Saúde do Homem

Por Maria Marins Ribeiro da Silva | 29/11/2016 | Sociedade

RESUMO

Este trabalho apresenta uma análise sobre a importância da prevenção e promoção à saúde do homem e a importância da contribuição do profissional Assistente Social junto aos pacientes do sexo masculino internados na Clínica Cirúrgica II do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho/RO. Buscou-se analisar a atuação do Assistente Social no que se refere à garantia dos direitos sócio assistenciais junto aos pacientes homens em tratamento naquela Clínica. O estudo baseou-se por uma pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza aplicada, do tipo exploratória. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário semi estruturado, onde participaram 10 (dez) pacientes, sendo todos do sexo masculino. Após realização da pesquisa, realizamos as análises necessárias, concluindo que a atuação do Assistente Social junto à população masculina e de grande relevância, e de suma importância, pois muito deles desconhecem seus direitos, exigindo da parte do profissional do Serviço Social, uma atuação comprometida, sendo necessários que os profissionais dessa área utilizem instrumentais técnicos operativos, buscando desenvolver um trabalho específico e direcionado aos indivíduos do gênero masculino assistidos/internados na Clínica Cirúrgica II do Hospital de Base Ary Pinheiro, oportunizando aos mesmos a garantia e efetividade da recente e importante política pública estabelecida pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de promover assistência à saúde a um público tão importante da sociedade brasileira, que são os indivíduos do sexo masculino.

 

 

 

1.Introdução

O presente tema abordado surgiu do despertar das observações decorridas no primeiro estágio na Clínica Cirúrgica I do Hospital de Base Ary Pinheiro.

De acordo com dados estatísticos da OMS (Organização Mundial de Saúde, 2008), a população masculina não tem o mesmo cuidado com a saúde quanto à população feminina. O estudo em análise permite identificar que o homem não comparece aos serviços de saúde pública tanto quanto às mulheres; até mesmo pelo fato de que as Unidades de Saúde Pública desenvolvem um trabalho voltado mais para o público feminino, do que para o masculino.

Diante da mudança de estágio da Clínica Cirúrgica I para a Cirúrgica II do Hospital de Base Ary Pinheiro, verificamos que a maioria das internações para intervenções cirúrgicas realizadas na Masculina II, são do sexo masculino, cirurgias essas, de média e alta complexidade, em atendimento nas especialidades como: Clínica Médica, Oncológica, Cardiológica, e Neurológica e, dessa forma, torna-se fundamental a conscientização e comprometimento com a promoção e prevenção à saúde do homem, por parte da equipe multiprofissional que atua naquela ala. Cabe enfatizar dois pontos importantes a cerca dessa análise:

  • Primeiramente sobre os pacientes acometidos por doenças crônicas que precisam realizar adesão ao tratamento, como forma de terem uma melhor qualidade de vida;
  • Em segundo lugar, o acesso dos mesmos aos direitos assistenciais, no período em que permanecem internados na Clinica, pois na maioria das vezes, ficam sequelados e, a grande maioria, demonstra não ter conhecimento sobre direitos e benefícios que lhes são garantidos por lei.

Diante disso, a atuação do Assistente Social na Clínica Cirúrgica II torna-se de suma importância.

Para podemos responder de maneira satisfatória ao objetivo maior da pesquisa em questão, objetivamos analisar a atuação do Serviço Social na garantia de direitos sócio assistenciais, identificando as dificuldades encontradas pelos pacientes do sexo masculino na conquista de seus direitos.

O trabalho dividiu-se em duas fases, onde a primeira concentrou-se no levantamento bibliográfico relacionado ao tema, e a segunda, no levantamento de dados, realizando a pesquisa de campo junto aos pacientes internados na Clinica Cirúrgica II.

No primeiro capitulo tratamos sobre a trajetória da saúde do homem, O segundo faz abordagem da política social no contexto da saúde no Brasil, e o terceiro sobre os parâmetros de atuação do Assistente Social na área de saúde, estabelecidos pelo Conselho Federal de Serviço Social - CFESS.

O quarto capítulo apresenta a síntese da pesquisa, juntamente com o resultado da mesma, exibindo e discorrendo sobre os dados coletados, e finalizando com as considerações finais.

  1. SAÚDE DO HOMEM

A saúde do homem não era priorizada em meio às políticas de saúde no Brasil. O governo, ao reconhecer que os agravos de saúde do sexo masculino constituem verdadeiros problemas de saúde pública, passou a analisar a saúde do homem como uma de suas prioridades dentro da Atenção Básica de Saúde (GOMES 2008).

Ser homem, culturalmente, no Brasil, é não ter medo, não chorar, não demonstrar sentimentos, arriscar-se diante do perigo, demonstrar coragem, ser ativo. O senso comum brasileiro considera o masculino como o sexo forte. Na verdade, deve ser visto como o sexo frágil, pelo menos em vários aspectos de suas vulnerabilidades físicas e psíquicas. Além disto, eles são historicamente criados para aprender a serem homens (BORIS, 2003).

