SETECISMO
Por FELLIPE KNOPP | 26/02/2010 | Poesias19-04-03
Registro: 286.540 Livro:518 Folha:200
Há dias em que a vida parece estranha
Há tempos em que o tempo parece astuto
Há horas em que a vida está de luto
Há vida na vida das pessoas?
Há boas coisas nas coisas boas?
E aqueles que esperam por tantas coisas
Será que não esperam por tanto à-toa?
Nos dias de angústia meu eco ouvi
Minhas carnes tremiam, o pranto engoli
Minhas mãos sacudiam, a cor eu perdi
Meu sangue gelava, nas veias senti!
Era medo,
Medo de mais uma vez não ver a saída
De todas as chances estarem perdidas
De todas as forças estarem rendidas
De estar combatendo em uma “luta renhida”
Por mais que soubesse ter qu’ir, num instante
Tive medo, era apavorante
Por mais que soubesse quão era importante
Eu quis passar o cálice adiante
Quem tem a magia da vida eterna que me tire do sofrimento!
O grande poder da magia é o desconhecimento!
O poder que traz alívio está na inocência
E a mágica da magia na falta de ciência
Também participo contigo
Contigo faço comunhão
Também já bebi desse vinho
Também já bebi desse pão
Também já senti as chagas no corpo
O peso que carrego da vida me parece demais
Por que não termino nada sem ficar com a sensação
De deixar tanta coisa pra trás
Feri-me e sangrei com teu sangue
Andei, pois, levado em teus passos
Senti me passarem as estacas
E vi os buracos nos braços
Me envolvi em teu ideal
Agarrei-me aos sonhos que lavras
Talvez a única coisa que ainda me emociona
É ouvir tuas palavras
Assumia sabendo do preço
Sabia o quanto era difícil
Todavia não estava pronto
Pra hora do sacrifício
Sentia o sangue escorrer
Os irmãos pranteavam tal sorte
Sentia a dor do saber
Derramava a alma na morte
Cada palavra falava com lagrimas
Cada verso com sangue escrevia
Por chagas formavam-se as páginas
Dissertava o horror que se via
Prefacio de sua descrença
Prenunciava sua sorte
Por tal decretava a sentença
Da descrença à sentença de morte
Soluçava olhando calcado
Seu destino já sabia
Ninguém mais estava ao seu lado
E o espírito rendia
E o espírito rendia
E o espírito rendia
E a voz ofegava
E o corpo sentia
E as pernas andavam
E as chagas doíam
E o espírito rendia
Ninguém o sabia
FELLIPE KNOPP