Será que é amor?
Por Marcia Keller | 10/10/2009 | SaúdeAmor. Palavra levianamente utilizada em milhões de poemas, canções, novelas, cinema, televisão, na vida diária... Poucos param para analisar o seu verdadeiro significado. Cada um apresenta a sua própria definição de amor, muitos até fazem cobranças, acreditando não existir um meio termo: Afinal, você está ou não está apaixonado?
As pessoas, em geral, sentem-se confusas em relação às suas próprias emoções, devido a um processo de autoconhecimento precário. Quantos indivíduos confundem o fogo da paixão ( que dura no máximo dois anos) com o amor eterno? Quantos não confundem uma atração física fatal com o desejo de constituir uma família? Quantos não transformam o parceiro em bengala para fugir do domínio familiar, para esconder suas próprias carências,para adquirir segurança emocional ou financeira? Nada disso é amor...
Todo ser humano tem uma necessidade básica de dar e receber afeto. Por ser mais fácil demonstrar fisicamente aquilo que desejamos, muitas vezes carícias são confundidas com carinho, e atração física com amor. No entanto, só é capaz de amar outra pessoa quem antes ama a si mesmo, porque o amor não depende de fatos concretos. É uma força maior que habita a nossa alma, tornando as dores físicas suportáveis e as mais monstruosas angústias toleráveis.
Amar a própria vida e respeitar a própria individualidade são os pré-requisitos para compreender o significado do amor, que começa no seio familiar, amplia para o círculo de amizades, passa até mesmo pela tolerância e flexibilidade no ambiente de trabalho, até chegar a uma relação conjugal. Sem esse amor básico pela vida e respeito pelas pessoas,pelas inúmeras diferenças humanas, o amor romântico perde toda a sua força e essência. A falta de amor por si mesmo e pela vida torna qualquer obstáculo insuportável, a ponto de destrir relacionamentos por pequenas brigas, crises de ciúme, doença, dificuldade financeira,insegurança,egoísmo,ambição desmedida,impaciência...
A falta de amor inicia um jogo perigoso onde um culpa o outro por tudo que acontece e a atração inicial desmorona com o forte impacto. Amor e companheirismo não chegam a ninguém gratuitamente. Cobrar o que foi dado ou fazer trocas não é amor, e sim um jogo de interesses e, em certos caos, pode até mesmo ser uma neurose gritando para ser tratada.A criança precisa ser ensinada, senão jamais entenderá o significado do verdadeiro amor,construindo uma fortaleza de ferimentos e,frustrações,medos e decepções no decorrer da vida.
Para um relacionamento dar certo, duas pessoas que amam a si próprias ( para ter condição de amar o outro) toleram as deficiências do companheiro em busca de uma afinidade. As diferenças somam ( quando na maioria dos relacionamentos subtraem e causam atritos). Quando tudo se rompe com facilidade, isso significa que o casal perfeito na realidade não se amava, ou apenas um dos dois amava. Uma pessoa que conhece o significado do amor não se irrita com facilidade, não vira as costas na horas difíceis, chora e ri junto, busca soluções para os problemas de modo que tenham um final feliz para todos, fazem concessões e se admiram. Acima de tudo, se aceitam e se respeitam.
Todos nascemos com o instinto de amar,porém precisamos entender a natureza do amor. Declarações de amor são válidas, desde que se demonstre tudo aquilo que se fala, pois muitas vezes as palavras enganam. Embora o amor inspire o desejo de compartilhar a alegria e a tristeza, a saúde e a doença, isso não significa que é preciso casar para provar que sente amor. Quem ama simplesmente perdoa, esquece as fraquezas do outro. A maior prova de amor, entretanto, é tolerar as diferenças. Na tolerância se encontra embutida a mais profunda prova de amor. Tolerar vale mais do que mil palavras. É o mais gratificante discurso em silêncio, uma extraordinária declaração de amor incondicional. Lembre-se,também, de que o amor dá muito mais vida, energia, jovialidade e beleza aos seus anos!