Sem Gonzaga?!

Por Edson Terto da Silva | 11/12/2012 | Crônicas

Com a República, em 1889, o Brasil deixou de ser Reino Unido a Portugal, mas, talvez, nós, brasileiros, para jamais perdermos a majestade, criamos muitos reis e rainhas para diversas áreas. Os esportes e as artes são duas delas. Neste dia 13, nosso “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga, completaria seus 100 anos. Seriam “cem” anos de Gonzaga, que nos deixou em agosto de 1989, mas o legado que ele deixou permite dizer que jamais a música brasileira ficou “sem” Gonzaga.

 Praticamente todo artista nordestino, e mesmo alguns nascidos no Sudeste, de nossa música tem, de alguma forma, influência do Rei do Baião. Só para citar alguns, Alceu Valença, Zé e Elba Ramalho, Raimundo Fagner, Raul Seixas (que infelizmente também morreu em agosto de 1989), Lenine, Caetano, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Tom Zé, Jackson do Pandeiro, Caju e Castanha, Genival Lacerda, Maria Alcina, Benito Di Paula, entre outros.

 Meu primeiro contato com músicas de Gonzaga foi aos seis anos. Sempre que possível, meu pai, que era paraibano, comprava disco de vinil, alguns de 78 rotações, e os tocava incansavelmente em vitrolas. Hoje, é possível conseguir coletânea completa de “Gonzagão” em moderno sistema de gravação MP3. Lembro que minha mãe, que era pernambucana,  conterrânea de Gonzaga, não gostava muito da fixação do meu pai pelo “Rei do Baião”, ídolo impar da música regional nordestina.

 A explicação é que minha mãe era mais moderninha, gostava era da Jovem Guarda, na qual reinava outra majestade, que até hoje é o cara e “Rei da Música Brasileira”, nosso amigo, Roberto Carlos. Meus pais e alguns de meus irmãos passaram precocemente, deixando muita saudade, que aumenta mais na época de fim de ano, marcada pelas festas de Natal e Ano Novo.

 Mas, como dizia Raul, “...os homens passam, as músicas ficam...” Imagino então o grande arraial celestial preparado para comemorar 100 anos de Luiz Gonzaga e mais do que anfitrião, o grande “Rei do Baião” deverá é trabalhar muito brindando os convidados com os acordes de sua sanfona branca e com a poesia quase toda voltada ao povo nordestino que Luiz Gonzaga sempre exaltou e defendeu com orgulho e coragem dignos de sua realeza.