Ruy Barata: A Poesia Paraense e o Ensino de Literatura no Ensino Médio

Por Maykon Willas Ferreira Fernandes | 17/09/2016 | Literatura

Maykon Willas Ferreira Fernandes[1]

[1] Graduado em Letras pela Faculdade de Itaituba, Pará.

Resumo

Este trabalho tem como objetivo de auxiliar as escolas de Ensino Médio a utilizar a poesia de forma adequada, visando explorar fatos gramaticais ou História da Literatura, considerando que os DCNEM e PCN, exigem que a escola trabalhe textos regionais, integrando os eixos de Gramática e Literatura, especialmente no Ensino Médio, a partir de textos práticos de autores regionais. Propõe-se o estudo do texto poético de Ruy Barata nas aulas de Língua Portuguesa e de Literatura, pois além de atender os PCN cumpre também seu papel de análise de fatos na Língua Portuguesa no Estado do Pará e, consequentemente, em Itaituba, atendendo ainda às exigências da Lei 93/94/96 de Diretrizes e Bases da Educação. Por isso, objetivou-se, através deste, apresentar um artigo sobre o ensino- aprendizagem de Língua Portuguesa e Literatura no Ensino Médio, com base nas poesias de Ruy Barata, e através das mesmas, revisando a Literatura do poeta, comparando suas poesias com os estilos literários, explorando os temas utilizados por ele, com outros compositores, analisando as características em suas poesias, com sugestões de como trabalhar essas poesias e composições no Ensino Médio.

Introdução

As estratégias utilizadas neste trabalho possuem natureza mista: quantitativas e qualitativas, através de um questionário fechado com alunos sobre a obra de Ruy e entrevista com professores do Ensino Médio, terá ainda como público alvo, alunos e professores do Ensino Médio, bem como acadêmicos do Curso de Letras. Para a elaboração do mesmo foi necessário o uso de livros didáticos, apostilas, textos da internet, pesquisa de campo e questionário aberto aos professores da área de Língua Portuguesa e de Literatura. Neste estudo, recomenda-se a análise da poesia paraense de Ruy Barata a ser utilizada nas aulas de Metodologia e Prática do Ensino de Língua Portuguesa, a qual contribuirá para construir um conjunto de estratégias para ensinar Literatura, além de incluir no elenco de leituras didáticas as poesias de Barata. Partindo de princípios definidos na LDB, o Ministério da Educação, num trabalho conjunto com educadores de todo o País, chegou a um novo perfil para o currículo, apoiado em competências básicas para a inserção de nossos jovens na vida adulta. Tínhamos um ensino descontextualizado, compartimentalizado e baseado no acúmulo de informações. Ao contrário disso, buscamos dar significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização; evitando a compartimentalização, explorando texto através da interdisciplinaridade e incentivando o raciocínio e a capacidade de aprender.

A disciplina na LDB nº 5.692/71 vinha dicotomizada em Língua e Literatura, com ênfase na Literatura Brasileira. A divisão repercutiu na organização curricular: a separação entre gramática, estudos literários e redação. Os livros didáticos, em geral, e mesmo os vestibulares reproduziram o modelo de divisão. Muitas escolas mantêm professores especialistas para cada tema e há até mesmo duas especificas: Leitura e Literatura, Estudos Gramaticais e Produção de Textos, como se não tivessem relação entre si. Nota-se que o problema está em como ensiná-las em razão do ato comunicativo. A gramática normativa extrapola em muito o conjunto de frases justapostas deslocadas do texto, priorizando conceitos irracionais sem que haja a interação locutor e interlocutor. A forma mais viável para a promoção da construção e desenvolvimento dá-se a partir da contínua verbalização como meio expressivo e comunicativo torna-se o aprender a aprender, sustenta escolhas, defende opiniões e a formação do processo cognitivo no jogo dialógico do “eu e você”, isto porque é através da oralização que professor/aluno terão um processo internacionalista construtivista.

1 Fundamentação Teórica

.   Na perspectiva da nova Lei, o Ensino Médio, como parte da educação escolar, “deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social” (Art.1º § 2º da Lei nº 9.394/96). Essa vinculação é orgânica e deve abranger toda a prática educativa escolar. Em suma, a Lei estabelece uma perspectiva para esse nível de ensino que integra, numa mesma e única modalidade, finalidades até então dissociadas, para oferecer, de forma articulada, uma educação equilibrada, com funções equivalentes para todos os educandos:

É no contexto da Educação Básica que a Lei nº 9.394/96 determina a construção dos currículos, no Ensino Fundamental e Médio, “com uma Base Nacional Comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela” (Art. 26).

