Saídia em Marrocos e o projecto turístico.

Por Pedro Chagas | 03/01/2015 | Geografia

E quando de repente se constrói dois hotéis, uma marina, e um passadiço que conecta todos estes elementos, estamos na Região Oriental de Marrocos, mais concretamente em Saídia.
Marrocos já há muito tempo, que recebe milhões de turistas anualmente, principalmente turismo da Europa, um turismo que até há pouco tempo, o que queria era ver e sentir um mundo diferente, pois desde os costumes, à cultura, à arquitectura, e à própria religião, são muito diferentes, e tudo isto logo abaixo da Europa, por outras palavras, aqui tão perto. Tudo isto continua, mas Marrocos decidiu abrir também portas ao turismo tradicional, ao turismo dos resort's e dos hotéis de grande envergadura. Por exemplo em Saídia, e como atrações principais, desviados cerca de umas centenas de metros, foram construídos os hotéis Be Live Grand Saídia, e o hotel IberoStar, hotéis de cinco estrelas e quatro estrelas respectivamente. O primeiro, o Be Live Grand Saídia, tem capacidade para cerca de 1000 pessoas, e o Hotel IberoStar para 700, e normalmente na época alta estão quase sempre lotados. Junto a estes dois empreendimentos turísticos foi construída uma Marina, a qual não se destina exclusivamente ás práticas náuticas, pois o mesmo tem como apoio um espaço comercial, ao ar livre, com vários blocos, onde cada um pode albergar umas quantas lojas.
Até aqui tudo bem, dois hotéis de luxo e uma marina, uma conciliação perfeita, quantos projectos destes existem no mundo, muitos! O problema é que o projecto em si não deu os resultados esperados, os hotéis quando têm de estar cheios estão cheios, mas a marina quase que parece um local fantasma. Maior parte das lojas estão fechadas, muitos espaços comerciais nunca chegaram a existir, e outras lojas vê-se que existiram e depois fecharam, mas ainda assim ainda se encontram algumas lojas abertas, de vestuário, cosmética, “marroquinaria”, e alguma restauração. Para dizer a verdade, se os espaços estiverem a ser usados em 30%, já é óptimo. Relativamente á parte náutica, vê-se alguns barcos ancorados, mas fica muito aquém de uma marina bem preenchida, muito mesmo.
Quem já viu este conjunto de espaços, afirma certamente que este projecto tem todos os ingredientes para ser um projecto de sucesso, no entanto, como já se viu, não o é, e só o seria se a marina trabalhasse em pleno.
Em todos os projectos, há sempre aquele detalhe em que não se pensou, ou se se pensou não se deu muita importância. Ambos os hotéis são “all inclusive”, em português “tudo incluído”, e esta a meu ver é a razão principal para o estado actual das coisas. O tipo de turismo do “tudo incluído” por norma não se dá muito a saídas para fora dos hotéis, pois quanto menos se gastar melhor, e se á partida já está tudo pago, para quem pagar em duplicado?! (Refiro-me a restauração). Dos turistas dos dois hotéis, muitos nem chegam a ir á marina, e os restantes apenas vão lá uma vez, raramente vão uma segunda vez, e muito menos uma terceira.
Dois hotéis, um passadiço que vai desde a cidade de Saídia á marina, e no caminho dois hotéis de grande qualidade, com o Mar Mediterrâneo como pano de fundo, deveria ter tido melhor sorte.