Cabe então entendermos, primeiramente, sobre o significado do estereótipo que é definido de forma generalizada, pelo pressuposto dos quais as pessoas partem, ou seja, as "pré noções" sobre características ou comportamentos de grupos sociais específicos, e/ou de indivíduos, voltados ao contexto do estereótipo de gênero: estereótipos direcionados ao gênero masculino e feminino, onde antigamente ouvia-se muito que o papel da mulher era casar é ter filhos e do homem era  como a figura do provedor financeiro que direcionava seu  foco na carreira profissional.

Desde a infância determinados objetos são inseridos no brincar, estes possuem um simbolismo próprio do masculino, como armas, carros, esportes radicais etc., exercendo uma forte atração sobre os jovens. Os carros simbolizam poder de locomoção, velocidade, liberdade e status social. As armas tem o poder de submeter o outro a seus desejos e interesses, o poder de vida e de morte (SOUZA, 2005). Com isto, a masculinidade torna-se o resultado de várias transformações sociais, de papéis e conceitos que levaram os homens a comportamentos estereotipados tais como: ser agressivo, viril, não afeminado e ter repúdio a outros homens com comportamentos considerados mais femininos.

A masculinidade não é algo dado, mas algo que constantemente o homem procura conquistar. A construção da masculinidade é atravessada por pontos carregados de inseguranças provocadas principalmente pelo medo do homossexualismo e da impotência sexual (disfunção erétil).

Ser homem é, antes de tudo, "tornar-se homem" e buscar este reconhecimento. No entanto a construção da identidade masculina pode estar embutida, de forma contraditória, precisamente o "não cuidar de si", porque ser homem, para alguns, é ser alguém que é poderoso e imbatível.

Ao mesmo tempo, meninos e meninas são criados de modo diverso. Os meninos são orientados para serem provedores e protetores, os meninos também, desde cedo, são treinados para suportar, sem chorar, suas dores físicas e emocionais. (BRAZ, MARLENE, 2005).

Através de dados do Ministério da Saúde (Brasil, 2008), percebemos que os programas de prevenção à saúde, destinados à população masculina, só passa a existir após vinte e seis anos depois da criação de programas destinados à saúde da mulher. No mandato do médico sanitarista José Gomes Temporão, Ministro da Saúde nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva, então Presidente da República Federativa do Brasil, no ano de 2008, em seu segundo mandato presidencial, listou a implantação de uma “Política Nacional Integral à Saúde do Homem”, entre as metas a serem efetivadas durante sua gestão (BRASIL 2009). Enquanto isto, as políticas de saúde das mulheres surgem no Brasil, já nos anos trinta, situado na chamada Saúde Materno-infantil. Em 1983, com a criação do PAISM - Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher -, tinham como objetivo levar as mulheres a tomarem consciência do próprio corpo, bem como enfatizar sua autonomia no que tange à sua vida sexual e reprodutiva (PEREIRA, 2008).

Deste modo, em atenção voltada à saúde do homem, o Ministério da Saúde, elaborou e planejou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, cujo objetivo é promover ações de saúde que contribuam significativamente para a compreensão da realidade masculina nos seus diversos contextos socioculturais e político-econômicos e que, respeitando os diferentes níveis de desenvolvimento e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão, possibilitando um aumento da expectativa de vida e a redução dos índices de morbimortalidade pela prevenção da doença (BRASIL, 2008).

Portanto, depois de vinte e seis anos do programa voltado à saúde da mulher, foi criada então em 27 de agosto de 2009, com a portaria de Nº. 1944 no âmbito do SUS - Sistema Único de Saúde - a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, que visa promover a melhoria de condições de saúde da população masculina brasileira.

2.1 HOMENS: DIREITOS E DEVERES  

 O campo dos direitos, entendido como direitos fundamentais do homem, alcançado através de muitas lutas e mobilização da classe trabalhadora que, dentro dessa análise, pode ser apresentada a partir da ideia de geração: considerados como de primeira geração os direitos políticos e civis, de segunda geração os direitos sociais, o de terceira geração como o direito de desenvolvimento de paz do meio ambiente ou da autodeterminação dos povos. Os direitos dos usuários aqui voltados para o homem situam-se na lógica dos direitos sociais na segunda geração.

De acordo com Potyara, primeiro surgiram às exigências relacionadas à vida e a liberdade individual, propiciando a instituição dos direito civis. A segunda surgiu às exigências relacionadas às liberdades políticas e ao direito de participar no governo da sociedade, propiciando as instituições dos direitos políticos, e a terceira surgiu às exigências relacionadas à necessidade de combinar a liberdade com igualdade, sobretudo para a satisfação de necessidades básicas, propiciando a instituição dos direitos sociais, enfim, aí então surgiram às exigências mais controvertidas que afeta a humanidade.

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