, dos subterfúgios polidos da sociedade burguesa. Sentia considerável orgulho em ser destruidor das ilusões, o servo fiel da veracidade científica. "A Verdade", escreveu a Sándor Ferenczi em 1910, "é para mim o objetivo absoluto da ciência". Duas décadas depois, repetiu a Albert Einstein: "não mais considero um dos meus méritos o fato de sempre dizer a Verdade tanto quanto possível. Tornou-se meu ofício".
Referências:
Freud: A life for our time