SETE PALMOS ABAIXO DO SOLO

Por Riva Moutinho | 26/06/2011 | Poesias

Deus não escreve certo por linhas tortas É você quem não sabe ler Ou ainda não entendeu que a sua visão torpe Lhe permite apenas enxergar o graveto ao longe Se é tão importante a liberdade de expressão Então não sei por que você quer mudar a minha opinião. Tenha os seus argumentos e argumente comigo Mas não queira sempre me ter ao seu lado. Há tempos tento encontrar a direção do trem Mas se mudo por isso ou por aquilo Sempre tem alguém que acredita que isso é anormal O melhor então é nascer torto e morrer do mesmo jeito. Essa mentalidade fraca não suporta QI Apesar de você achar que é um superdotado Mas esqueceu que não se aprende sem questionar E você passou por essa vida colecionando figurinhas. Nasci numa era distante da que deveria Convivendo com amebas e protozoários. Mastigo o mesmo lixo intelectual atual Só não engulo pra não passar mal Amigos já são tão escassos quanto carroças E as três horas da manhã ainda me pego acordado Procurando alguma coisa perdida no descuido do tempo Encontrando chaves que não sei pra que servirão. Perdido no meio do compasso do tempo No fim da aurora da utopia Que cantava canções de ninar E me fazia lembrar o quão bom era ser pequeno. Deus não escreve certo por linhas tortas Mas você acreditou que tudo era apenas um ditado popular Tente nunca se esquecer de lembrar Que a voz do povo nunca foi a voz de Deus. Veja bem o que eles são Velhos demais pra entenderem Novos demais pra perceberem Inertes demais para mudarem a direção. E tudo vai ficando assim como está Pra pior do que está sempre há um jeito Porque rever o caminho e voltar ninguém quer fazer Porque rever o caminhar e mudar ninguém quer encarar. Então não venha apenas me criticar Conheço as pedras que caíram do lado de cá Muitas delas deveriam ter sido a minha trincheira Mas o que importa se agora chegamos ao fim. No som, a música, eu não quero mudar Vou ouvir meu rock alto enquanto puder Enquanto as luzes da cidade se apagam Em mais um circo de hipocrisias comercial. Aprenda com o seu sorriso amarelo. Não precisa de chiqueiro pra se contorcer na imundícia Há palácios com pedras preciosas Saboreando fel com gosto de caviar. E se eu acordar as quatro horas não me deixe dormir. Riva Moutinho 16/06/2011