Saúde uma questão de classe e dominação: A medicina científica e medicina popular

Por JEFERSON KAPPES | 27/11/2017 | Saúde

Resumo:

Este artigo busca ampliar a discussão no campo* da Saúde (*conceito utilizado por Pierre Bourdieu, uma noção que caracteriza autonomia no domínio da concorrência e conflitos internos), que trata especificamente entre a medicina científica "portador da razão e confiável" e medicina popular, esta, usada em toda a existência humana, construída na experiência em plantas e raízes da natureza, mas que por algum motivo perdeu a hegemonia que tinha anteriormente, é vista como "não confiável", não testada empiricamente, sem diálogo com a razão.

 Outro argumento bastante difundido, é que medicina popular evoluiu para a medicina científica, no entanto, podemos analisar a medicina popular: "age como um divisor de águas", onde as classes populares, buscando uma maneira de sair da dominação burguesa, (que secretamente oprime com meios legais, favorece uma impressão de violência simbólica) assim, eles estão desenvolvendo sua própria emancipação.

O tema que aqui é discutido se faz necessário para fins de desnaturalizar o padrão hegemonicamente assentido, que é atualmente difundido na questão de autoridade, se tratandode saúde, ou seja, que a medicina científica, ensinada nas universidades e centros de pesquisas, que formam profissionais, estes que são reconhecidos como “capacitados” e portadores da única maneira real de diagnosticar e tratar doenças, bem como, medicar remédios, com base na química de laboratório e na biologia de laboratório, ignorando a medicina popular que perdura durante toda a existência humana, as antigas práticas xamãs, utilizadas pelos indígenas, os xaropes medicinais dos “pretos velhos”, oriundos do candomblé e culturas africanas, dentre outras práticas que são vivenciadas pelas classes populares, que por variados fatores as procuram, seja por não dispor de recursos econômicos para utilizar a medicina científica ou por descrença em sua eficácia, vide o exemplo da aplicação dos contraceptivos na África, a população, em sua grande maioria oriunda de tribos indígenas, acredita que a Aids, ou vírus HIV, é passado ou transmitido, justamente pelo uso dos contraceptivos, não conseguem crer na eficácia do combate do HIV pela medicina científica, aqui não se discorda da eficiência e dos métodos científicos, mas o exemplo é para mostrar que existem contradições, ou seja, essas tribos preferem os seus métodos naturais e culturais para tratar de seus problemas de saúde, pois, desconhecem a ciência europeia e ocidental, suas práticas foram efetivas durante longos anos e garantiam sua sobrevivência, se isso é ou não real, do ponto empírico ou observacional, não nos cabe a discussão, mas a não - interferência de práticas científicas não culminou com a extinção desses povos, pelo contrário, a permanência de suas tradições e culturas é o que garante sua existência como tal.

Inegavelmente são considerados “doentes” quando algo os impede de realizar suas atividades comuns, isso é fato. Um fator que deve se levar em consideração é que o capitalismo cria novas doenças conforme os avanços tecnológicos extinguem outras, para o simples “equilíbrio lucrativo”, doenças precisam existir, para pessoas comprarem remédios e consequentemente alimentar os lucros da burguesia que tende a se “alimentar” de vida, mas vidas são abundantes em nosso mundo, não é?

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