Para tanto, se faz necessária uma reflexão curricular que oriente o Ensino Médio no seu sistema, ressignificando-o, sem impedir, entretanto, a flexibilidade da manifestação dos projetos curriculares das escolas. Assim, o ensino das particularidades regionais se faz intrinsecamente indispensável para inter-relação da cultura local e suas derivadas manifestações com os indivíduos construtores da mesma. No entanto, torna-se evidente que tais demandas curriculares não condizem com o contexto atual dos métodos de ensino das escolas, uma vez que os próprios livros didáticos não se concretizam com tais ações, “as particularidades regionais”, tais como: música, dança, literatura e os autores regionais, de modo geral, são esquecidos. Cabe ressaltar também a falta de complacência por parte dos professores por não cobrarem por parte das secretarias e direções escolares a incrementação das artes nos currículos, pautando ainda a importância e valorização da cultura local.

Os conteúdos de literatura do Ensino Médio (DCNEM), foram incorporados ao estudo da linguagem com o objetivo de dar autonomia aos princípios da disciplina que exige um espaço dialógico. Mesmo que a Literatura seja um modo discursivo entre vários, tais como: Jornalístico, Científico, Coloquial, Literário, Poético, este último, difere dos outros pela sua construção pragmática, que garante ao participante o jogo da Literatura Literária com exercício da liberdade a quem pode levar as varias possibilidades da língua. Por isso, a Literatura sensibiliza o homem e por isso muitas vezes não é considerado como disciplina curricular ou simplesmente estratégia para o professor passar o tempo. ( FERREIRA, ...).

De acordo com Cereja (2005) é preciso reaver a prática escolar e redefinir o papel do ensino de Literatura na disciplina de Língua Portuguesa, pois o ensino de Literatura no Ensino Médio não tem alcançado os objetivos essenciais a que foram propostos, nas últimas Orientações Curriculares Nacionais do Ensino Médio (DCNEM, 2006), e nas discussões geradas em obras de pesquisadores como Regina Zilbermann (2009) e Marisa Lajolo (1982).

No entanto, sabe-se que existe a necessidade de formar leitores competentes de textos literários e não literários, e consolidar os hábitos de leitura para formação de leitores críticos. O processo de Ensino de Literatura no Ensino Médio hoje, não estimula o jovem estudante ao hábito da leitura, isso porque a disciplina de Literatura prioriza o estudo da História da Literatura ou trabalha o foco de uma leitura “artificial”, de fragmentos de obras literárias, sem haver nenhuma investigação das possíveis leituras permitidas pelo texto, não dando a oportunidade e permissão para que o aluno exponha uma opinião do que está sendo discutido e, possivelmente, sugerido pelo texto. Dessa maneira, refletindo sobre o papel da leitura na escola e a importância da formação do estudante como leitor, o professor torna-se peça fundamental para estimular a capacidade discente de interagir com o conhecimento de forma autônoma, que beneficiará o aluno como cumprimento do papel de cidadão. Na maioria das vezes, quando acontece, as aulas são ministradas no método exigente da memorização de uma quantidade grande de informações literárias, decorando as escolas, períodos, autores e dados biográficos. Tudo isso se transforma em um insistente confronto do aluno com as obras literárias, que pertence a uma realidade totalmente diferente e que acaba transformando a obra literária em um mero objeto de estudo, por isso que os alunos reclamam das aulas de Literatura, pois eles veem a disciplina como trabalho/matéria disciplinar inútil.

A principal função da Literatura é de proporcionar prazer e de apresentar/representar a realidade ao leitor. Entretanto, também é através da linguagem literária, que é proporcionado aos leitores o encontro entre os diversos fatores de cultura como a transmissão de informações e comportamentos; e, além disso, causar sensações, emoções, e rejeições, atuando na educação e formação do homem como ser social, promovendo deste modo a aquisição do conhecimento, possibilitando o reconhecimento à realidade em que vive representada no mundo ficcional, ajudando o homem a entender tanto seus conflitos como os que a sociedade lhe impõe.

[...]

Artigo completo: