SADIA E PERDIGÃO
Por Paloma Macaroff | 26/10/2010 | AdmCom a crise mundial em 2008 que se iniciou nos Estados Unidos, muitas empresas passaram por dificuldades para manter suas atividades empresarias estáveis e obter um balanço positivo diante do mercado.
Para minimizar os impactos causados pela Crise muitos governos tomaram medidas emergenciais para salvar as empresas dos fechamentos dados quase por certo.
Não muito diferente o governo brasileiro tomou medidas para minimizar o impacto do mercado externo sobre o mercado interno, como redução de impostos, liberação de créditos, facilidades de financiamentos, entre outros.
Porem, muitas empresas não conseguiram manter seus saldos positivos devido às quedas constantes do mercado externo.
Uma destas empresas é a Sadia, uma das marcas mais fortes na área alimentícia brasileira não conseguiu se sobressair da crise devido a uma má administração com derivativos, por esse motivo foi necessário uma estratégia de fusão da empresa com outro gigante da área alimentícia, a Perdigão.
1. SADIA
A Sadia foi fundada em 7 de junho de 1944 por Attilio Fontana, com sede na cidade de Concórdia, Santa Catarina, seu crescimento a tornou uma referencia de excelência na indústria de alimentos. Esse sucesso se deu á constante preocupação com a qualidade e ao empenho em desenvolver sempre novos produtos. Até 2008 o seu portfólio contava com mais de 650 itens entre alimentos congelados, presunto, pizza, salsicha e lingüiça que eram distribuídos para mais de 300.000 pontos de venda em todo o Brasil e que eram processador em suas 18 unidades próprias.
Em 1971 ela se tornou uma empresa de capital aberto, levando-a a um sucesso que não se limitava ás fronteiras brasileiras. A Sadia em 2008 era uma das maiores empresas de alimentos da América Latina e uma das principais exportadoras do país, distribuindo mais de mil produtos para mais de 100 países, seus principais mercados eram Brasil, Europa, países Árabes e Rússia.
Por quatro vezes seguidas foi eleita a marca mais valiosa do setor de alimentos brasileiros, em 2008 sua marca foi avaliada em 2,16 bilhões de reais, já no mercado tinha avaliação de 2,6 bilhões de reais (fevereiro/2009). Ela empregava cerca de 50 mil funcionários e mantinha parceria com cerca de 10.000 granjas integrais de aves de socialmente responsável e preocupada com o meio ambiente e a comunidade.
Seu faturamento em 2008 foi de 12.2 bilhões de reais, porem neste mesmo ano seu lucro teve um prejuízo de 2,5 bilhões de reais.
2. PERDIGÃO
Fundada em 1934, na cidade de Videiras (Santa Catarina) descendentes de duas famílias italianas os Ponzoni (liderada por Ângelo) e Brandalise (liderado por Saul). Originou-se com o nome de Ponzoni, Brandalise & Cia. e iniciou suas atividades industriais com um abatedouro de suínos em 1939. Após dois anos foi criado o logotipo que trazia um casal de perdizes. Em 1942 construiu a Granja Gema, em Videira, voltada a produção de animais de alta linhagem. Em 1955 teve inicio ao abate de aves de forma artesanal no frigorífico de suínos.
Sua razão social foi alterada em 1941 para Perdigão S.A Comercio e Indústria. Em 1979 começou a exportar para os Estados Unidos, e nascia também à marca Chester. No inicio dos anos 90 começa a exportação para União Européia.
De 1990 a 1993 passou por prejuízos financeiros devido ao aumento das despesas financeiras, baixo desenvolvimento e investimento e uma baixa divulgação de produtos. Em setembro de 1994, enfrentou uma crise de liquidez e a família Brandilise vende a empresa para oito fundos de pensão, onde passou por uma reestruturação administração financeira.
Em 2000 adquiriu 51% do capital da divisão de cárneos da Batávia, e um ano mais tarde comprou os restantes 49%, incorporando a empresa, mas preservando a marca Batavo.
Sete anos depois através da aquisição do negocio de margarinas, passou a trabalhar com as marcas Doriana, Delicata, Claybom e Becel. Neste mesmo ano conclui a negociação para aquisição da Eleva Alimentos (antiga Avispal) por 1,7 bilhões, comprou a unidade de bovinos do Mato Grosso e anunciou a construção de um complexo industrial em Bom Conselho em Pernambuco.
Até o ano de 2008 tinha capacidade de abater 10 milhões de cabeças de aves por semana, 70 mil cabeças de suínos por semana, além de congelar 730 mil toneladas de carne de aves por ano e 510 mil toneladas de carnes de suínos por ano.
Com faturamento de 13.1 bilhões de reais (2008), ela possui um lucro de 54 milhões de reais (2008) e sua marca tinha o valor estimado em 2,43 bilhões de reais (2008), sedo que em fevereiro de 2009 o valor de mercado era de 6.4 bilhões de reais.
