Sensível ou Inteligível?

Por Edney Silva | 28/04/2014 | Filosofia

Olá pessoal. Ontem tive uma conversa com uma pessoa, que óbvio não vou revelar quem, nem onde, por várias razões e motivos, enfim, o que vai importar é o conteúdo da conversa e não seus personagens. Estávamos falando sobre vida, trabalho e satisfação no que esta pessoa me disse estar um pouco descontente com aquilo que faz e planeja mudar logo de vida. Nessa perspectiva resolvi perguntar o que significava o mundo? A resposta foi: O mundo é isto. Perguntei isto o que? Levantou os braços e apontou para as coisas ao nosso redor. Perguntei de novo, Se explique melhor, não estou entendedo? Ai tive outra resposta, o mundo é o que existe, o real.

Que coisa legal essa resposta, a partir daí não consegui mais parar de pensar sobre o assunto e, cheguei a algumas conclusões que podem estar certas ou erradas. Mas, vejamos: O mundo para esta pessoa são as coisas que existem e são reais, portanto, é o que ela vê, pega, sente, cheira e etc., assim o mundo para esta pessoa é a leitura que ela faz das coisas ao seu redor. Dessa forma penso eu, que o mundo torna-se subjetivo, ou seja, está sujeito a pessoa, que cria e passa a viver nesta realidade criada, logo, neste caso existem vários mundos, por quê? Dependendo da minha leitura de mundo, o meu pode ser diferente do seu. Uma pessoa que vive no deserto, onde só vê areia, vento, calor, e etc., terá uma concepção de mundo bem diferente do mundo de uma pessoa que vive em uma cidade grande. Assim também, toda a realidade de vida dessa pessoa passa a ser a leitura do que ela faz dos fenômenos que a cercam e das conclusões que ela chega, ou seja, a verdade dela pode ser diferente da verdade das demais, opa, isso pode explicar muita coisa sobre o modo das pessoas pensarem, bem como, o porquê delas acreditarem em determinadas coisas e em outras não. Assim, penso eu que o problema desse tipo de pensar é que, tanto, o mundo como a verdade e demais coisas são criados a partir da subjetividade de cada um, o que me leva a idéia de que tudo é relativo, uma determinada coisa pode ser assim e assado para mim e para você não. Acho isso um tanto quanto perigoso, pois se tudo é relativo, logo minhas ações, sejam elas boas ou más, serão justificadas pela minha visão de mundo. As ações boas são louváveis e bem vindas, já as más, muitas vezes terão conseqüências ruins para a pessoa que pratica como para as pessoas que sofrerão tais ações. Pois se tudo é relativo, também tudo é permitido desde que eu tenha feito a minha leitura e tenha me convencido de que aquilo vale à pena realizar.

 Por outro lado, temos a teoria platônica sobre o mundo, que diferente do que expus acima, não parte de uma concepção de criação da realidade, mas parte da concepção de que a realidade é acessada, ou seja, para Platão este mundo aqui é somente aparente, sensível, portanto imperfeito. Existe assim um mundo perfeito, que Platão chama de mundo inteligível ou supra-sensível e, neste mundo perfeito, onde tudo é perfeição, Platão concebe idéias perfeitas, mas ou menos assim: quando penso em cadeira, tenho a idéia de um objeto que serve para sentar, que tem um encosto para escorar minhas costas, que tem uma base fixa onde me apoio e assim não caio no chão, a idéia de cadeira perfeita. Já a representação de cadeira no mundo sensível é imperfeita, porque é apenas uma cópia da idéia perfeita e sofre mutações tipo: pode ter quatro pernas, ou três, pode ser acolchoada ou não e coisas e tais. Porém a essência de cadeira continua, quando lhe falo a palavra cadeira o que vêm a sua mente é a essência de cadeira e não as muitas formas e modelos de cadeiras que por ai possam existir. Acho que me fiz entender, vamos avante. Portanto, para Platão existe uma essência, uma idéia absoluta de cadeira, que é a perfeita, dessa mesma forma existe uma essência, uma idéia de verdade absoluta, opa, portanto para Platão existe não uma verdade relativa, mas sim uma verdade absoluta, que serve de modelo para o mundo sensível, uma verdade um critério em que os homens devem basear seus pensamentos e intenções, tipo uma regra a seguir ela não pode oscilar, ser ao mesmo tempo absoluta e relativa, é uma verdade segura e sem engano, parece mais um dogma. Assim, penso eu, que a realidade do mundo não é mais a leitura que faço dele nas coisas reais e existentes, mais a leitura que eu acesso dele no mundo inteligível. E como isso se dá? Pelo processo que Platão chama de reminiscência, anamnese, ou seja, lembrança do que a alma contemplou quando ainda estava no mundo inteligível e tinha a visão direta das idéias perfeitas. Portanto, partindo desta teoria posso dizer que o conhecimento é inerente ao homem, bastando para tanto acessá-lo no mundo inteligível por meio de esforço, estudo e ai lembrar o que ele já sabia antes mesmo de nascer. Assim seguindo o raciocínio de Platão, nossas ações não podem ser realizadas ao bel-prazer, mas terão de seguir uma ordem de justiça, de belo, de verdade e etc., que são idéias absolutas.

 É agora, quem está certo? Confesso que não sei responder e pra ser sincero acho que talvez nunca chegarei a saber, mas enquanto isso, sigo minha vida pensado sobre o assunto e refletindo como posso ajudar as pessoas em suas jornadas por este mundo, que dependendo do modo de pensar pode ser uma coisa para um e outra coisa para outro.

 Fui...................................................................