Saber Negociar é Pré-requisito Para Gestão
Por Nilson Maranhao Moreira | 08/09/2008 | AdmSaber negociar é pré-requisito para gestão
Até o início dos anos
Mudanças na nossa concepção de organização (assumindo os conflitos internos
como inerentes ao sistema, considerando as divergências de interesses e
posições funcionais como legítimas) fizeram com que a habilidade de negociação
amplificasse sua utilidade.
Hoje, a possibilidade de chegar a convergências pactuadas entre partes foi transportada para o cotidiano da empresa, como um comportamento esperado de gestores de qualquer nível. Quer dizer, estruturas mais complexas, diversidade de públicos internos e externos e relações globalizadas foram alguns dos elementos que determinaram que gestores deveriam orquestrar as atividades de pessoas e de funções internas e externas, visando firmar acordos sólidos, solucionar conflitos, buscar convergências.
Dessa forma, a negociação ganha status de habilidade gerencial, igualando-se em importância ao planejamento e à gestão de pessoas. Pode-se dizer que a negociação tornou-se um pré-requisito ao aspirante de postos gerenciais, porque não se concebe o exercício da gestão sem a presença dessa habilidade.
Os erros mais comuns – Muito foi falado e escrito sobre como desenvolver
essa habilidade, agora, considerada gerencial: o acordo ganha, os estilos de
negociação que facilitam (ou dificultam), estratégias e táticas, etc. No
entanto, nunca é demais salientar a ocorrência de alguns erros básicos nos
processos de negociação que impedem o encontro de soluções adequadas. São elas:
1. Acreditar na argumentação, pura e simplesmente – É normal que
consideremos, durante um processo de negociação, que nossos argumentos são
poderosos e imbatíveis. No entanto, não é a nós mesmos que nossos argumentos
devem convencer, e sim ao nosso interlocutor. Mais ainda, para cada argumento
apresentado, o nosso interlocutor tem pelo menos dois para rebater, que ele
também acredita serem imbatíveis.
2. Pressionar o interlocutor ou subestimá-lo – Nesse caso, a questão é
muito simples, pois se imagina que pressionando o interlocutor ele cederá,
quando o efeito é exatamente o contrário: quanto mais pressionado maior sua
defesa e, portanto, maior a dificuldade de chegar a um acordo. Da mesma
maneira, acredita-se que o interlocutor não tenha argumentos, resistência nem
armas para nos pressionar.
3. Não estar disposto a ceder, não formar o nós – Pode-se comentar esse
erro através da própria definição de negociação: processo pelo qual as partes
se deslocam de suas posições, inicialmente divergentes, a um ponto em que
possam alcançar um acordo. Se vamos ou queremos negociar, precisamos abrir mão
de nossas posições para formar uma terceira, que não é a nossa nem a do nosso
interlocutor, mas uma posição em que o acordo seja confortável para os dois. Se
não temos essa atitude, estamos fazendo qualquer outra coisa, menos negociando.
4. Demonstrar triunfo ao final – Esse parece um erro básico e infantil,
no entanto ainda é muito freqüente. Óbvio, ninguém gosta de saber que foi
vencido ou que poderia ter saído do processo com algumas vantagens a mais. A
reação do interlocutor a esse comportamento pode ser a retomada do processo, e
o suposto final se transforma em um novo começo de discussão.
5. Participar sozinho de negociações complexas – Mais pessoas sempre
ajudam no momento das negociações complexas. Sempre nos sentimos mais fortes e
apoiados na presença de outros. Isso, algumas vezes, também faz com que nosso
interlocutor nos veja de outra maneira. No entanto, a fase de preparação e de
acertos entre os parceiros é fundamental. Cada um deve saber o que fazer, como
e quando fazer. Parceiros mal acertados podem significar fracassos na
negociação.
As dicas poderiam continuar, entretanto, a habilidade de negociar não se desenvolve
apenas com leituras, e muito menos através de dicas. O pretendente a
desenvolvê-la deve, antes de tudo, fazer um exame de auto-conhecimento e
levantar seus pontos reconhecidamente positivos e negativos em relação a essa
habilidade.
O processo de desenvolvimento acontece, fundamentalmente, através de workshops e seminários, em que a simulação e o feedback são a metodologia central do trabalho. Sem saber como cada um é durante a negociação e como faz para negociar, dificilmente é possível desenvolver adequadamente uma habilidade tão complexa.
Por fim, a leitura sempre apóia a aprendizagem, porém não pode ser considerada a peça central do processo de desenvolvimento.