SE ALGUÉM VEM A MIM E NÃO ODEIA SEU PAI E SUA MÃE... (Lucas, 14:25-27)
Por alessandro moreira | 16/09/2012 | BíbliaQuando lemos algumas palavras atribuídas a Jesus nos evangelhos que em certos momentos até se pensa em rejeição das mesmas. Para que não caiamos na obscuridade de pensar mal do mestre temos que buscar o seu verdadeiro significado e tentar captar que em certas passagens quando explicadas não são fiéis ao seu real significado.
Quando pensamos na palavra odiar o que vem automaticamente em nossas cabeças é: abominar, aborrecer profundamente; sentir aversão ou repugnância por; seria possível que foi com esta intenção que Jesus teria falado? Temos que buscar o seu sentido na época para pudermos entender de fato a mensagem.
A língua hebraica não era muita plena de vocábulos, fazendo com que o sentido de várias palavras fosse ampliado se adaptando a cada situação específica. Toda interpretação literal é, pois destarte, complicada uma vez que esquece o viés histórico inserido na palavra.
De acordo com alguns estudiosos o verbo grego misein exprime, sendo este análogo ao verbo hebreu que Jesus provavelmente empregou, o termo quer dizer não apenas odiar, mas também amar menos, não amar igual a outro, não amar com a mesma intensidade. No dialeto siríaco, que dizem ter sido o mais usado por Jesus, essa significação é ainda mais acentuada.
È interessante se buscar ler esta passagem dando esta acepção e não odiar atual, que é contrária ao sentido profundo do ensinamento de Jesus. Ele não ensinou nada que pudesse nos afastar de Deus. O sacrifício de amar os que nos ultrajam e nos perseguem é difícil, mas é isso, precisamente, o que nos torna superiores a eles em espírito, nos aproximando de Deus em essência.
Este é o epicentro do evangelho; se nós não conseguimos fazer isto não podemos alcançar a Deus e jamais seremos imitadores de Jesus. É essa a principal hóstia imaculada que devemos oferecer a Deus, no altar de nossos corações; pão consagrado de agradável fragrância, cujos perfumes sobem até Ele.