SE NÃO FOR ARTISTA O AR TOSTA

Por Rosam Cardoso | 29/09/2016 | Arte

Existe o artista de entretenimento

e o artista.

O artista de entretenimento

diverte o público.

Ele quer fazer rir ou distrair,

desanuviar a cabeça dos problemas diários.

Quer exibir suas qualidades e seus malabarismos.

Sua crítica é pejorativa e se detem nas falhas humanas,

para tirar daí gargalhadas.

Ele pega o inusitado, o estranho, o escroto, o defeituoso,

dá tons histriônicos e reflete para o público rir

ou se emocionar.
 

Já o artista,

não quer nada.

A sua arte,

sai antes mesmo que ele queira alguma coisa.

Esse artista é um autofalante.

Ele percebe as questões humanas,

aquilo atravessa seu corpo

e se traduz em pigmentos na tela.

O artista não quer entreter.

O artista continua a passos firmes

no caminho de fazer deste planeta,

um lugar melhor pra todos.
 

Ele é um sensitivo do senso comum,

ele traduz e questiona,

ele reflete.

Ele é um espelho das falácias humanas.

Não para diminuir com o ridículo,

mas para denunciar e transformar.
 

O artista é, mesmo que ele não queira.

O artista inspirar o ar

e transpirar poema.
 

Muitos são os artistas de entretenimento,

raros são os artistas.

Atualmente cada vez mais raros.

Arte não dá dinheiro,

entretenimento sim.
 

Entretenimento, porém, é oco.

Há uma catarse e você se esvazia.

O entretenimento esvazia

para que você consiga suportar o próximo dia.
 

O artista, por outro lado,

te enche de conteúdos

e sentimentos que te fazem questionar.

Ele não está alí para dis-traí-lo,

ele está ali para acendê-lo e ascendê-lo.
 

A arte é entretenimento e conhecimento ativo e questionador.

Atualmente a arte é praticamente de entretenimento.

Ela perdeu seu vinculo revolucionário. 

Pena! A arte era tão boa.

Agora só entretenimento

para pessoas que se adoram vazias.
 

Bravo!!!