Santo de casa não faz milagre faz "bobagem"

Por Elga Christiany | 17/09/2016 | Política

Antônio Dias,o pequeno lugar onde vivo,foi fundado no ano de 1706 por um bandeirante de mesmo nome e fica localizado no interior de Minas Gerais. A economia deste município pequeno em urbanização, mas extenso em território, é baseada na agricultura e em algumas pequenas empresas instaladas em sua imensidão territorial. As terras e a população deste belo e aconchegante lugar passaram por uma desafiadora mudança após a instalação em seu território de uma grande empresa de extração de minério.

No final do ano de 2014, os cidadãos presenciaram a surpreendente chegada desta empreendedora que junto com a exploração da terra trouxe a esperança de um emprego e um salário digno aos moradores. Como a cidade não conta com uma ampla oferta de emprego, os cidadãos de Antônio Dias ficaram motivados com a empregabilidade que iria surgir, porém os caminhos que tomaram a negociação da empresa com o município tomaram direções não muito esperadas pelos habitantes.

A euforia das pessoas com a chegada deste empreendimento acabaria em instantes, pois surgiu “uma pedra no meio do caminho” como diziaCarlos Drummond de Andrade. Essa pedra tinha nome, projeto de lei (PL)54/2014, de autoria do executivo, que reduz de 5% para 3% da alíquota do ISSQN ( IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA) que foi aprovada pelo legislativo e sancionada pelo executivo que, no entanto, se opõe a lei complementar municipal número 1429 de 30 de dezembro de 2009, que trata sobre o código tributário do município e dispõe sobre o tratamento especial aos tomadores de serviços inscritos no código de Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) .

Com essa medida inusitada, um considerável número de moradores deixou transparecer uma revolta contra os representantes que diminuíram de forma considerável os impostos que deveriam ser pagos pela empresa e como argumento para uma ação insatisfatória, utilizaram a “desculpa“ de que se fossem cobrados os 5 % exigidos por lei a empresa não se instalaria no município deixando de gerar os numerosos e tão desejados empregos.

O valor do imposto reduzido pareceu simples em vista da chuva de empregos que futuramente aconteceria e então acordo fechado entre representantes do município e mineradora. O compromisso firmado sobre a redução foi cumprido com o projeto de lei, mas e os empregos? Este compromisso parece não ter feito parte do acordo deixando de existir na empresa funcionários residentes na cidade.

A pergunta que não tem resposta vem sendo ecoada em cada bate-papo nas esquinas das ruas humildes de Antônio Dias “A população foi enganada ou traída? Enganada pelas propostas de uma empresa ou traídos pelos próprios representantes?

Acredito que minha cidade foi vítima da busca incansável por enriquecimento de nossos governantes que em situações como essa, não olham o bem do lugar em que vivem muito menos de seus habitantes, mas sim o bem individual ou próprio. Quisera eu que a intenção deles não fosse à de nos deixar a “ver navios”.

Autora: Talia de Sá