Saudade do meu amor, Beija-Flor...
Por Francisco Antônio Saraiva de Farias | 18/11/2012 | PoesiasSaudade do meu amor, Beija-Flor...
Num cantinho do quintal, e em vários jarros,
Ela passava horas e horas entretida, feliz, plantando e regando flores.
Margaridas, acácias, brincos-de-princesa e hibiscos;
Lilás, brancas, rosas, vermelhas, amarelas.
As plantas cresciam rápidas, viçosas, vistosas,
Como a agradecer e reverenciar àquela jardineira com mãos de fada...
Um dia, um lindo Beija-Flor apareceu preso na casinha da cachorra...
Eu, sob o olhar atento dela, fui lá e o resgatei em um saco plástico,
Com alguns furinhos, pra que ele pudesse respirar.
E mostrei-o a ela.
Ela olhou, sorriu e acariciando-me, disse: Solta ele meu amor.
Feliz a mais não poder, sorri pra ela e libertei o Beija-Flor.
No outro dia, como a agradecê-la, ele voltou acompanhado.
Todo dia, logo cedo, cá estava tu, Beija-Flor, sempre muito bem acompanhado!
Virou hábito! Transformando nosso lar numa espécie de pedacinho do céu...
Longe de imaginarmos que ali, grudado a nós, habitava um anjo...
Desde cedo pressenti que tu e ela, Beija-Flor, nasceram para ser livres!
Tu pra voar, pra beijar e polinizar as flores,
Muitas flores!
Ela pra amar, andar, se deliciar, sorrir, cuidar de mim, de ti,
E de muitas flores!...
Pra ti ela plantou até um pé de mamoeiro macho,
Dizendo-me que tu gostavas!
Enciumei-me, confesso!
E tu, como a agradecê-la por tamanha generosidade,
Visitávamos todos os dias.
Vivíamos felizes, embalados por planos, projetos e sonhos mil!
Mas...
Existem muitas diferenças entre tu e ela, Beija-Flor...
Uma delas,
Que eu infelizmente não atentei...
É que tu vais, mas volta!
Ela não...