SAÚDE PUBLICA NO BRASIL. UM MONSTRO CRIADO EM LABORATÓRIO
Por ADALBERTO CUNHA | 02/07/2013 | PolíticaSAÚDE PÚBLICA NO BRASIL.
UM MONSTRO CRIADO EM LABORATÓRIO.
Nada vulnerabiliza, constrange, fragiliza e deprime mais um ser humano do que a doença. A prova maior dessa afirmação é que uma pessoa de 1,90 m de altura com 120 quilos de peso, literalmente desmonta com uma simples gripe.
A doença transforma nosso modo de ser, apaga a nossa alegria, nos remete a situações desesperadoras. É exatamente nesse momento que precisamos além do atendimento médico de qualidade, apoio psicológico e atenção plena.
Por mais fortes e brutos que sejamos, na hora da doença nos tornamos bebês desprotegidos. Atualmente, um dos maiores traumas da população brasileira, particularmente, daquela parte que não pode arcar com os altos custos de um bom plano de saúde privado é exatamente ficar doente, pois sabe que não haverá atendimento adequado para si pela saúde pública do Brasil. O mais grave é que isto já se tornou patologia.
Com frequência, escuto alguns “supra sumos” da inteligencia afirmarem que o modelo da saúde pública brasileira serve como referencia para diversos países do mundo e, não entendem por que o povo reclama tanto. Na verdade, o modelo eu não discuto, pois propõe atendimento grátis em quaisquer especialidades, vinte e quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias por ano e, se o ano for bissexto aumenta-se mais um dia no atendimento ao público. É show! É Fora de série! É o maior espetáculo da terra! É inexplicável! É fantástico!
A questão é a prática desse modelo, a operacionalidade dele, a verdade do dia a dia de quem necessita de um atendimento médico, particularmente se for por doenças graves.
Do mesmo modo, apesar de não ser da área da saúde, tampouco phd em administração, não vejo a coisa tão feia quanto se pinta com relação a dotação orçamentária para a saúde pública em nosso país. É claro que o orçamento deve ser aumentado e, para tal é preciso ter vontade política. Com a mobilização popular que vem ocorrendo em nosso país, se mantida, a vontade política não tardará em aparecer.
O problema maior da saúde pública, como de todos os demais setores, reside exatamente nos gestores públicos, no caso os estaduais e municipais. Todos envolvidos na política pública partidária. Cuidando de interesses políticos públicos partidários e, obviamente dos pessoais também, através de seus OPVP – ORÇAMENTOS PESSOAIS VIA POLITICA. Juntos, má gestão, orçamento pequeno, corrupção grande , descomprometimento e incompetência, o resultado será exatamente igual ao que temos na prática. Caos. E nessas condições nós – o povo – não somos interessantes para ninguém. Infelizmente chegamos ao chavão QUANTO PIOR MELHOR! E, lamentavelmente a filosofia administrativa desses pseudos gestores é: Afinal, o que irei prometer ao povo nas próximas eleições se lhe der atendimento de qualidade agora?.
Não dá para alimentar a corrupção com comprometimento, seriedade, responsabilidade e competência. Nem eu, nem minha família usamos a rede de atendimento público. Eu quero lá saber se alguém chega as 2:00hrs da manhã para pegar uma ficha para atendimento médico e não consegue.
Como dizia um personagem do saudoso humorista Chico Anísio (Justo Veríssimo): “Eu quero que o povo se exploda”.
Não tenham dúvidas. Onde a política entra, o povo se arrebenta!
Verdades à parte, é necessário uma grande mobilização popular para mudarmos muita coisa na sociedade brasileira. Chegou a hora. Tudo nos favorece. O povo acordou. Em 2014 teremos eleições e copa do mundo no Brasil. O PT não quer perder essa “boquinha” que os alimenta já por doze anos. Os outros urubus estão rodando o ambiente, crentes que haverá fartura de carniças. Portanto, é a hora do povo saber fazer uso da situação, e obter melhorias reais.
Focando na saúde, não vejo esse “bicho de sete cabeças” todo e, ouso sugerir algumas providencias simples, claras, obvias e ululantes,- me permitam a redundância - que sem dúvidas trarão mudanças radicais positivas. Senão vejamos:
-
Afastar das secretarias de saúde dos Estados e dos Municípios os secretarios de saúde, gestores e pessoal de primeiro e segundo escalão ligados a política partidária. Colocar pessoas ligadas a área de saúde, técnicos e administradores. Instituir concursos públicos para as vagas não exigíveis atualmente, inclusive para secretarios. No popular: acabar com a “mamata” e a má gestão, principalmente tentando reduzir o grau de corrupção, nepotismo e favorecimentos em tais secretarias. Utilizando-se corretamente o orçamento ora disponível, eliminando-se a incompetência e o descomprometimento, reduzindo-se a corrupção, aliado ao complemento orçamentário, que sem duvida virá após essa mobilização popular, o caminho é promissor;
-
Analisar e dar providencias nas questões ligados ao RH do pessoal da saúde, especialmente salários, carga horária para baixo e para cima, plano de carreira, aumento de quadros, concursos públicos, entre outras. Discutir tecnicamente a questão da mão de obra médica no pais. Observando a real necessidade da importação de médicos de outros países. Mas, colocando as necessidades do povo como foco principal. O que deve prevalecer é o interesse e a necessidade do povo. Simples assim! Qual é a realidade hoje? Não temos médicos ou não temos remuneração e condições adequadas para o exercício da profissão em cidades de interiores de menor expressão? Fala ahê conselhos médicos!..
