SALVE A ABERTURA DOS TRABALHOS DE UMBANDA
Por Pablo Araujo de Carvalho | 19/06/2011 | ReligiãoAo iniciar essas palavras, os nossos corações aceleram-se, nosso peito se enche de alegria e voltamos nossa atenção para o conga, onde as imagens assentadas no altar transformam-se em verdadeiros portais por onde nos chegam milhares de ondas vibratórias benéficas, harmonizadoras e equilibradoras de nosso espírito, um verdadeiro oceano energético toma conta do terreiro, cantos são entoados (Vou abrir minha jurema, vou abrir meu jurema...) as vibrações sonoras dos atabaques misturam-se as vibrações mentais emitidas pelo corpo mediúnico ativando o mental superior de todos e cada um em particular, graduando as vibrações intimas, alinhando as nossas vibrações com os ciclos e ritmos da criação de Olorum. O canto simbolizando a união de vozes com um único objetivo que é louvar Olorum o nosso Divino Criador através de suas Potências Divinas que são os Sagrados Orixás os manifestadores das qualidades de Deus nosso divino pai Olorum. Em seguida vem a defumação que se transforma em névoa multicolorida a invadir o nosso espírito, trabalhando todos os nossos corpos espirituais, purificando-nos de todas as cargas negativas presas em nosso corpo material e espiritual, preparando a nossa veste divina para que espíritos luzeiros e guardiões da lei possam manifestar-se em nosso corpo servir Olorum servindo a cada espírito que a Eles forem direcionados pela providência divina. Todos são incensados deixando transparecer no intimo a verdadeira origem do espírito que é pura luz e luz pura.
Salve Oxalá, Oxalá é nosso Pai, após a defumação saudamos o Amado Pai Oxalá e entoamos o seu divino canto
(Vou caminhando nas estradas desta vida...)
Somos tomados pela presença Divina do Divino Pai Oxalá que se manifesta no intimo de cada um e nesse momento a plenitude preenche todo nosso vazio, sentimo-nos plenos como éramos quando vivíamos no interior de Deus nosso Divino Pai Olorum. Somos tomados por uma vibração indescritível de paz, harmonia e plenitude e passamos naquele momento a pedir perdão pelas nossas ofensas e perdoarmos a quem nos tenha ofendido. Após nosso espírito e nosso intimo estarem plenos de sentimento virtuosos, Saudamos a Pemba e a toalha, onde ajoelhados estendemos a toalha branca no solo e tocamos o solo com a testa onde nesse momento nos conectamos mentalmente com Olorum e com todos os Tronos, Forças e Poderes assentados na criação, poderes esses assentados a esquerda e a direita, no alto e no embaixo, na frente e atrás e em todas as realidades da criação. Em seguida salve a prece, todos numa só energia entoam a Prece de Cáritas, o Pai-Nosso e Ave-Maria e somos tocados no íntimo por aquelas verdades absolutas dita em forma de prece. Encorajando-nos a seguir adiante, resignado e perseverante no caminho da Luz, da Lei e da Vida.
Após entoarmos essa prece divina, saudamos o Divino Orixá Exu, A Divina Orixá Pomba-Gira, O Divino Orixá Exu-Mirim, e os espíritos Exus, Pomba-giras e Exus mirins guardiões da nossa casa, e pedimos a esses abnegados e leais espíritos que proteja a nossa casa de toda e qualquer perturbação de ordem material e espiritual que possa intervir em nossos trabalhos.
E como que em um passe de mágica, vemos seres majestosos envoltos por suas capas pretas e vermelhas dispostos com suas próprias vidas a defender a casa e o trabalho caritativo que ali é realizado. Verdadeiros guerreiros de luz que servem a Lei Divina nos campos escuros da criação onde são retidos espíritos trevosos, para que possam esgotar seus negativismos.
E após saudarmos esses guardiões impares, nos voltamos de frente ao conga e saudamos as Sete Linhas de Umbanda, a tão falada sete linhas de umbanda, que agora desvelado o véu dos mistérios, sabemos que as sete linhas não são sete orixás mas sim sete irradiações divinas por onde manifesta-se uma infinidade de orixás, todos regidos por uma dessas sete irradiações. E ao entoar o canto
(Rei da demanda é Ogum Mege, Quem rola as pedras é Xangô Kaô...)
Sentimos as sete vibrações divinas ligar-se ao nosso mental e a fortalecer os nossos sete sentidos divinos que são a Fé, Amor, Conhecimento, Razão, Lei, Evolução e Geração. E após saudarmos as Sete Linhas, Saudamos o Patrono da nossa casa o Divino Pai Ogum, onde ajoelhamos e sentimos passar por nós os olhos vigilantes da lei, sentimos o punho forte do Pai amoroso, a retidão de caráter e o reequilibrio de nossos sentidos. E quando o Pai Ogum manifesta-se para abrir a gira sentimos a imponência e a força desse majestoso Pai, sentimos seguros de nossas ações, sentimos confiantes e felizes por estar sob o seu amparo.