3. PROCESSO DE FUSÃO
Os rumores de uma possível fusão surgem entre as duas empresas por conseqüência de a Sadia anunciar perda de 760 milhões de reais em setembro em 2008, causados por uma desastrada operação com derivativos cambiais, o anuncio levou a empresa a perder metade de seu valor no mercado financeiro e seus administradores não conseguiam captar recursos em torno de 1 bilhão de reais em curto prazo, para arcar com compromissos assumidos com os bancos após o anuncio.
Somando todas as perdas calculava-se um prejuízo financeiro em 2008 em torno de 2,6 bilhões de reais (Portal Exame, 2009).
Como forma de manter a empresa Sadia viva, a solução mais favorável era a fusão com a Perdigão, sua grande rival. Apesar de ser uma tarefa árdua já que em 2006 a Sadia havia feito uma proposta de compra a Perdigão, e a mesma não aceitar, especialistas do mercado cogitaram que a fusão seria excelente para as duas empresas, péssima para as rivais e neutras para os consumidores (Portal Exame, 2009).
Com o agito do mercado financeiro, no dia 16 de março de 2009, ambas as empresas comunicam o processo de negociações, que até então não passavam de especulações do mercado, claro que sem a confirmação se as informações sobre tal procediam.
Em 19 de maio de 2009 houve o anuncio oficial feito por Luiz Fernando Furlan (presidente do conselho da Sadia) e Nildemar Secches (presidente da Perdigão) sobre a mega fusão entre as empresas Sadia e Perdigão, onde ambas se uniriam para criar a empresa Brasil Foods (BRF).
A fusão se da nas seguintes proporções, a Perdigão terá 68% da nova companhia e a Sadia, os outros 32%. As ações da Perdigão será trocadas por papéis da Brasil Foods na proporção de 1 para 1. Cada ação dos controladores da Sadia será trocada por 0, 166247 ação da Brasil Foods. Já os papéis em circulação no mercado iriam receber 80% desse valor. Cada papel ordinário (SDIA3) ou preferencial (SDIA4) da Sadia seria trocado por 0, 132998 da Brasil Foods (Portal Exame, 2009).
A Perdigão tem o poder de compra, devido suas ações serem melhor avaliadas no mercado em 2009 do que a Sadia, dando-lhe o controle de administração da BR Foods.
4. BRASIL FOODS
Com a fusão das empresas Perdigão e Sadia, cria-se a em 19 de maio de 2009, com sede em Itajaí, Santa Catarina, a mega empresa Brasil Foods (BRF) tornando-se uma das maiores empresas do setor alimentício no Mundo (valor de mercado), sendo a 10º empresa no ranking de maiores empresas de alimentos das Américas (Portal Exame, 2009).
Com faturamento líquido de R$ 20,9 bilhões, o mercado externo é responsável por 42% deste faturamento, a empresa tem um valor de mercado avaliado em R$20,5 bilhões de reais, registrados em 2009, a BRF é a maior exportadora de aves no mundo, segunda maior exportadora de proteína no mundo, terceira maior exportadora brasileira e responsável por 9% do comércio mundial de proteínas, sendo também uma das principais companhias brasileiras na captação de leite. (Brasil Foods S.A., 2010).
Entre sua estrutra esta a capacidade de abate de 6,7 milhões de cabeças de aves/dia e 39,3 mil cabeças de suínos e bovinos/dia com produção anual de 4,8 milhões de toneladas de alimentos derivados de carne e 2 milhões de toneladas de lácteos.
4.1. Estrutura
Administração: Possui um conselho de administração com dois co-presidentes Luiz Fernando Furlan e Nildemar Secches, um Vice-Presidente, 8 Conselheiros, um Conselho Fiscal/Comitê de Auditoria com 3 membros, 8 Diretoria Executiva e 21 Diretorias de Áreas.
Serve em mais de 140 países (2010)
Locações no exterior: 3 unidades industriais e 24 escritórios comerciais.
Empregados: mais de 100 mil
Produtos: mais de 3.000 itens, entre: industrializados e congelados de carnes (bovinas, suínas e aves), massas, pizzas congeladas, processados lácteos e margarinas.
Estrutura Produtiva/Comercial: 36 centros de distribuição, 42 unidades industriais carnes 14 unidades industriais lácteos.
Principais Marcas da Empresa: Perdigão, Chester, Batavo, Expressão Turma da Mônica (licenciada), Doriana, Delicata, Claybom e Becel.
4.2. Missão
Participar da vida das pessoas, oferecendo alimentos saborosos, de alta qualidade e a preços acessíveis, em qualquer lugar do mundo.
4.3. Estratégia
A empresa tem a visão estratégica em explorar oportunidades de crescimento em longo prazo, utilizando suas vantagens competitivas, que estão baseadas na diversificação de produtos e vendas e redução de custos, visando o mercado interno e externo e buscando também oportunidades de crescimento via processamento de produtos no exterior.
