Seria o YouTube a nova televisão brasileira?
Por Vanessa Neto Paro | 08/08/2016 | AdmUSCS – Universidade Municipal de São Caetano do Sul
Vanessa Neto Paro
Prof. Orientador Lawton Benatti
Seria o YouTube a nova televisão brasileira?
A televisão iniciou-se no Brasil na década de 1950 e até os dias atuais o canal de comunicação se mantém presente no país e faz parte da cultura popular do brasileiro.
Atualmente, ainda temos famílias que se reúnem no horário nobre para assistir a novela das oito e existem também as pessoas que não perdem o Jornal Nacional da Rede Globo, porém, como podemos avaliar através do comportamento da maioria dos brasileiros, a televisão atualmente tem deixado de ser a “principal atração” das residências e o YouTube tem entrado cada vez nos lares como primeira opção de entretenimento. Segundo Lemos (2002, p. 122) “Esta experiência é diferente daquela das mídias massivas como a televisão, o rádio ou os jornais”.
YouTube é um site que seus usuários podem acessar e compartilhar vídeos em formato digital e atualmente está na 4ª posição no ranking dos sites mais acessados no Brasil. Em seguida temos o Google internacional (google.com) na 3ª posição, Facebook na 2ª posição, e o Google nacional na 1ª posição. Este ranking é disponibilizado pela Alexa Internet Inc. um serviço da Amazon que verifica os números de acesso de cada site da web.
A facilidade de gravar um vídeo e publicá-lo e talvez conseguir a fama com isso, faz com que as pessoas divulguem cada vez mais seus clipes na internet. Afinal, quem nunca teve o sonho de aparecer nas redes sociais e conseguir em questões de semanas ou meses milhares de fãs e seguidores?
Atualmente é possível, pois com um celular na mão e uma conta no YouTube, em questão de minutos é possível gravar e publicar um vídeo que poderá ser visualizado por centenas ou até mesmo milhares de pessoas e com a ajuda das redes sociais está cada vez mais acessível a fama devido ao possível número de compartilhamento.
Nas redes sociais, quando um vídeo é considerado cômico, surpreendente, triste ou simplesmente interessante este clipe é compartilhado e consegue um número de visualizações impressionantes em questões de minutos.
Pessoas ganham dinheiro apenas com a divulgação de vídeos nos seus canais, os chamados “Youtubers”, que devido ao grande número de acesso em seus clipes são até patrocinados por grandes marcas.
Existem muitas pessoas que atingem a fama publicando seus vídeos e até mesmo viram celebridades. Um bom exemplo são os irmãos Jefferson e Suellen que gravaram e publicaram o vídeo “Para nossa alegria”. O clipe teve mais de 30 milhões de acessos e os cantores, passaram a aparecer em programas de TV e a fazer apresentações todos os fins de semana e em diversos locais do país.
Um novo canal surge a cada dia no YouTube e entre os 15 mais famosos do mundo consta um canal do Brasil, o Porta do Fundos, um canal que publica semanalmente vídeos cômicos que abordam temas atuais e do cotidiano da população brasileira, inserindo sempre muitas piadas e humor.
De acordo com informações divulgadas no próprio site do YouTube (youtube.com.br), o número de pessoas que assistem os vídeos através do canal cresceu 40% no último ano, mas a televisão ainda é o meio de comunicação mais utilizado do Brasil, o dado é da Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015).
A informação da PBM é que 74% dos brasileiros assistem TV diariamente.
Pelo Ibope, a PBM entrevistou mais de 18 mil pessoas em todo o Brasil que comprovou o tempo que os brasileiros passam assistindo televisão.
Porém, A ABTA associação brasileira de televisão por assinatura divulgou em seu site (www.abta.org.br), que o número de assinantes de TV por assinatura tem caído nos últimos anos. Os dados apontam em 2014 eram 19.6 milhões de assinantes, em 2015 19.1 milhões e em 2016 até o mês de abril eram 18.9 milhões.
Um fato importante é que o YouTube está na rede, ganhou um grande espaço e continua conquistando usuários pelo mundo, trazendo novidades na internet e dividindo a supremacia televisiva.
Pessoas comuns ganham notoriedade e dinheiro através deste canal de comunicação e até mesmo as grandes empresas apostam no poder de divulgação do site.
Multinacionais criam vídeos para divulgar seus produtos exclusivamente através da internet e até existem casos de sucesso de maior impacto que a televisão. É o caso da campanha Real Beleza da Dove, que foi desenvolvida pela agência Ogilvy Brasil em 2013, o vídeo publicado no Youtube, atingiu milhares de pessoas e ganhou 14 troféus no Festival de Cannes no mesmo ano.
Jenkins (2006a, p. 290) constitui que “Os fãs e outros consumidores são convidados a participar ativamente da criação e circulação do novo conteúdo”.
Será possível a televisão brasileira continuar competindo com tamanho rival?
O público está cada vez mais exigente e para ele ter opções de escolha é de extrema importância, a interação deve ser explorada e a pesquisa para analisar o que ele deseja deve ser sempre aplicada.
Caso a televisão não se adapte ao novo telespectador, no futuro perderá ainda mais audiência para os fenômenos da internet. Talvez não acabe, mas a adaptação é fundamental para se manter como um dos principais canais de comunicação do Brasil.
Referências
LEMOS, André. Aspectos da cibercultura – vida social nas redes telemáticas. In: PRADO, José Luiz Aidar (Org.). Críticas das práticas midiáticas da sociedade de massa às ciberculturas. 1ª ed. São Paulo: Hacker Editores, 2002.
BURGESS, Jean. GREEN, Joshua. YouTube e a Revolução Digital: como o maior fenômeno da cultura participativa transformou a mídia e a sociedade. Com textos de Henry Jenkins e John Hartley.Tradução de Ricardo Giassetti. São Paulo: Aleph, 2009.
RIBEIRO, Ângelo Augusto. YouTube, a nova TV corporativa : o vídeo na web como estratégia de comunicação pública e empresarial. Florianópolis: Combook, 2013.