Entoamos o ponto de saudação
(Se a sua espada brilha no raiar do dia, Ogum Beira Mar, é filho da Virgem Maria...)
E o Amado pai Ogum risca seu ponto de firmeza na frente do conga onde automaticamente ligam-se ondas vibratórias provindas diretas do altar confirmando que aquele ponto riscado é o portal de forças responsável pelo trabalho ali realizado.
Depois nosso amado pai Ogum direciona-se a te a porteira e risca o ponto de defesa bem ali no limiar entre a assistência (lado profano) e o corpo mediúnico (lado sagrado) delimitando assim a entrada de forças.
Logo após a partida de nosso pai Ogum, cantamos para a Matrona de nossa casa, a Sagrada E Divina Mãe Iemanjá e todos incorporamos essa Divina Mãe para que na irradiação Dela venhamos a ser amparados pela Vida, e como guardiões da vida sermos instrumentos de Olorum, doando nosso corpo e nossa energia para que a falange de espíritos luzeiros possam concectar-se à nós e juntos como os três estados da criação conectados entre si (Lado divino Orixá) (Lado espiritual Guias Protetores) e (Lado Material, nós espíritos encarnados) possamos servir Deus servindo nosso semelhante, como instrumentos de Olorum.
Após a partida das nossas amadas mães naturais Iemanjás, Cantamos para a linha de trabalhos espirituais, Onde manifesta-se a linha de trabalho responsável pelo atendimento naquele dia especifico e vemos a manifestação de espíritos abnegados e voltados totalmente para a caridade pura, atendendo tudo e todos sem distinção de cor, raça, sexo ou credo, sem querer converter ninguém a nada, mas simplesmente sendo um lenitivo na vida das pessoas que até à eles são levadas e com uma palavra de Fé,carinho e esclarecimento, orientam as pessoas, renovam sua fé em Deus, despertam a força intima e orientam a acreditarem que elas próprias são templos vivos de Deus e são sacerdotes de si mesmas e como templo vivo de Deus tem de manter-se virtuoso para que assim a divindade do Pai possa manifestar através dele e dos seus atos perante seus semelhantes. Inspira nas pessoas que os procuram a vontade de crescerem e evoluírem espiritualmente, para que um dia também possam tornar-se caminhos luminosos onde muitos passaram a trilhar.
Os Guias Espirituais de Umbanda fazem isso e muito mais, pois consagram-se a Deus como seus instrumentos vivos à resgatarem todos os filhos Dele o Divino Criador Olorum, para que num ato de fé sejam ofertados como oferendas vivas a servirem o nosso Divino Criador através de suas qualidades Divinas os Sagrados Orixás.
Ao finalizar o atendimento da assistência, os guias protetores que estavam presentes nos trabalhos vão recolhendo-se ao seu plano espiritual, despedindo-se de todos e agradecendo por mais um dia de trabalho, e nós, seus filhos espirituais de joelhos e de olhos fechados vamos agradecendo a sua presença luminosas em nossas vidas e agradecemos a todos que foram ajudados por Eles segundo o merecimento e a necessidade de cada um, entoamos canto de despedida e de subida das linhas de trabalhos, ficando em nosso intimo uma energia benéfica de saudade.
Depois vem a linha dos nossos guardiões Exus, para finalizar o trabalho e descarregar o terreiro, recolhendo todo e quaisquer resquícios de energias ou vibrações negativas que possam ter ficado em nossos campos mediúnicos, corpos espirituais e materiais. Pedem um dedinho de pinga para tomar não porque são viciados, mas sim porque o álcool ministrado em poucas quantidades é um verdadeiro higienizador espiritual, baforam seus charutos e utilizam-se dos elementos vegetais para fazerem uma limpeza no corpo físico do seu médium e nos campos a volta de suas forças. E após a partida desses guardiões da Lei nas trevas. Saudamos o fechamento dos trabalhos e agradecemos a Olorum, aos orixás e guias protetores por mais um dia de trabalho e entoamos o canto
(Me dê a sua mão,me dê o seu amor, Eu quero te dar um aperto de mão...)
E vamos embora para casa com um sentimento maravilhoso de irmandade, agradecendo a Deus por sua generosidade para conosco em podermos servi-Lo através da Umbanda e fazer parte daquela família espiritual que nos acolheu e que faz parte de nossas vidas. E ao chegar em casa e encostar a cabeça em nosso travesseiro pedimos que a semana transcorra mais rápida para que possamos vivenciar novamente toda aquela explosão de energias positivas e virtuosas em nossas vidas.
É isso meus irmão, assim é a sua religião, assim é o trabalho de Umbanda, uma explosão de energias Vivas e Divinas direcionando e amparando todos na evolução e despertar consciente de suas faculdades e dons mediúnicos que todo ser é portador, pois amor, fé, conhecimento, sabedoria, Razão, Criatividade, alegria, etc. todos são dons divinos inerentes a todos e que deve ser usados positivamente a serviço do seu semelhante.
SARAVA UMBANDA