Segunda Guerra Mundial, 1939-1945: Entre Nazismo e o Holocausto

Por Rosivaldo Oliveira Paixão | 18/05/2018 | Educação

Resumo: O Holocausto foi a perseguição e o extermínio sistemático, burocraticamente organizado e patrocinado pelo governo nazista, de aproximadamente seis milhões de judeus pela Alemanha e seus companheiros. Pretendo trazer à tona fatos que marcaram este evento, porém não esgotá-lo devido à complexidade histórica.

É inegável que a Segunda Guerra trouxe consigo um massacre sem precedentes, dizimando milhões de vidas, -estima-se que entre 40 e 50 milhões, principalmente civis, seja pelo combate direto ou não. Vale salientar também que a fome, as epidemias e doenças contribuíram sobremaneira com esse número, podendo ser considerada, portanto a mais sangrenta guerra militar que o mundo já viu. O que Eric J. Hobsbawm chamou de “era da catastrofe”, e de “guerra de 31 anos”, o período histórico compreendido entre 1914 e 1945, cuja nota dominante teria sido a crise da sociedade liberal/imperial precedente.2
Apesar da Segunda Guerra Mundial só começar no dia 1º de setembro de 1939, na data da invasão a Polônia pela Alemanha e URSS, já em 1931 estaria começando o conflito que se alastraria pelo mundo, com a invasão da Manchúria, Região da China, pelos
1 Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia, Campus V.
2 Eric J. Hobsbawm. Era dos Extremos. O breve século XX 1914-1991. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.
soldados japoneses. Outro fator importante que vale a pena levar em consideração neste interim é que, simultaneamente, Brasil e EUA passavam por grandes mudanças, no caso do primeiro a Revolução de 1930 pôs fim a política do café com leite, pondo Vargas no poder, já o segundo, 1932 Roosevelt lança mão do New Deal (programa com o objetivo de recuperar e reformar a economia norte-americana, e assistir os prejudicados pela Grande Depressão), contudo, só viria acontecer com a Guerra que o Japão deflagrara. Escreveu Trotsky, no seu último texto publicado (de meados de 1940): “A guerra mundial é a continuação da última guerra. Mas continuação não significa repetição. Como regra geral, uma continuação significa um desenvolvimento, um aprofundamento, uma acentuação”. Na Enciclopédia Storica de Massimo Salvadori aponta-se o caráter mais “ideológico” (democracia vs. fascismo) da Segunda Guerra Mundial em relação à Primeira. Quanto ao caráter da guerra, afirma-se: “Bombardeios maciços, frequentemente de natureza terrorista, foram realizados sobre um grande número de cidades, muitas das quais foram totalmente arrasadas (rase al suolo), causando imensos estragos, provocando sofrimentos desumanos e destruindo para sempre grande parte da herança histórica [da humanidade]” (grifos nossos).3
1. Contexto Histórico Nazismo
De acordo com a Constituição de Weimar (1919) a Alemanha no pós-guerra era uma República parlamentar, federalista e democrática e com presidente eleito pelo voto direto e universal. É a partir de então que Hitler ingressa no Partido dos Trabalhadores Alemães, tornando-se no ano seguinte a principal figura, a partir daí altera o nome do partido para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista. Sobre este assunto o autor Osvaldo Coggiola4 citando León Trotsky versa sobre quando afirma que
León Trotsky procurou desentranhar a dinâmica histórica e de classe que permitira esse fato (cujo alcance catastrófico foi dos primeiros a perceber, o primeiro dentro do socialismo marxista), comparandoa com a vitória, uma década anterior, do fascismo italiano. Trotsky passou rapidamente pela figura de Hitler, não mais do que um par de páginas, não por não considerá-la importante, mas por considerá-la simplória e sem mistérios (“nem todo
3 Massimo Salvadori (ed). Seconda Guerra Mondiale. Enciclopedia Storica. Bolonha, Zanicheli, 2000, p. 1071. 4 Doutor em História Comparada das Sociedades Contemporâneas pelo Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales, França(1983) Professor visitante do Università di Roma "La Sapienza" , Itália.
pequeno burguês raivoso pode ser um Hitler, mas há um Hitler em todo pequeno burguês raivoso”, disse, resumindo a psicologia e o caráter de classe da base social do nazismo). Ian Kershaw também descreveu Hitler como um medíocre ignorante que, no entanto, “encarnou, representou, ativou e legitimou as forças sociais e políticas que desencadearam o nazismo”, que teria, de qualquer forma, existido sem ele (a tese de Kershaw foi qualificada de “funcionalista” ou “estruturalista”, por privilegiar o papel das estruturas em relação ao dos indivíduos), mas, “se fosse outro o líder, os principais desdobramentos teriam tomado caminhos diferentes, ou não teriam ocorrido”: “As ideias cruciais para que ele chegasse ao poder não eram exclusivas de Hitler, mas ele as apresentava de uma forma particular”.5
Para compreender o genocídio ulterior é preciso entender o processo de antissemitismo que o precede e que teve influência decisiva neste fato, para tanto na obra Mein Kampf6 segundo Ian Kershaw
Hitler já possuía traços antissemitas desde sua infância (Grifo nosso), porém não num grau diferente ao de outros moradores da cidade. Ninguém que o conheceu antes de 1919 cita o antissemitismo como traço fundamental de sua personalidade, já que mantinha relações amistosas com judeus e dedicou uma de suas obras ao médico (judeu) de sua mãe.
Logo após a crise de 1929 a ascensão do Nazismo acabou expressando a continuidade da instabilidade social e política que, tão logo se tornaria aguda. Destarte, é correto afirmar que o Nazismo não foi uma ideia louca e vinda do nada, ela é consequência de várias ideias, a constar: o carimbo da ciência; um ódio ancestral; o amor à pátria; a fria modernidade e a ilusão da beleza, que, segundo Eduardo Szklarz “Por décadas, o mundo olhou para ele como se não passasse de um surto de loucura-um desvairio sem coletivo sem sentido ou explicação”. (Nazismo, 2005, p.38).

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