Ser Cristão Católico
Por Marcelo Castilho | 09/12/2008 | ReligiãoMuitos católicos ainda não compreenderam o que é ser cristão. Muitas atitudes vistas como normais em nossa sociedade são despercebidas e não são criticadas pelos cristãos católicos.
Em muitas passagens bíblicas, Jesus Cristo lutou contra as injustiças, lutou em favor dos pobres e levou amor a toda humanidade. Em Lc 9,10-17, Jesus dividiu cinco pães e dois peixes para centenas de pessoas que o seguiam. Em Mc 12,13-17, Ele condenou todo tipo de dominação e hipocrisia quando os partidários de Herodes perguntaram se era lícito ou não pagar o imposto a César. E há tantos outros exemplos da vida de Jesus Cristo que, como cristãos, deveríamos imitá-lo para criarmos um novo mundo de paz e amor.
Um exemplo típico do cotidiano são as guerras entre as torcidas de times de futebol. Sabemos que a prática de esportes ajuda o ser humano a manter de forma saudável sua saúde física e mental. Porém, o que assistimos em quase todas as partidas de futebol é a intolerância com o nosso semelhante quando torce e veste a camisa do time adversário. A palavra "adversário" possui o sinônimo de "inimigo", "rival", "concorrente", e dessa forma, já condiciona a mente da pessoa-torcedor que é preciso abater todo inimigo que apareça a nossa frente. Trata-se de uma guerra e isso gera as brigas e mortes entre torcedores. Sem contar a violência dentro de campo entre os jogadores que deveriam dar exemplo para a sua torcida e que louvam a Deus toda vez que marcam um gol. Isso não é uma atitude racional, nem muito menos cristã.
Mais um exemplo é a violência no trânsito. A nova lei que pune o motorista de dirigir embriagado fez com que os acidentes de trânsito diminuíssem consideravelmente. Porém, ainda assistimos o ser humano intolerante e incompreensível, quando tomamos uma "fechada" de um outro motorista ou quando o outro provoca um acidente em nosso veículo. A primeira reação é fazer gestos obscenos, xingar, fazer perseguição ou até mesmo, em casos mais graves, partir para a agressão física. Não admitimos, por arrogância, que somos seres humanos e que podemos errar. Somente o outro é o culpado e ele é quem deve pagar pelo erro cometido, nem que seja de forma brutal e violenta.
Outro exemplo que ocorre com muita freqüência em nossa sociedade são os maridos ou esposas que traem seus companheiros. É tão contraditório quando assumimos um compromisso diante de Deus, dos amigos e da sociedade para sermos fiéis, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, e no fim, a aliança é quebrada sem a menor consideração e fidelidade com a pessoa que se assumiu passar o resto de suas vidas, construindo um lar e educando seus filhos.
Isso sem contar os roubos, os assassinatos, as opressões e as discriminações. O católico que vai à missa, recebe a hóstia sacrada e depois vai se embriagar com os amigos está traindo a sua fé. O católico que mente para a sua esposa que ficará até mais tarde no trabalho e que na verdade passará algumas horas com uma prostituta ou com a amante também está traindo a sua fé. O católico que pensa apenas em ficar rico a qualquer custo causando miséria para os seus semelhantes não compreendeu o que Cristo veio fazer na Terra. O católico que entra na vida política e que desvia verbas públicas para o seu próprio benefício também não compreendeu o que é política e o que é ser cristão. O católico que não respeita seu pai e sua mãe também não compreende quem é Virgem Maria e o que é o amor de Deus.
Jesus nos chama para a conversão. Precisamos mudar o nosso coração. O amor de Deus é imenso e infinito. Precisamos ser mais tolerantes, pacientes e mansos. Isso não é um chamado para sermos seres passivos e medíocres. A humanidade está caminhando para o desastre criando um faroeste urbano, onde não se respeitam mais as leis e não há mais temor à Deus. Está se esgotando o respeito pelos nossos semelhantes. O ser humano está se tornando mais individualista, apenas pensando em si mesmo, em como acumular mais riquezas e em como obter mais sucesso e admiração. O abraço da paz dado na santa missa deve ser dado em toda a nossa família, em nossos amigos e em toda humanidade. É urgente que o católico assuma a sua cristandade e seja instrumento presente do amor divino aqui na Terra. Que encontre a sua vocação de amar as pessoas.
Ser católico não é apenas dizer "Eu sou católico e vou toda a semana à missa". É também praticar o cristianismo em todos os momentos da nossa vida. É seguir e imitar Cristo.Marcelo Castilho