-
Inovar em busca de soluções, pois além das carências morais, existem outras inúmeras que também comprometem a qualidade da saúde no pais. Por que não se fazer um estudo de viabilidade sobre o FIES – FUNDO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL, que convenhamos é um programa interessante e, que possibilita a estudantes com menores recursos cursarem o nível superior e concluírem seus cursos. Não percamos tempo falando sobre as exigências absurdas que foram impostas ao programa tais como cadastro sem restrições e fiador. É passado. Deixa quieto!
Por que a União não cria um sistema de financiamento para os estudantes da área médica, bancando em cem por cento o curso? Contudo, fazendo com que os estudantes assumam um compromisso formal de que após concluírem o curso trabalharão, por exemplo 1,2,3 anos ou mais para a saúde publica, sob designação estatal? O custo beneficio seria interessante para ambas as partes, já que ao estado não caberia investir em construções de universidades públicas, formação de estrutura docente, administrativa e operacional. Desta forma, estaria evitando gerar desperdícios e reduzindo a corrupção, já que a maquina estatal, via de regra, é incompetente, corrupta e descomprometida. Do mesmo modo, aos estudantes que têm dificuldades para bancar o custo de um curso de medicina, seria uma ótima saída, pois o débito para com o FIES terá que ser saldado no futuro, ou seja, o passivo deixaria de existir. Pensa Ahê!
-
Implantar a MEDICINA PREVENTIVA, permitindo que as pessoas possam fazer pelo menos duas avalizações anual, com análise clínica, exames laboratoriais e nucleares, se necessários. Esta ação representará em médio e longo prazos um enorme ganho à saúde e, consequente desafogamento orçamentário e demandas de vagas para internamentos, especialmente das patologias graves.
Para tanto, além do aumento da mão de obra médica atual, estenda-se tal atendimento até as 22:00 horas em todos os dias da semana;
-
Implantar a MEDICINA INVESTIGATIVA LABORATORIAL E NUCLEAR, com a inclusão de laboratórios de analises clinicas e equipamentos que possam atender exames como ressonância magnética, tomografia computadorizada, ultrassonografia e outros enquadrados na TI – Tecnologia da Informação, em todas as unidades de saúde existentes.
Sem isso, é brincar de clinicar. É como se policiais fossem as ruas caçarem bandidos desarmados. Teriam cem por cento de chance de não prenderem ninguém e enorme risco de serem assassinados. Nenhum médico diagnostica coisa alguma sem exames em mãos. Isto é óbvio, só não enxergam os cegos por conveniências;
-
Adequar os hospitais, postos de saúdes, prontos socorros, prontos atendimentos, UPAS existentes fazendo deles unidades de atendimento a saúde como um todo. Existem por exemplo unidades de atendimento a saúde da família que funcionam apenas para exames preliminares em crianças, aplicações de vacinas etc. Beleza, é ótimo. Mas, se existe a estrutura física, a logística montada, por que não ampliar os atendimentos e colocá-los funcionando vinte e quatro horas por dia. Dotá-los de pelo menos um profissional para cada especialidade. Um cardiologista, um clinico geral, um pediatra, um obstetra, um neurologista e, dar um atendimento de qualidade à população dos bairros inseridos na geografia da unidade;
-
Aumentar o orçamento da saúde a nível nacional, mas exercer uma fiscalização acirrada em cima dos desmandos e das corrupções. Ter lupas e algemas ao alcance e, se possível uma ordem de “prisão emitida em branco,” para uma vez detectado os desvios, mandar os ladrões para a cadeia imediatamente. Não podemos esquecer que uma vez aumentado o orçamento, obviamente o interesse dos políticos partidários irá do mesmo modo aumentar nas secretárias e cargos. “Hajam brigas e discursos fervorosos defendo o PIP – PARTIDO DO INTERESSE PRÓPRIO;
-
Criar comissões de fiscalização à saúde, - sem remuneração - formadas por pessoas comuns da sociedade e preferencialmente residentes nos bairros onde se encontrem as unidades de atendimento médico. Definir limites e modelos dessa fiscalização para que não se crie mais um “elefante branco”. Pedir a iniciativa privada ajuda nesta empreita, liberando os seus funcionários que participarem das comissões pelos menos 16 (dezesseis) horas no mês, - sob critério - para que possam discutir as carências e montar seus planos de ações no exercício da fiscalização pró saúde.
Finalizando, recomendo ainda, que seja efetuada uma pequena mudança na redação da Lei 12.732 de novembro/2012, que determina que um paciente após a constatação de ser portador de câncer e ter este registro em seu prontuário médico, deverá ser atendido em até 60 (sessenta) dias.
Art 2º - O paciente com neoplasia maligna tem direito de se submeter ao primeiro tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), no prazo de até 60 (sessenta) dias contados a partir do dia em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico ….
A sugestão para mudança é minima, qual seja:
Substituir o termo: “ ... no prazo de até 60 (sessenta) dias...”
Para:“... no prazo de até 60 (sessenta) minutos...”
Apenas duas palavras foram sugeridas trocas: dias por minutos!
ACunha
julho/2013