Os principais pontos estratégicos aplicar-se a seguir tanto ao segmento de aves, suínos e bovinos, quanto ao segmento de leite, produtos lácteos e margarinas, alem de produtos processado:
? Expandir seus principais negócios: Desenvolver os principais negócios de produção e venda de produtos alimentícios de aves, suínos, bovinos, leites, produtos lácteos e alimentos processados por meio de, entre outros, investimento em capacidade de produção adicional para ganhos em escala e eficiência.
? Diversificar suas linhas de produtos, especialmente de alimentos processados de valor agregado: Dar continuidade na diversificação das linhas de produtos, com foco em alimentos processados que tendem a ser produtos com menor oscilação de preços do que os de cortes de aves e suínos in natura e que podem ser destinados a mercados específicos.
? Expandir sua base de clientes nacional e internacional: Fortalecer base de clientes nacionais e internacionais por meio de atendimento e qualidade superiores, bem como do aumento da oferta de produtos.
? Fortalecer a sua rede de distribuição Global: Desenvolver capacidade de distribuição fora do Brasil visando aprimorar os serviços prestados a clientes existentes e expandir base de clientes de exportação.
? Liderança em custos baixos: Aprimorar a estrutura de custos a fim de aumentar a eficiência das operações, procurando atingir maiores economias de escala mediante o aumento da capacidade de produção e também continuar a programa de novas tecnologias a fim de racionalizar atividades de produção e distribuição.
4.4. Concorrentes
A BRF é uma empresa que traz preocupação aos concorrentes, devido a suas bases estratégicas e a estrutura que a empresa possui. Os principais pontos sobre as vantagens competitivas são:
? Liderança e posição de destaque nos segmentos de atuação, com marcas fortes e presença no Mercado Global.
? Ampla rede de distribuição no Brasil e no Mercado Externo.
? Produtor de baixo custo em Mercado em Expansão.
? Localização geográfica estratégica e diversificada.
? Ênfase na qualidade dos produtos, segurança dos processos e portfólio diversificado de produtos.
? Equipe de gestores experientes.
Sendo assim, para os concorrentes internos há barreiras devido à competitividade que a empresa oferece, e até mesmo na monopolização de alguns produtos, porem com relação ao mercado externo a empresa tem chances reais de crescimento e uma melhor competitividade.
4.5. Fornecedores
A BR Foods terá um papel importante e significativo para seus fornecedores, com a magnitude de produção que possui, movimenta grande parte da produção agrícola, a criação de animais, a indústria de máquinas e materiais diversos.
4.6. Consumidores
Os planos da Brasil Foods além de ser a maior empresa alimentícia têm a visão de expandir sua clientela tanto no nível nacional como internacional e assim pode oferecer seus produtos a um custo baixo por sua diversificação de linhas de produtos.
5. CONCLUSÃO
A fusão das empresas Perdigão e Sadia com intuito de criar uma empresa nacional com estrutura das grandes multinacionais, como é o caso da Brasil Foods mostra um processo de ganhos reais para todos que estão ligados direta ou indiretamente com o setor alimentício.
Apesar de a Sadia ter passado pela crise com um grande prejuízo e levado seu valor de mercado a cair expressivamente, levando seus dirigentes a vender a empresa para salvar parte do seu patrimônio, ela ainda possuiu uma das marcas mais fortes e conhecidas do mercado consumidor, o que é uma grande vantagem para Perdigão.
A estrutura que a Sadia possuía também era grandiosa e possibilitou a BR Foods nascer como uma líder de mercado, com possibilidades para competir internacionalmente e movimentar expressivamente a economia brasileira, devido a toda a cadeia produtiva que ela envolve.
Os fornecedores e consumidores são os mais privilegiados com a fusão, já que a BR Foods movimenta diversos fornecedores para sanar a demanda que de acordo com os dados mostrados cresce constantemente, graças ao poder de expansão para outros mercados internacionais, dando aos consumidores ganhos com preços mais acessíveis.
O grande obstáculo para a BRF é provavelmente o Governo brasileiro, mais especificamente o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que não aprovou ainda a fusão por completa, devido ao seu sistema de defesa da concorrência ter uma estrutura complexa para analisar se há deslealdade de concorrência tanto na esfera do mercado interno como no mercado externo, ele é o responsável pelos interesses dos concorrentes, porque a BRF se torna uma poderosa empresa que pode ditar regras de preço, espaço e demanda, fazendo que haja oscilação destes itens no mercado os concorrentes podem perde seus espaço e poder de competitividade.
Por tanto assim como o surgimento da Brasil Foods e outras empresas brasileira de grade porte mostram como o Brasil tem potencial para negócios e pode ser uma referencia de investimento para o mercado.
BIBLIOGRAFIA
Attuch, L., & Gantois, G. (2009). Briga de Galos. Isto é Dinheiro.
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Portal Exame. (2009). Sobre a Empresa Sadia/ Perdigão/ Brasil Foods/ Fusão da Sadigão. Acesso em 22 de setembro de 2010, disponível em Site da Copyright Editora Abril S/A: http://portalexame.abril.com.br/
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