Saúde Mental
Por Nagib Anderáos Neto | 18/07/2008 | SaúdeA educação convencional privilegia o desenvolvimento das funções mentais de recordar e imaginar em detrimento de outras tão importantes como as de julgar, entender, raciocinar, observar e pensar. Quando se diz que usamos uma parte muito pequena de nosso cérebro – o órgão físico através do qual a mente pode se manifestar - possivelmente se esteja intuindo que este órgão psicológico – a mente – é pouco utilizado por não ter sido convenientemente desenvolvido.
Lembra-me os tempos de ginásio e de como se era forçado a decorar nomes, datas, fatos e fórmulas matemáticas. O bom aluno era o enciclopédico, o que se destacava, e que hoje se compreende ser o que tinha uma mente deficiente e desequilibrada em suas funções. Era uma cultura de repetições inúteis. Quem vive a repetir as coisas mecanicamente tem uma capacidade limitada de entendimento, percepção, observação, criação. E pode estar servindo a escusos interesses de dominação por parte de quem se aproveita daquelas limitações para atender às suas inconfessáveis ânsias de poder. A imaginação exacerbada enfraquece a vontade e faz com que a pessoa viva à margem da realidade acreditando em coisas que não resistiriam à menor análise. A verdadeira educação é a mental, a que permite ao educando conhecer sua mente e desenvolvê-la.
É muito comum confundir-se a mente como o cérebro. Há animais que têm o cérebro muito parecido com o do homem, mas não têm a mente, capacidade superior de criar, entender, aperfeiçoar-se e evoluir.Há seres humanos que são piores que os animais, alguém diria. É verdade. Mas as mentes desses seres atrasados estão ali, passíveis de serem conhecidas, utilizadas, aperfeiçoadas.
Platão escreveu há séculos que a alma humana tem uma parte inferior e uma superior, caso contrário não existiria a possibilidade do autocontrole ser realizado através da ingerência da natureza superior sobre a inferior. O que Platão não disse é que essa parte superior da alma, ou da mente, é uma potencialidade, existe e não existe, pode e precisa ser desenvolvida a partir da inferior, que também é pouco usada e conhecida.
Quando Sócrates celebrizou a inscrição milenar do templo de Delfos que exortava ao conhecimento de si mesmo quis significar que aquele conhecimento era o da mente humana.
Mas, afinal, o que é a mente? É física? É metafísica?
O escritor e pensador González Pecotche pondera que a mente é um órgão psicológico que reside no cérebro, manifesta-se através deste aparato físico, e que é possível desenvolvê-la a partir da própria vontade, e não apenas circunstancialmente, por exigências materiais e intelectuais no processo de vida que se inicia na infância e culmina na maturidade.
Há pessoas com idade avançada e mentes brilhantes, lúcidas, capazes, ativas. A mente desenvolve-se na atividade que pode ser superior, relacionada ao aperfeiçoamento pessoal, despertando zonas inertes desta mentalidade.
Uma outra explicação analógica sobre a mente diz que ela é o espaço onde os pensamentos nascem e se desenvolvem. Isto significa que cuidar da mente implica cuidar dos pensamentos que ali se movimentam discricionariamente, muitas vezes provenientes de mentes exóticas cujos cérebros de há muito se decompuseram sob as ancestrais lajes das tradições, verdadeiros cemitérios das idéias, como muito bem observou o pensador mencionado.
A mente humana é um fragmento da divina. Conhecê-la e aperfeiçoá-la é a tarefa do momento nesta nova era que se inicia.
Recentes pesquisas científicas indicam que a atividade intelectual, o estudo e o interesse por novos motivos estão relacionados com a saúde física e mental em pessoas de idade avançada. A relação da longevidade com a atividade física e mental é ponto pacífico entre os pesquisadores da área. A atividade física vigoriza o corpo que poderá ser longevo, mas que não escapará à inexorabilidade da Lei que o levará à morte. A única certeza absoluta que se tem é esta: um dia o corpo físico deixará de existir. No entanto, o espírito, a natureza incorpórea que se manifesta através da mente e da sensibilidade, vigoriza-se pelo exercício constante. Curiosamente, se devidamente agilizada, a natureza espiritual parece rejuvenecer-se com o tempo, num processo inverso ao do corpo físico, desde que aqueles mecanismos sejam adequadamente adestrados.
A fonte da eterna juventude não é uma quimera para o espírito que com o passar do tempo pode adquirir novos conhecimentos e, ao contrário do que acontece com o corpo físico, permanecer cada vez mais jovem. Esses conhecimentos não são os que comumente se ensina nos estabelecimentos escolares, senão aqueles que o indivíduo pode alcançar sobre si mesmo, seus semelhantes, as Leis que regem o Universo e seu Criador.
Nagib Anderáos Neto
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